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ALEX  — 1945 — ENGLAND

Enquanto eu relia aquela carta novamente depois de quase semanas tendo a achado tentando arrumar coragem dentro de mim, o rádio estava falhando com a voz desestabilizada do locutor, quando finalmente consegui arrumar, pude escutar finalmente com atenção, os nazistas foram derrotados pela Rússia, senti meus olhos encheram de lágrimas, que para um bom entendedor isso foi a cova para a guerra.

A guerra que havia me dado tudo e também tirado, tão rápido que era difícil de lembrar.

Só que agora eu lembrava de Charlie e sentia meu estômago revirar, junto com um nó na garganta como se o sentimento esquecido, apenas estivesse escondido em algum lugar de mim e agora simplesmente floresceu.

Finalmente decidi sair daquele quarto com endereço dela em mãos, enquanto andava pudia me lembrar dela me arrastando por essas ruas e quando os fogos brilhavam no céu, sentia como se estivesse no ano novo de 1944, a exata noite que pelo menos pra mim admiti que estava complementamente louco por ela.

A porta da casa estava entreaberta, assim que entrei com passos cautelosos pude sentir uma nostalgia boa e ao mesmo tempo dolorosa, mas tudo parecia o mesmo, como se aquele lugar tivesse parado no tempo, apenas me esperando voltar pra continuar.

— A... Alex?

Me virei na direção da voz, era ela, parecia tão assustada e diferente da garota que vinha nas minhas lembranças, cheia de determinação e boa intenções, assim que me aproximei, ela deu um passo pra trás ainda desconfiada, acabei sorrindo parando na sua frente e finalmente tocando seu rosto, aos poucos ela fechou os olhos deixando as lágrimas caírem e me abraçou.

— Não pode ser verdade — Ela sussurrou — Você... Está vivo... — Ela me encarou logo tocando meu rosto em seguida

— Bem eu espero que eu esteja, não lembro de ter morrido.

— Seu... — Ela riu ainda tentando encontrar as palavras naquele turbilhão de emoções — esperei tanto por você, só queria...

Parei suas palavras juntando nossos lábios, era como se eu me sentisse completo, afundei minha mão entre seus cabelos colando seu corpo ao meu e pude notar seu sorriso sutil enquanto me beijava, Charlie assim como eu sentia o mesmo, como se estivéssemos tirando a poeira de uma boa lembrança.

— Eu senti sua falta... — Ela sussurrou — todos os dias.

— Eu estou bem aqui, de volta pra você.

O sorriso dela se alargou e logo me puxou pela gola voltando a me beijar, o tempo não parecia ter afetado a nossa ligação, suas pernas se entrelaçaram na minha cintura e logo nossos corpos estavam no sofá, tirando as roupas apressadamente enquanto tentavamos fazer isso sem nos desgrudar por um segundo, como se tivéssemos medo de sermos separados sem aviso prévio novamente.

Logo era marcada por mim e eu poderia beijar cada centímetro da sua pele afim de recuperar o tempo perdido, suas mãos delicadas me tocavam como se ela também tivesse a mesma intenção, a voz aveludada falava meu nome baixo quase pedinte e eu poderia olhar dentro dos seus olhos castanhos por um longo tempo, apenas vendo todos os sentimentos dela aflorando aos poucos, era tudo real, seus beijos, gemidos e suspiros, por um momento me amaldiçoei por ter me deixado esquecer durante certo tempo sobre ela, apenas com um tratamento de choque pra esquecer Charlie, porque apenas meus primeiros segundos ao revê-la já eram inesquecíveis.

Suas unhas arranhavam minhas costas, assim como minhas mãos seguravam em suas coxas e meus lábios deslizavam pelos seus seios até o pescoço, onde pudia sentir seu perfume e ver sua pele se arrepiando ao meu toque com suas palavras quase inaudíveis “nunca mais vá embora”.

*

O corpo de Charlie estava por cima do meu enquanto eu deslizava a mão pelas suas costas vagarosamente, ela parecia entretida em escutar meus batimentos e contornar minhas tatuagens, estávamos em um completo silêncio e mesmo assim isso significava muito.

— Você perdeu tanta coisa, Alex... — Ela se apoiou no meu peito pra me encarar — o que aconteceu com você?

— Os ingleses disseram que venceram, mas não mencionam que deixaram os reféns pra trás — Soltei um suspiro incomodado — fiquei durante um bom tempo desacordado e quando alguns soldados que agem contra o nazismo da Áustria nos resgataram, eu mal lembrava meu nome.

Ela continuou me olhando, como se pudesse entender minha dor e não surpreenderia se de fato entendesse.

— Achei que tinha te perdido e você iria embora da pior forma, me deixando curiosa — Bufou — como teve coragem de não terminar a carta?

— Ah, minha caneta acabou e eu precisava mandar a carta.

— E o que você diria no final?

— Que eu te amo.

Aos poucos ela sorriu e selou nossos lábios novamente, se aconchegando em meu pescoço enquanto eu abraçava seu corpo.

— Você precisa conhecer alguém, ela é uma pessoa bem complicada e brava, mas tenho certeza que vai te adorar.

— Bem se eu consegui convencer a garota mais complicada a se apaixonar por mim, posso fazer essa pessoa me adorar.

Ela riu e eu poderia escutar o som da sua risada o dia inteiro, Charlie me beijou calmamente e depois olhou em meus olhos por um longo tempo, deslizou os dedos entre meus cabelos e encontrou minha cicatriz.

— Não vou deixar isso passar, eles me disseram que você estava desaparecido.

— Tem muitas mentiras no meio dessa guerra, Charlie.

— Mas eu não vou deixar essa continuar, prometo.

Não escondi o sorriso quando notei que ela era a mesma e não havia tudo sido um sonho da garota que eu conheci em Dunkirk.

Quando escutei um choro, a encarei confuso, logo Charlie se levantava colocando seu vestido e me apressando pra fazer o mesmo com as minhas roupas, assim que vesti minha calça, ela me puxou para o quarto e pude escutar o choro alto que só foi cessado quando a pequena garota estava nos braços de Charlie.

— Você... Tem uma filha?

— Não, Alex — me encarou — nós temos uma filha.

O mundo parecia ter parado e eu nunca odiei tanto a guerra como agora, por ter tirado isso de mim, estava estático sem saber o que fazer, mas logo Charlie se aproximou e a garota me encarava com os olhos claros e arregalados parecendo curiosa. Ainda sem jeito, a peguei nos braços, logo ela voltava a chorar e Charlie riu se aproximando lhe arrumando no meu colo.

— Você acaba pegando o jeito. — Ela me encarou e sorriu — o nome dela é Hope Jones... A sua irmã me ajudou a dar seu sobrenome.

Eu tinha muitas perguntas sobre todos, mas Hope havia me deixado mudo, apenas conseguia olhar pra ela, naquele momento me senti como alguém pela primeira vez, muito maior que um soldado, bem melhor do que segurando qualquer arma.

— Eu deveria estar aqui com você todo esse tempo.

— Você está aqui agora.

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pensei em prolongar o tempo q eles estão longe mas o cap ficou chato, então decidi fazer esse encontro logo, desculpa algum errinho as vezes arrumo e o wattpad n salva :(((

TALVEZ A FIC ACABE NO CAP 30, AINDA NAO SEI ❤️❤️ ALL THE LOVE

MERCYOnde histórias criam vida. Descubra agora