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ALEX — 1945 — ENGLAND


O choro incessante foi a primeira coisa que escutei assim que acordei, passei as mãos no rosto e olhei pra janela vendo que ainda estava de noite, provavelmente madrugada, logo ao lado Charlie andava de um lado para o outro com a Hope no colo, me levantei tentando entender o que estava acontecendo e ela ergueu o olhar pra mim. 

— Acho que é febre— Explicou— eu... não sei, estou preocupada. 

Assenti e fui até o banheiro pegando uma toalha pousando na testa de Hope que apenas fungava, Charlie se sentou ainda tomada pela apreensão, me esqueci completamente da discussão passada, mas aos poucos a pequena se aconchegava voltando a dormir, depois foi colocada no berço, mas ela continuava ali sem nem ao menos piscar, soltei um suspiro e passei o braço pela sua cintura finalmente tendo sua atenção.

— Não pode ficar em pé a noite toda.

— Até parece que você não me conhece, se eu quiser fico aqui a noite e o dia seguinte também. 

— Hope é um bebê, essas coisas acontecem— Tirei o cabelo do seu rosto— vai ficar cansada atoa. 

— E... Você ainda está magoado? 

Movimentei a cabeça em negação e segurei seu rosto pra selar nossos lábios, aos poucos ela abraçou minha cintura e se aconchegou contra mim. 

— Eu só fiquei nervosa com aquele assunto, nunca vou esperar o pior de você. 

— Pelo jeito que falava parecia o contrário. 

— Se eu esperasse o pior de você teria te afastado na primeira oportunidade que tive— Me encarou— mas a única coisa que fiz desde que te conheci é tentar te deixar perto. 

 Ela pendeu a cabeça pro lado e a única coisa que consegui fazer foi sorrir, é estranho como algumas pessoas simplesmente de tem na mão, Charlie é a única garota com a capacidade de ter meu perdão com algumas palavras e um sorriso de lado. 

No dia seguinte o médico do vilarejo atendia Hope tentando convencer Charlie que aquilo não passava de um principio de gripe que pode ser facilmente contido, eu me apoiava na janela da sala apenas encarando a situação, mas logo minha mãe parava na minha frente desviando minha atenção. 

  — Charlie é bem insistente. — Ela comentou 

— Se não fosse, eu nem estaria aqui. 

— Por que você é tão duro comigo, Alex?

— Porque você me criou assim— a encarei— não tente agir como se não tivesse me culpado por nada. 

— As coisas mudaram muito, eu sei que erramos, mas você está aqui agora, poderia caçar com meu marido, deixar Hope comigo enquanto passeia com a Charlie — Deu de ombros— queria que você se sentisse em casa. 

— Eu não quero matar mais nada — Desviei o olhar— mesmo se quisesse eu não conseguiria. 

— Se eu pudesse...

— Não fale do passado como se você tivesse tentado, porque a única coisa que fez foi me culpar da morte de um cara que quis morrer. 

— Ele era seu pai e meu marido... Eu fiquei sem rumo quando ele se foi. 

— Ele poderia ter evitado isso. 

— Alex, olha pra mim. 

Soltei um suspiro ainda olhando para o céu nublado que Holmes Chapel me oferecia como paisagem, aos poucos voltei a olhá-la seus olhos verdes estavam brilhantes pelas lágrimas e por um momento me senti mal por deixá-la a beira do choro. 

— George Jones foi o homem mais corajoso que eu já conheci, quando ele escolheu tentar informar a população que estávamos a beira de uma guerra não quis só evitar todas as mortes que aconteceram— Segurou minha mão— a única coisa que ele queria evitar é que seu filho mais novo tivesse que matar pra sobreviver. 

Eu sentia falta dele e talvez todas as vezes que eu o chame de louco ou idiota quando me refiro a sua pessoa seja pra tentar me convencer que eu não sinto tanto assim pela sua partida repentina. 

— Quando eu conheci Charlie a primeira coisa que pensei foi nele— Sorriu apertando mais minha mão— ela é corajosa e justa, consigo ver o enorme coração que ela tem e a única coisa que eu consigo te dizer é pra ser feliz, porque eu fui muito feliz quando estava com seu pai, pessoas feito eles... são capazes de tudo pra colocar um sorriso no rosto de pessoas ranzinzas e chatas feito nós dois.

Acabei rindo com ela e finalmente retribui entrelaçando nossos dedos, talvez eu e minha mãe sempre tivemos nossas desavenças por sermos parecidos demais. 

— Me perdoa? Você continua sendo meu menino, mesmo estando bem mais alto e eu mal possa te alcançar. 

— Eu... Perdoo, acho que ele odiaria saber que não estamos bem porque ele sempre dizia... 

— Ninguém é feliz quando não está bem com a família— Ela me completou— claro que eu lembro das frases de efeito que ele copiava dos livros de romance idiota que ele lia.  

Soltei uma risada baixa e a trouxe pra perto depositando um beijo no topo de sua cabeça do outro lado da sala Charlie me olhava com um sorriso vitorioso no rosto, apenas revirei os olhos porque sei que escutaria ela se gabando durante dias do quanto ela estava certa. 

No entardecer fui até o cemitério deixar algumas flores no túmulo do meu pai, deslizei o polegar pela sua foto tirando a poeira que a cobria e pude ver seu sorriso contido que ele sempre carregava quando as coisas davam certo. 

— Ele era muito bonito. 

Olhei para o lado vendo Charlie se aproximar com os braços contra o corpo pra diminuir o frio, a trouxe pra perto passando o braço pela sua cintura e não demorou pra que ela me abraçasse. 

— Você iria adorar conhecê-lo, ele era insuportavelmente positivo igual uma certa pessoa que eu conheço. 

Aos poucos ela sorriu e ergueu-se na ponta dos pés pra alcançar meu rosto e selar nossos lábios. 

— Mesmo não o conhecendo, só tenho agradecer por ter feito o melhor pior soldado que eu já conheci— Ela riu— e eu tenho uma surpresa pra você. 

Ergui uma sobrancelha sem entender e logo ela tirava uma folha do bolso a encarei ainda sem entender. 

— É contrato pras obras, na frente do jornal vai ter um memorial de grandes jornalistas que contribuíram na guerra. 

O primeiro nome era Jordan Belfort obviamente, mas o segundo nome fez um sorriso se formar no meu rosto "George Jones". 

— Vai fazer isso por mim? 

— Não posso dar reconhecimento pra todo mundo, mas posso tentar. — Ela sorriu 

— É, acho que acabei de tornar definitivo. 

— Tornar o que definitivo?

— Vamos nos casar ainda essa semana, preciso que Londres saiba que sou seu marido, ninguém pode deixar uma garota assim escapar. 

Ela soltou uma risada enquanto a beijei deixando as mãos entre seus cabelos a trazendo ainda mais pra perto. 

— Eu já sou sua mulher a muito tempo, Alex Jones. 

******

Então pessoas acho que irei até o capítulo 32, então é... teremos mais dois capítulos e talvez um epílogo para dar um desfecho essa história de Charlex (adorei esse ship aaaa) 

não sei se a história está tomando os rumos que todos esperam, mas eu particularmente estou muito feliz porque estou conseguindo misturar ficção e fatos da guerra desde o começo até a agora e isso me deixa muuuito orgulhosa, ENFIMMM ALL THE LOVE  E OBRIGADA PELOS VOTOS E COMENTÁRIOS.  

 

MERCYOnde histórias criam vida. Descubra agora