CHARLIE— 1943 — DUNKIRK
Eu acordei naquele pequeno quarto de pensão amontoado de enfermeiras e quando saí pude escutar alguns barulhos, assim que olhei pra uma fresta pude ver Alex com uma garota em uma situação... Inapropriada, ele descia suas mãos pelo corpo nu e pálido da loira que mordia o lábio inferior suprimindo os próprios sons, assim que seus olhos verdes encontraram os meus saí dali o mais rápido que pude e caminhei até a mesa de café onde uma senhora enchia as canecas de café, assim que me avistou me lançou um sorriso terno e pegou outra xícara.
— Você é a garota das calças não é? Já estão secas.
— Obrigada — Sussurrei — realmente não fico muito confortável debaixo desse monte de pano no vestido.
Ela deu uma risada e eu esquentei a garganta com seu café.
— Parece que você sobreviveu jornalista. — Paul sentava-se do meu lado
— As vezes nem eu acredito... Você se machucou muito?
— Só meu braço, mas teve um número considerável de abatidos... Meu primo machucou o rosto, está em observação.
— Ele vai melhorar — Pousei a mão em seu ombro
— Fico feliz que tenha alguém e não precise ficar me atrapalhando. — Escutei Alex passando por nós.
— Do que está falando? — Paul perguntou
— Nada, só que nossa jornalista gosta de saber até demais.
Seu semblante era sério e eu apenas tirei minhas mãos de Paul e voltei a tomar meu café antes que esfriasse.
Quando terminei fui até os fundos colocando minhas calças e ao escutar um barulho me apressei e me virei tendo que encarar os olhos verdes de novo.
— Belas pernas — Ele falou enquanto mexia nas roupas procurando a dele
Antes que eu saísse, Alex parou o que estava fazendo pra segurar meu braço.
— Você me atrapalhou mais cedo... Aquilo também vai pro seu artigo?
— Por Deus... Não — Tentei me soltar — o que você faz no seu pessoal não é problema meu, por que está tão nervoso?
Ele continuou me encarando pensativo e trouxe meu corpo pra perto do seu.
— Você estragou as coisas, muito obrigado — Agradeceu cínico
— A culpa não é minha.
— Não, Charlie — Ele sorriu — não é sua, mas também não podia perder a oportunidade de ter ver corada pra animar meu dia.
O empurrei saindo em passos pesados, eu estava nervosa porque ele era um babaca, mas meus pelos ainda estavam arrepiados por tê-lo tão perto.
Uma música começou e eu caminhei vendo alguns soldados tocando violão aproveitando o tempo vago, Paul me puxou pra dançar e eu mesmo envergonhada dei o braço a torcer deixando que ele me guiasse, fui rodopiada e encarei Alex encostado no canto com sua cerveja nos encarando.
— Acho que Alex queria estar no meu lugar. — Paul sussurrou pra mim
— Não fala besteira.
— Tenho sorte que ele não tem uma arma agora.
Acabei rindo e ele me girou novamente, Paul com certeza estaria nos melhores textos, ele merecia tudo de bom por fazer todos sorrirem no meio daquele momento, era o perfeito soldado, mas assim que me virei vendo novamente Alex, me perguntei o que faria com ele, como eu poderia sonhar da tamanha confusão que me reservava.
Quando trouxeram alguns petiscos me animei finalmente comendo e me afastei caminhando um pouco pela cidade, quando voltei a pensão a garota de antes estava no colo de Alex, mas assim que entrei no lugar ele me encarou fixamente e eu apenas subi as escadas o mais rápido que pude, eu odiava a forma que ele me olhava divertido.
— Tudo bem, Charlie?
Assim que ergui o olhar vi uma das enfermeiras, Lilian, a mais nova delas sentando-se ao meu lado no colchão.
— Sim, só tem algumas coisas que são estranhas.
— Deveria ficar feliz que estamos bem e eu vi você dançando com o Paul, cuidado com esses soldados, não são o tipo pra se encantar
— Não, só faço amizade — A encarei — mas por que acha isso?
— Como vai confiar numa pessoa que trabalha pra matar?
Engoli em seco assentindo, na mesma hora lembrando o que Alex havia feito com Kellan, eu sei que ele estava usando a razão, mas parecia que havia um egoísmo nas suas ações.
E eu sei, estou pensando nele bem mais do que deveria, já quebrando a regra de Lilian.
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valeu pelos votos e comentários, acabei de começar e tô muito animada com a fic aaaa

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MERCY
FanfictionUma operação britânica na segunda guerra mundial acaba saindo completamente do planejado e tudo isso acontece aos olhos de uma repórter que descobre a verdade nos soldados e se apaixona pelo pior deles. [História concluída] Copyr...