CHARLIE— 1943 — SEA
No terceiro dia dentro do navio eu tentava salvar na minha mente o maior número de informações possíveis, não me permitiram trazer uma câmera então o máximo que tenho são minhas memórias e palavras, o trajeto havia mudado e estavam a caminho de uma pequena cidade na França encurralada por nazistas.
Os soldados quando entediados viam em mim uma ótima forma pra passar o tempo: enchendo minha paciência, mas até que eu estava tirando de letra, menos com Alex, eu poderia ter boas respostas, mas ele parecia gostar quando soava cruel e isso me incomodava da mesma forma que me fazia querer saber mais sobre ele.
Quando estava comendo uma maçã pensando em algo que poderia começar a escrever pude ouvir os barulhos e logo encontrei Alex apoiado entornando uma garrafa.
— Por que você bebe tanto?
— Não tente usar esse seu joguinho contra mim — me encarou — não vai rolar.
— Só estou tentando conversar com você, de todos é o que parece menos gostar de mim.
— Não gosto de jornalistas.
— Por que?
— Jornalistas falam muito "por que?" — Afinou a voz pra me imitar — e meu pai era um, isso ajuda bastante.
Me calei por alguns segundos ainda o encarando, ele parecia uma mistura de confusão, piadas idiotas e sorrisos cínicos, realmente longe do príncipe encantado que minha mãe dizia que eu poderia arrumar um dia.
— Sabe, não somos todos iguais, Alex — Dei de ombros — mas já que seu passatempo é ficar bêbado e me odiar, tudo bem. — tentei dramatizar pra ver sua reação
Ele soltou uma risada não ligando pro meu drama e esticou sua garrafa na minha direção acabei aceitando e bebi um gole, mas cuspi em seguida.
— Por acaso você começou a beber gasolina? — Devolvi no mesmo momento
— Já notei que você é sensacionalista... Mas me tira uma dúvida, jornalistas também gostam de sexo casual?
Novamente ele tinha me feito corar, logo quando vi seu sorriso alargar notei que ele adorava me irritar com esses assuntos.
— Você fica tão nervosa, é divertido.
— Não sei porque ainda falo com você.
— Qual é, eu sou o único daqui que ainda escova os dentes, é óbvio.
Então ele conseguiu me fazer rir, era uma montanha russa de merda ficar ao seu lado, antes que eu me levantasse ele segurou meu braço me fazendo cair ao seu lado.
— Seu idiota!
— Shh...
Olhei para o lado vendo algumas luzes e notei que um navio passava ao nosso lado, mas assim que vimos a bandeira britânica soltamos um suspiro aliviado.
— Parece que você não quer a jornalista morta, uh?
Foi a minha vez de sorrir e ele desviar o olhar colando a garrafa nos lábios novamente.
Assim que consegui me levantar fui até Joe que tentava tirar uma mancha de suco da camisa, logo peguei na cozinha um vinagre e passei na sua frente tirando a mancha facilmente.
— Já pode casar, jornalista. — Ele sorriu
— Eu te ajudei, não deveria me desejar o mal.
Uma risada saiu dele e me virei sendo fuzilada por uma das enfermeiras, talvez eu estivesse atrapalhando alguma coisa ou gastei vinagre em vão.
— Ela é minha ex mulher — Joe explicou — o destino é um grande filho da puta.
A primeira coisa que fiz foi anotar a história acima de tudo uma boa fofoca sempre atrai leitores.
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MERCY
FanfictionUma operação britânica na segunda guerra mundial acaba saindo completamente do planejado e tudo isso acontece aos olhos de uma repórter que descobre a verdade nos soldados e se apaixona pelo pior deles. [História concluída] Copyr...