Capítulo 22

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Kaleb correu de encontro a ela, sendo seguido por Pierre que abaixou-se para olhar os batimentos cardíacos de dona Marisa, o rapaz nunca imaginou que após se formar a primeira pessoa a qual ele teria o encargo de examinar fosse justamente dona Marisa, a primeira analise já deixava-o preocupado o moreno percebeu que ela estava engasgada com o próprio sangue e que se ele não agisse naquele momento ela não teria chance, Pierre olhou para Kaleb que o olhava atento, tudo o que dona Marisa havia lhe feito lhe passou em frações de segundo no pensamento e ele fechando os olhos começou a perguntar para a multidão que já se aglomeravam em torno da cena. 

_ Alguém tem uma caneta, uma caneta, alguém tem uma caneta bic ? _  Ele ergueu-se e olhando para Kaleb avisou:

_ Só tem uma chance de salvar a sua mãe, é um procedimento arriscado mas é o necessário nesse momento, sua mãe tem que ser submetida a uma traqueostomia, ela não está conseguindo respirar por que está engasgada, eu não farei nada se não me der permissão, mas ela necessita.

_ Eu confio em você, salve minha mãe, eu sei que você fará o melhor que conseguir, eu confio em você _ garantiu Kaleb.

Uma mulher entregou  uma caneta para ele e Pierre  pediu para que Kaleb chamasse uma ambulância, depois ele fez todos  os procedimentos do primeiros socorros, mas ela continuava com dificuldade de respirar era de fato necessário a traqueotomia, ele então começou a procurar entre a membrana cricotireoidea do pescoço da mulher tentando encontrar a parte mais macia em sua laringe deslizando o dedo até encontrar a cartilagem cricotireoidea em sua saliência era algo perigoso a se fazer mas era a única chance de salvá-la, com a ponta de uma chave  ele fazia um corte de cerca 1,25 cm de profundidade logo abaixo ele já podia analisar a membrana localizada entre as camadas da cartilagem era bastante elástica e em tom amarelada. Devido a emergência do procedimento aquilo poderia causar-lhe uma infecção por falta de esterilização no objeto  por isso esperava que os paramédicos chegasse com urgência, para que dona Marisa viesse a respirar ele introduzia ao corte o canudo da caneta. 

O motorista que havia atropelado dona Marisa havia fugido mas ele tinha certeza de que o homem que conduzia aquele carro em alta velocidade deveria estar alcoolizado. 

Para verificar se dona Marisa estava de fato respirando Pierre puxava o ar  por aquele canudo improvisado de uma caneta sem o tubo de tinta, ele assoprava duas vezes verificando a subida e descida do peito dela para ver se de fato ela estava se normalizando para garantir que ela estava bem ele agia no prosseguimento do (RPC) ressuscitação cardiopulmonar o que fez com que dona Marisa deixasse escapar por entre os lábios um coagulo de sangue voltando a respirar. 
Só então depois que percebia que ela estava respirando foi que o rapaz se deu conta de que suas mãos tremiam. 

Logo depois os paramédicos chegaram e passaram a assisti-la, Kaleb se manteve ao lado dela, enquanto Pierre se afastou um pouco mais distante pensando que havia acabado de salvar a mulher que tanto lhe tinha feito mal, nesse momento ele não se segurou e chorou, lembrando de cada momento, ele se sentia em paz, chorava pelo  dever cumprido, chorava por Kaleb, chorava por dona Regina que sentiria orgulho do que ele havia acabado de fazer.

Kaleb chegou o abraçando fortemente enquanto dizia próximo ao seu ouvido:

_ Eu te amo, obrigado por ter salvo a minha mãe, os médicos disseram que ela não resistiria caso o procedimento não fosse feito as pressas, eu vou acompanhar ela na ambulância, me encontra lá no hospital?

_ Se importa se eu não for Kaleb? _ Ele havia passado emoções demais para um dia.

_ Tem certeza?

_ Tenho sim, eu... não estava pronto para esse momento entende?

_Tudo bem amor, vai pra casa descansar, eu te encontrarei lá depois.


Deram-se um beijo e Kaleb entrou na ambulância seguindo para o hospital, a noite quando chegou Pierre observou o quão cansado o rapaz estava, disse que a mãe ainda estava sedada mas não corria mais risco de vida:


_ Você foi um herói hoje Pierre _ Começou ele a falar.

_ Para com isso, eu não fiz mais do que minha obrigação.

_ Não diminua o seu ato, eu sei que você teria todos os motivos para deixar minha mãe ali agonizando até a morte, mas você agiu diferente, você cuidou dela, você salvou ela amor.

_ Eu fiz um juramento, só não sabia que iria passar por essa prova tão rapidamente e justamente com a sua mãe, eu  tive medo Kaleb, tive medo dela morrer e você não me perdoar por isso, tive medo do que eu mesmo estava sentindo, sua mãe em todas as oportunidades me humilhava e ela estava ali nas minhas mãos, um passo em falso e eu a perderia, eu tive medo. Eu tremi, e se eu tivesse feito algo de errado, eu não iria me perdoar, você não iria me perdoar se eu a tivesse perdido. 

_ Mas você não perdeu Pierre, eu confiei em você em todos os momentos, eu sabia que o que tivesse ao seu alcance você faria, por isso eu te amo ainda mais. Meu amor, olha para mim, você não perdeu, ela está bem, os médicos disseram que você foi o herói da noite, que se você não tivesse feito aquele procedimento rápido ela não teria resistido. 

Beijaram-se.  Kaleb dizia após separar os lábios dos deles mais os mantinha ainda bem próximo:

_ Você é meu herói, eu poderia estar chorando a morte da minha mãe, assim como chorei a do meu pai, mas por sua generosidade ela está viva, eu te amo bem mais por isso, o seu coração é bom Pierre, e mais uma vez você me provou isso com sua atitude tão nobre, mesmo a minha mãe tendo atitudes tão arrogantes com você, mesmo assim você a salvou, eu não te culparia se deixasse ela ali, sem ajuda até que os paramédicos chegassem, mas você não, você tomou todas as alternativas para salvá-la.

_ Eu te amo Kaleb, te amo muito. 

_ Eu também te amo meu amor. 

Voltaram a beijar-se. 

Mascarado (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora