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Lauren

Era impressionante. A forma como ele me tocava. O desejo em seus olhos. A sua beleza exposta em seu rosto. Era impressionante que mesmo isso sendo tudo que algum dia desejei, hoje seja o meu maior trauma. A antiga Lauren, daria de tudo para estar em um momento assim com ele, aquela, que acreditava mesmo ter encontrado o amor da sua vida. Zayn havia arrancado a pouca roupa que eu vestia. Ele tocava cada mísero centímetro de mim, e eu só conseguia tentar esquivar e fingir que nada disso estava acontecendo.

Mas era impossível. Simplesmente ignorar os movimentos rápidos e bruscos de Zayn, totalmente contra a minha vontade.

Como pode alguém sentir prazer, enquanto o outro apenas quer chorar e fugir para o mais longe daquele lugar?

A cada vez que pensava ter acabado, era penas o início de uma nova parte. Tentei acompanhar as horas mas a minha visão estava turva demais. Aos poucos parei de sentir absolutamente tudo. Zayn ainda conseguia estar ali, como se fosse o último dia de sua vida. Mas meu corpo havia desistido da dor.

Era como se eu estivesse bem ao lado apenas a observar ele fazer isso com alguém. Resistir contra aquilo, já não era uma coisa que eu aguentasse. Perguntei aos céus milhares de vezes, por que eu tinha que passar por aquilo, e então apaguei.

Mas até "dormir" era um luxo para alguém que está no meu lugar. Acordei sendo levada às forças para o mato onde uma vez me jogaram. Nem para ser no espaço fora da casa de Zayn. Mas infelizmente, eu ainda estava nesse terreno.

Eram 6h da manhã segundo o pouco que pude ver de alguns relógios que tinham na casa. Estava chovendo. Implorei mil vezes, para que não me deixassem ali. Mas eles apenas seguiam regras.

Fui derrubada com minhas mãos amarradas, no puro mato, estava tudo molhado. E senti cada gota da chuva bater contra meu corpo.

Gritei, perdi a conta de quantas vezes gritei para que me tirassem daqui. Mas eles nem sequer voltaram. Tentei me arrastar a uma pequena parte coberta. Mas estava quase impossível.

Observei de longe a estufa, lá dentro parecia estar tão seguro e longe de tudo isso. Mesmo que estivesse difícil, decidi começar uma batalha para chegar lá.

Cai diversas vezes graças a estar descalça em um chão irregular e sob a chuva. Deve ter levados uns 10 minutos para fazer o pequeno trajeto.

Ao chegar lá percebi o quanto as pessoas lá dentro, eram incrivelmente mais espertas que eu.

As portas estavam trancadas.

Aproveitei um pequeno espaço onde a chuva não me alcançava tanto. Fiquei por ali e me encolhi, segurando meus joelhos firmemente.

Passaram-se 5 dias.

Observava a rotina da casa pelas enormes janelas e por vezes via Zayn a me observar.

Acompanhei a chuva, neblina, calor, frio, ventania. De cada um dos dias. Senti a fome ir e vir, e para ser sincera, vir bem mais do que ir. Por vezes tentei chorar, mas as lágrimas não saiam. Pois tristeza, não era mais o que sentia. Não sei ao certo, se ainda sinto alguma coisa.

Fazia dancinhas com meus dedos quando com o canto de olho vi algo vermelho ao meu lado.

Olhei para cima e vi um dos seguranças de Zayn. Ele me olhava de uma forma neutra, desgosto com certeza era o que ele tinha por mim. Observei o que ele estava fazendo é só então vi que o vermelho, era um prato com pedaços cortados de uma maçã. E rapidamente me lembrei de quando contei para Zayn, que não amava nada mais do que o quanto amava maçãs.

Agradeci mais para mim do que para ele, pois quando vi o rapaz já estava indo embora.

- Moço! Não tem como comer com minhas mãos amarradas. - Ele se virou e tentei mostrar o nó dado na enorme corda. -

Por mais irritado que estivesse, ele voltou e soltou. O que foi uma das melhores coisas que aconteceram nos últimos dias. Acariciei levemente as áreas que antes estavam presas, e vi a vermelhidão tomar conta da minha pele. Mas voltei minha atenção para o que mais importava. Peguei a colher que estava encostada no canto do prato e a enchi rapidamente.

Estava temperada com molhos, que por algum motivo eu achava que faziam uma boa combinação. Da maneira que o tinha dito que gostava. No fundo, bem no fundo, isto poderia parecer algo bom vindo de Zayn. Mas eu sabia que não era.

Queria comer logo e matar pelo menos um pouco da enorme fome que estava sentindo. Mas isto era o primeiro alimento que tinha tido em 5 dias, possa ser que não tenha outro. Então, optei por não comer tudo agora.

Aproveitei que minhas mãos agora estavam livres e tentei abrir a enorme estufa mais uma vez, porém realmente estava fechada.

Encostei minha cabeça sobre um pequeno banco que continha ali e esperei mais uma vez por alguma mudança em minha vida.

- Com amor, Isa. -

DARK LOVE Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora