Capítulo 3

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Tudo o que todo menino na idade de dezesseis anos pensa é em transar, isso não seria fora da realidade, porém para Pierre isso não era primórdio, existia algo que ele desejava ainda mais que sexo com Polly embora ele sempre ficava feliz em tê-la tão entregue na hora em que ele queria, ainda assim isso tudo ficava em segundo plano, ainda corroía o fato dele ter sido ofendido por aquela mulher arrogante sem que ela tivesse quaisquer motivo para tal feito, corroía o fato daquela noite ter apanhado de sua mãe ao ponto de ter cicatrizes pelo corpo  quando a fivela do cinto batia em suas costelas. 
Lembrava que sozinho naquele escuro do quartinho ele ouvir o choro de sua mãe e jurou por tudo o que era sagrado que faria aquela mulher arrepender-se por aquelas palavras.

Esse sentimento fez com que pouco a pouco ele se isolasse, a relação com sua família ficava cada dia mais dispersa, apesar de sua mãe fazer questão de ter os filhos juntos na hora das refeições ou em qualquer programa familiar que ela fosse inventar, era como se Pierre não estivesse ali, estava presente mas ausente.

Percebia que dona Regina tentava uma aproximação mas Pierre se mantinha esquivo, e isso veio a intensificar quando sua mãe descobriu um câncer avançado e já não podendo ser feito nada para combatê-lo ela veio a óbito, e suas irmãs e ele foi enviado a um abrigo.

Novamente se viu mais solitário quando suas irmãs foram adotadas por uma família de Italianos, o juiz da vara da infância e juventude não queria separar os irmãos e Pierre também teria sido adotado caso ele não se negasse a ir para fora do Brasil, ficando lavrado nos arquivos que ele havia se negado a ser adotado. Ficaria no abrigo até que completasse a maioridade. 

As gêmeas não querendo se separar do irmão ainda pediam que ele fossem com elas, não queriam deixar o irmão sozinho, mas ele apenas deu um beijo na testa de cada uma, virou-se e voltou para o alojamento masculino.

Ele estava "namorando" Polly, embora nenhum dos dois haviam intitulado o que tinha nesse termo, para Pierre o que os dois tinha era muito tesão, não podia chegar perto de Polly sem que ficasse de pau duro e ela sabia bem estimular isso.  As visitas em seu quarto era quase que diárias e se as paredes tanto do quarto como as do corredor azul falassem, seriam um tabloide cheio de fofocas bem quentes. 
Eram mãos bobas que apertavam aqui e ali, eram chupadas em lugares íntimos e gemidos eloquentes que  era entoados naquele abrigo nas horas improprias assim eram os encontros entre Pierre e Polly, os dois eram simplesmente um vulcão em erupção de hormônios.

Se podia denominar o que Pierre sentia por Polly como paixão, sim podia, naquele momento Polly era tudo o que tinha, tudo o que lhe havia lhe restado de bom naquele abrigo, era paixão. E por ser adolescente tudo era intenso demais.

Porém os anos se passavam e faltava apenas  uma semana para que ele tivesse que deixa o abrigo, ele iria completar dezoito anos, maior de idade, isso causava um pouco de  medo por fim,  ele iria para a rua, a famosa liberdade assistida afinal não tendo para onde ir teria que ficar em uma república de pessoas que já passaram pela mesma situação que ele, ou seja só mudaria de uma prisão para outra.

Pouco antes de Pierre receber a autorização para sair do abrigo, Polly o surpreendeu pela primeira vez ao declarar que o amava, ele não esperava aquela revelação, afinal para ele tudo o que vivera com ela ali dentro havia sido coisas de adolescente, paixão repentina.

_ Promete que vai me esperar? _ Ela perguntava agarrada ao seu pescoço enquanto ele se despedia, ele lhe beijou  os  lábios demoradamente:

_ Três anos passam rápido, logo nos encontraremos do lado de fora desse pardieiro, não se preocupe. _ Ele disse a ela para tranquilizá-la, ela teria que ficar ainda mais três anos no abrigo.

Um ciclo da vida de Pierre havia se findado era hora da decisão mais difícil a se tomar, exatamente isso o que fazer daquele dia em diante com a "liberdade" que tinha. Ele havia passado tantos anos ali naquele abrigo que se sentia perdido de qual decisão realizar primeiro,  foi então que resolveu que a  primeira coisa a se fazer era procurar a pessoa responsável por orientá-lo e conduzi-lo ao nosso lar, onde dividira um quarto com mais três rapazes que tinha saído do abrigo meses antes dele.  As orientações eram claras ele teria que durante três meses arrumar um emprego ou teria que deixar o lar.

Ele passava todas as manhã procurando algo para fazer, voltava apenas a noite para o lar,  exausto, desanimado, nunca imaginou que ao sair do abrigo fosse encontrar tantas dificuldades, mas não era fácil arrumar um emprego como ele imaginou que seria, e Pierre logo se deu conta de que o fato de ter passado todos aqueles anos no abrigo era  o grande responsável por isso, parecia até que ele havia cometido um crime hediondo.

Nesses momentos ele lembrava de dona Regina pensando em como ela reagiria caso se desse conta de que seu filho primogênito estava a rastejar por um emprego e não conseguia por ter morado em um abrigo, a grande ironia era de que ele só foi morar no abrigo por causa de sua morte, outra coisa que deixaria dona Regina muito triste era que seus filhos estavam separados, ela que lutou dia a dia para manter aquela família de pé depois da morte do seu pai.  
Mas nesse momento não tinha condição de ir atrás de saber onde e nem como suas irmãs viviam. Um dia quando estivesse estabilizado e tivesse condição ele correria atrás de saber onde elas estavam.

Demorou cerca de dois meses e meio para que ele conseguisse um emprego e ele pode enfim alugar um quartinho pequeno apenas para ele. O salário não era lá essas coisas mas dava para pagar o aluguel e sobrava um pouco para a alimentação. 

Com o tempo ele esperava conseguir algo melhor mas aquele quartinho era tudo o que ele tinha no momento, então só o que podia fazer era agradecer a Deus pelo teto que tinha. Mas ele não pensava em acomodar-se. Era hora de começar a dar um rumo diferente a sua vida.

Mascarado (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora