ASSIM QUE A minha mãe desligou, apertei o celular nas mãos, me levantando.
Saí da xícara, vendo a garotinha de antes parar de chorar quando o pai comprou um enorme urso de pelúcia para ela.
Comecei a andar por Coney Island, chutando pedras, enquanto passava por brinquedos e pessoas bem vestidas.
Por um tempo, imaginei como seria voltar para a minha antiga casa. Minha mãe me receberia muito bem no início, claro.
Olhei para as minhas mãos.
Mas eu tinha uma maldição. Não poderia voltar... eu só complicaria a vida dela. Eu sempre fiz isso e não iria fazer novamente.
Lembrei de quando ela foi embora e eu me senti sozinho naquela casa, porém fui salvo por Circe. Ela fez um acordo comigo. Eu devia minha vida a ela.
Lembrei também dos sátiros que apareciam quando eu fiz doze anos, eles estavam prontos para me levar para o acampamento, mas meu pai sempre os afastava. Tânatos dizia que "ainda não era a minha hora". Sei lá o que aquilo queria dizer. Ele só deixou um se aproximar quando eu tinha quatorze anos, foi quando minha mãe viajou.
Eu nunca entendi o que ele queria comigo. Se aquilo fosse a forma dele de me proteger era bastante estranha.
Me sentei em um dos bancos da praia de Coney Island. Eu fazia muito isso. Sentava em certo lugar e analisava tudo o que havia ali, era interessante. Fiquei olhando para o mar, para as ondas que quebravam depois de algum tempo, para a espuma na areia, para o céu azul-escuro e como tudo estava muito bonito daquele jeito. Depois eu observava as pessoas e tentava interpretar o que elas falavam e pensavam.
Vi um cara em uma casa de praia, perto de uma churrasqueira. Atrás dele, havia um garoto sentado em uma daquelas mesas de piquenique.
"E o senhor disse: queimarás teu primogênito e oferecerás como sacrifício."
"Com quem você tá falando, pai?"
"Ninguém, filho. Agora, debruce sobre a grelha e veja se o fogo acendeu. Mais perto... mais perto..."
Balancei a cabeça, achando aquilo mórbido demais e voltei a olhar para outras pessoas.
Havia uma garota loira, saindo de uma lanchonete. Ela estava com várias amigas ao seu redor, elas riam e pareciam se divertir com alguma coisa. Ela usava um casaco marrom e uma calça azul.
Notei como as sardas em seu rosto se alargavam quando ela sorria para as amigas e que parecia muito a vontade com aquelas garotas. Estavam todas tão felizes.
Vi ela olhar para dentro da lanchonete e apontar para alguém, logo em seguida puxou algo de seu bolso. Ela tirou um cigarro e o colocou em sua boca, acendendo-o.
Uma amiga dela contou algo para ela e elas gargalharam juntas. Mortais são tão inocentes, essa é a mais pura verdade.
Virei a cabeça quando ela me viu entre as amigas. Encarei ela apenas por alguns segundos e desviei os olhos. Me deitei no banco em que estava e apenas admirei o céu enorme e infinito.
Observei por tanto tempo que quando olhei ao redor e depois para o céu novamente, imaginei que já estava de madrugada, pelo seu tom mais escuro.
Não sabia quanto tempo havia se passado, mas quando olhei para o lado quase pulei de susto.
A leoa enorme, com o pêlo brilhando, estava de volta me encarando, como se admirasse seu próximo aperitivo.
Obviamente aquilo era coisa de Circe, eu só queria saber o que ela queria agora.
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Flecha do Destino (PJO/HDO)
FanfictionCharlie era um semideus e ele já sabia disso o tempo todo. Não teve tempo para drama semideusístico. Então, ele teve que fugir. A feiticeira prometeu ajudar a resolver o seu problema e ele acreditou. Mesmo que Circe não fosse uma heroína. Mas, Charl...