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CHARLIE— 1943 — DUNKIRK

Quando acordei os soldados estavam alvoraçados, pelo que eu escutei havia uma ameaça se aproximando ao oeste, simpatizantes de nazistas, talvez chegassem  a qualquer momento da noite.

Tentei não pensar nisso e continuar com as anotações, agora novas porque eu havia perdido as antigas no navio.

Momento hostil, vocês jornalistas precisam enfeitar as palavras, não é?

Me virei vendo Alex lendo minhas anotações, revirei os olhos tentando ignora-lo, mas os papéis foram retirados da minha mão.

— Tem como me deixar em paz?

— Não. — Ele sorriu — quando vai escrever sobre mim?

— Como vou escrever se você não me diz nada?

— E o que posso dizer?

Eu acabei erguendo uma sobrancelha sem entender a sua simpatia repentina, peguei o papel de suas mãos e li uma das perguntas que preparei.

— Como se sente quando tem uma arma na mão?

— Eu sinto tudo, mas tento meu máximo não sentir nada.

— Já atirou em alguém fora da guerra?

— Sim...

— E a sensação?

— Foi bom. — Deu de ombros — por que não me pergunta minha marca de gel favorita?

Acabei sorrindo abaixando as folhas pra encara-lo, quantos Alex havia dentro dele?

— Já passou a raiva de mim?

— Nunca vai passar. — Ele sorriu — mas agora é minha vez de perguntar: por que fica tão nervosa quando falo sobre sexo com você?

— Ah, eu só... não estou acostumada a alguém falar disso assim... tão naturalmente. — Desviei o olhar

— Você fica uma graça corada — escutei sua risada — eu gosto disso, Charlie.

— Parece que você aprendeu meu nome, estou orgulhosa.

Assim que voltei a olhá-lo ele tinha um sorriso de lado, maldito sedutor barato, poderia olhar sua expressão por horas, mas escolhi levantar.

— Te vi andando pela cidade, conheceu algum lugar legal?

— Tem um restaurante bem interessante e um costureiro simpático.

Alex pediu pra que eu o levasse até o pequeno restaurante, o legal é que todos iriam oferecer um banquete de graça porque apenas a farda parecia significar que ele era um "bom homem".

— O que aconteceu pra minha companhia ser a melhor pra você agora?

— Eu sabia que ia ficar desconfiada... Só queria conhecer um lugar diferente.

Acabei me rendendo quando fomos servidos, era com certeza a melhor refeição que tínhamos em dias, mal chegamos a nos provocar de tanto que aproveitamos aquela comida que infelizmente durou pouco.

Quando caminhávamos em silêncio e satisfeitos pela rua estreita de volta a pensão, ele apenas soltou um suspiro olhando em volta enquanto eu tentava meu máximo não encara-lo demais.

— Eu vou ficar perto da linha de frente caso tenha algum ataque. — ele desabafou rapidamente

— Vocês estão com pouco armamento.

— Obrigado pelo apoio — Agradeceu irônico

— Eu espero que você volte, Alex.

Eu não falava aquilo olhando diretamente pra ele, mas de surpresa senti meu corpo contra o concreto frio daquela rua vazia, um de seus braços me cercava e minha única alternativa era erguer o olhar até seus olhos.

— Você sabe que eu posso morrer, não espere nada de mim.

— E-Eu só estava tentando ser positiva.

Seu rosto ficou mais próximo e seu olhar desceu até meus lábios, eu simplesmente estava encurralada contra a parede e quando ele se aproximou mais um pouco soltei uma respiração pesada que o fez sorrir.

— Paul já fez isso com você? Ou ele é tão babaca que está esperando ainda?

— Ele é meu amigo, Alex... Deveria fazer isso com a sua amiga da pensão.

— Mas eu estou aqui com você, acho que isso significa algo, não é?

— E o que significa?

Ele novamente sorriu e levou sua mão até meu rosto voltando a encarar meus olhos diretamente.

— Que eu quero um espaço maior que o dele no seu artigo.

Na mesma hora o empurrei e sai andando na frente ainda escutando sua risada logo atrás de mim, ele correu pra me alcançar e ainda tinha aquele ar vitorioso, enquanto eu queria me bater por ter sido tão idiota.

— É só uma brincadeira, deveria ter mais senso de humor.

— Tem como calar a merda da boca?

— Oh, então vamos falar palavrões agora? Eu sei uns muito bons.

— Pode ter certeza que se eu escrever algo sobre você e vai se arrepender de ter só olhado pra mim!

— Se eu sair vivo daqui, um jornal é a última coisa que vou me importar.

Bufei finalmente chegando a pensão, assim que ultrapassamos a porta juntos recebemos os olhares do saguão, mas eu apenas subi as escadas e enquanto escutava as ordens do general da minha janela.

— Vamos até eles pra evitar trazer o combate ao centro, entendido?

Todos perfeitamente alinhados concordaram, assim que desci as escadas vendo a movimentação para seguirem até o o oeste, encontrei Paul e sem avisos o abracei.

— Boa sorte — Sussurrei

— Eu com certeza vou precisar — Ele me encarou e sorriu — pode ficar de olho no meu primo?

— Claro, prometo que vou visita-lo.

— Espero que contratem vocês dois pra um filme dramático depois disso.

Olhei para o lado vendo Alex terminar de arrumar a própria roupa, Paul foi chamado e seguiu com um dos oficiais, antes que eu me afastasse meu nome foi chamado e eu tive que encarar seus olhos mais uma vez.

— Ele podem seguir pra cidade. — Me entregou uma arma — não tente bancar a heroína, é só se esconder e atirar em quem se aproximar.

— Eu não sei atirar, Alex...

— Destrava, mira e atira — Mostrou — não tem erro.

Assim que peguei a arma de suas mãos, antes de se afastar a segurei e ele ergueu o olhar pra mim parando tudo que estava fazendo.

— Boa sorte pra você também.

Ele sorriu de lado, colocando seu capacete e eu finalmente me afastei.

— Esse seu coração mole vai te machucar muito, Charlie...

Isso me resumiria bem, palavras duras e coração mole, quando o vi se afastar e me dar um último olhar senti todo meu corpo estremecer, estava com medo de não vê-lo novamente.

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olá, aaa valeu pra quem comenta e vota tô mt felizinha escrevendo essa fic e tenho ansiedade entao posto assim q escrevo, não consigo segurar haha

MERCYOnde histórias criam vida. Descubra agora