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CHARLIE — 1945 — ENGLAND

O rádio afirmava o final da guerra enquanto Hope fazia birra pra não comer, ela mal faz ideia em tudo que acontece lá fora e espero que nunca precise ter ideia do que é estar no meio de um pesadelo.

Alex aparecia pela porta animado e logo segurou meu rosto para me beijar e Hope ficou emburrada, mas sorriu depois que recebeu um beijo no topo da cabeça.

— O que significa essa animação?

— Eu consegui um emprego na cozinha de um restaurante, não é algo incrível, mas é um começo — Deu de ombros

— Eu sabia que eles iriam te adorar — Desviei o olhar pra Hope que finalmente comeu

— Quer me falar alguma coisa?

Tentava achar uma escapatória, mas precisaria falar sobre isso mais cedo ou mais tarde.

— Depois da matéria que fiz sobre os soldados que foram deixados para trás, alguns investigadores querem te fazer algumas perguntas.

Ele bufou nervoso e começou a fazer o café não me dando alguma resposta.

— As vezes eu quero deixar isso. As tensões diminuíram, deveríamos seguir nossa vida.

— Deixaram você pra trás, Alex!

— E eu quero deixar essa guerra pra trás!

Ele acabou derrubando a xícara e Hope começou a chorar, a levei até o quarto para acalma-la e aos poucos acabou adormecendo, soltei um suspiro aliviado a deixando no berço e voltei pra cozinha onde Alex terminava de recolher os cacos.

— Desculpa... Se você não quiser, posso procurar outro soldado.

Ele se aproximou de mim pegando um das minhas mãos e colocando sob o peito fazendo com que eu sentisse sua cicatriz.

— Eu tenho dezenas delas espalhadas em mim, nunca vou seguir em frente, mas toda vez que tenho que falar disso é como abrir uma cicatriz, entendeu?

Assenti ainda o olhando, as coisas não eram mais as mesmas, não somos dois aspirantes de um futuro melhor, parecia que sobrevivemos as batalhas, mas deixamos que ela matasse um pouco de nós a cada dia.

— No que está pensando? — Ele perguntou

— Você ainda me ama, Alex? Porque...  Simplesmente perdeu a memória e quando ela voltou entendo que sentia minha falta, mas talvez não seja a mesma coisa.

Ele sorriu de lado e me puxou pra perto beijando o topo da minha cabeça e em seguida segurando meu rosto pra que eu o encarasse.

— Não deveria ter essa insegurança.

— Eu só... Não quero que se sinta na obrigação de ficar aqui.

Alex soltou um longo suspiro e se apoiou na bancada passando a mão pela nuca com os lábios entreabertos tentando encontrar as palavras, eu apenas mantinha meus olhos fixos nele, mesmo sendo a uma pessoa positiva, nesse momento tinha medo de escutar algo ruim.

— Você não tem ideia — Ele riu baixo — Eu fiz tudo aquilo pra te proteger, mas principalmente pra me redimir — me encarou novamente — porque eu deixei pessoas pra morrer e amigos se machucaram, pra que eu me salvasse e isso foi egoísmo, então apareceu você, Charlie... Não sabia segurar uma arma, muito menos poderia lutar contra alguém, mas ainda fazia o seu melhor, estava disposta a ajudar as pessoas e estava lá porque acreditava que todo mundo deveria saber o que acontece numa guerra e acima de tudo, foi a primeira pessoa que não esperou o pior de mim.

Senti minha visão embaçada pelas lágrimas, ele estava com seu sorriso de lado pretencioso apenas me encarando provavelmente adorando a forma como não conseguia esconder meus sentimentos.

— Não quis ver minha mãe todo esse tempo porque ela me culpou quando meu pai morreu e minha irmã achava a mesma coisa, sempre mostrei meu pior lado para todo mundo e então ninguém tinha esperanças em mim, mas você acabou com meus planos e eu poderia ter lembrado de você, mas ter escolhido viver outra vida — Segurou meu rosto e tocou meus lábios — mas eu escolhi voltar pra única pessoa capaz de me fazer ser alguém melhor, mesmo eu não sendo, sempre vou adorar ser seu anti-herói, Charlie Blanc.

O abracei e como sempre ele não sabia direito como agir, mas logo me envolveu com seus braços e eu me estiquei pra alcançar seus lábios e beijá-lo de uma vez.

— Você é o melhor pra mim e vai ser o melhor pra Hope.

— Já não participei do começo da vida dela — Suspirou

— Você perdeu a memória.

— Eu demorei duas semanas depois que recuperei pra voltar — ele confessou

— Por que?

— Pensei que você ficaria melhor sem mim.

— Nunca cogite isso de novo, Alex... Eu posso não ser a melhor com você, mas com certeza fico bem pior quando está longe.

Ele sorriu logo deixando uma linha de beijos em meus pescoço e senti suas mãos subirem por baixo da minha blusa, antes que pudesse chegar aos meus seios escutamos o choro alto e escandaloso de Hope.

— Não tenho tanta certeza se gosto tanto disso — Ele bufou

— Melhor se acostumar, ela adora atrapalhar, até parece alguém que eu conheço.

— Hum, não faço a mínima ideia do que está falando — Ele desviou o olhar

Antes que eu saísse definitivamente ele agarrou minha cintura deixando um beijo no meu pescoço.

— Você ainda usa o mesmo perfume. — Ele sorriu contra a pele do meu pescoço

— Não vai me ganhar com sua cantada barata. — O empurrei enquanto ele apenas riu

*****
capítulo mãos de declarações n sei se vcs gostaram mas eles são mt meus bbs.
Estamos pretos do fim einnn apenas choro

MERCYOnde histórias criam vida. Descubra agora