ERA ESTRANHO ESTAR no Texas novamente. Eu mal me lembrava de como aquele lugar cheirava.
Mas eu sabia que havia nascido ali, naquela mesma cidade em que estava agora, com aquele mesmo fedor que vinha das grandes fábricas para poluir as pequenas casas, com aquelas casas desgastadas e pessoas pouco receptivas.
Minha mãe me disse que eu nasci no hospital de Garland e nós moramos poucos meses nas casas dos pais dela e após isso, ela terminou a faculdade de Medicina e conseguiu comprar uma casa em Vermont para morarmos. Acho que ela também odiava o Texas.
Mas aquela não era a rua da casa dos meus avós, eu conseguia lembrar dos gnomos de jardim ao redor da casa, meus avós sempre faziam o possível para eu não tocar em nada, era horrível. Acho que esse também foi um motivo para eu não ter ido com a minha mãe na viagem.
Andei um passo, tropeçando no asfalto rachado. Olhei para cima e encarei as enormes nuvens escuras paradas no azul-acinzentado, anunciando uma tempestade horrível.
Olhei para a casa a minha frente, era uma construção brilhante e chique, havia um jardim limpo e colorido ao redor da casa, fazendo ela parecer feliz e deslocada ao lado das outras casas lúgubres. A única coisa que não combinava nada com a casa era uma moto preta velha, sem pneus e jogada de qualquer jeito no jardim.
Senti que aquela era a casa de Cassie, mas não consegui entender. Nós moramos na mesma cidadezinha por algum tempo e nunca sequer nos vimos uma única vez?
É claro que isso podia acontecer, mas Garland era realmente muito, muito, pequena, a maioria das pessoas conheciam uns aos outros.
Decidi parar de pensar nisso e andei até a soleira da casa, que por sinal, era bem convidativa, havia até uma placa azul na frente da casa, com os dizeres: “Dave Holt – Promotor”.
É, eu sei. Uau.
Antes que eu levasse meus dedos a maçaneta, a porta se abriu e eu dei de cara com um homem de cabelo grisalho bem arrumado, enfiado em um terno preto.
Pulei de susto para o lado para não colidir com ele, mas o homem não parecia sequer ter me visto. Ele virou a cabeça para trás, seu pescoço estava vermelho, seus olhos azuis faiscando.
— Você sabe que eu estou certo! — ele gritou para dentro e saiu, batendo a porta com força, os passos fundos ressoando no piso de linóleo.
O homem entrou em um carro e sumiu de vista. Fiquei sem fôlego, tirando a cor dos olhos, Cassie não parecia nada com o pai.
Puxei a maçaneta e entrei na casa, eu estava me sentindo como um fantasma, o que, de certa forma, eu era mesmo.
A casa dos Holt era incrivelmente chique e com certeza fazia a nossa em Vermont parecer a Casa Monstro.
Eles tinham armários de madeira brilhante com taças e pratos também brilhantes no interior, diversas fotografias, troféus e recortes de jornais ocupavam as paredes de entrada. Segundo os recortes de jornais, o pai de Cassie parecia ter uma vida pública incrível.
Passei alguns segundos olhando para um troféu de honra e sei-lá-mais-o-que, até ver uma mulher aparecer no corredor e vir na minha direção. Ela olhou ao redor, checando se ainda havia alguém na casa.
Seus cabelos eram escuros como a noite, mas parecia haver algum problema com seu rosto, ele era borrado. Por um momento, pensei que minha visão estivesse ficando ruim, forcei os olhos em sua direção, mas seu rosto continuava desfocado e eu não conseguia encarar por muito tempo. A mulher vestia um vestido estampado por flores negras e aí, eu finalmente notei a garotinha segurando sua mão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Flecha do Destino (PJO/HDO)
Fiksi PenggemarCharlie era um semideus e ele já sabia disso o tempo todo. Não teve tempo para drama semideusístico. Então, ele teve que fugir. A feiticeira prometeu ajudar a resolver o seu problema e ele acreditou. Mesmo que Circe não fosse uma heroína. Mas, Charl...