Pierre havia conseguido um trabalho de porteiro em um prédio, era um prédio no centro de São Paulo, havia muitos moradores, alguns educados, outros nem tanto, o trabalho não era difícil de se efetuar, ele apenas tinha que verificar quem entrava e quem saía para que pessoas de fora não entrasse sem ser anunciado, mas ao pensar em sua mãe ele ficava a pensar o quanto ela se decepcionaria ao ver o filho trabalhando como um porteiro, não que esse serviço não seja digno mas acontece que dona Regina sempre sonhou alto, sonhava que seu filho se formaria em medicina, direito, engenharia e assim por diante. Porém nada daquilo era sua realidade, a realidade estava ali diante dele, a realidade é que ele era um porteiro e tinha que fazer bem o seu serviço ainda que alguns moradores não o tratasse de forma cortês.
Seu Manoel, o sindico do prédio já o havia avisado que uma moradora estaria para mudar-se e uma socialite estaria interessado no apartamento e viria dar uma olhada, ela viria na parte da tarde e que a entrada dessa senhora estava liberada.
E no fim da tarde a buzina de um Renault Fluence preto insistentemente tocava diante da portaria, obrigando Pierre a barrar a entrada já que a placa não estava nos registros do computador, notava-se que a pessoa que manobrava o carro ficava extremamente irritada quando ele impedia sua entrada, mas regras eram regras sem identificação ninguém entraria. Muito irritada a mulher saiu do carro e Pierre sentiu todos os seus ossos ficarem teso ao notar de quem se tratava, ele a reconheceria nem se ela estivesse a quilômetros de distancia, sabia bem que aquela era dona Marisa.
Ele sentiu um nó na garganta, um sentimento de raiva misturado a uma fragilidade que pensava não sentir, a empáfia continuava impregnada na alma daquela mulher, a entrada foi liberada e ela invadiu o local dizendo:_ Já vi que o atendimento desse lugar é um serviço de porco, mas também não me admira _ Ela se voltava para Pierre enquanto conversava com seu Manoel o sindico _ Ela não havia o reconhecido, mas ele a reconheceria de longe, jamais esqueceria aquele olhar de desprezo com que ela o olhava.
Ela nem chegou a olhar o apartamento depois de conversar com seu Manoel, entrou novamente em seu carro e se foi. No fim ela desistiu de comprar o imóvel, disse que o convívio não era adequado, e até seu Manoel veio comentar que agradecia por ela não ter ficado com o edifício.
Os motivos pelo qual todas as vezes que ela encontrava com Pierre saísse faísca de seus olhos, era o fato dele ser pobre e negro, motivos esses que fazia com que ela considerava uma raça inferior. E se aquilo que havia acontecido no tempo em que ele era criança o deixara marcas profundas, o que havia acabado de acontecer fazia com que Pierre repugnasse ainda mais as atitudes pretensiosa e insolente daquela socialite que uma hora ou outra receberia o que estava a lhe aguardando. Estava convicto que faria ela engolir cada uma daquelas humilhações que sempre era submetido por ela, nem que fosse a última coisa que faria na vida, iria fazer com que ela se arrependesse de o tratar daquela forma tão repulsiva.Por causa do que houve, Pierre acabou sendo mandado embora do emprego, Seu Manoel até tentou argumentar com o dono do edifício mais não houve acordo, e lá estava ele novamente olhando os jornais em busca de algo, mas não era nada fácil, o aluguel já estava atrasado e mesmo sendo um quartinho pequeno estava tendo dificuldade em pagá-lo.
Conseguiu outro emprego, dessa vez como frentistas em um posto de gasolina, e era até que um bom salário para ele sozinho, recebia também vale transporte e vale refeição, como morava por perto trocava com um de seus colegas os vales transporte pelos de alimentação. E assim ele sobrevivia, um dia de cada vez.
Pierre trabalhava duro para juntar dinheiro e em três anos já estava com uma condição bem melhor, e lembrando-se dos tempos no abrigo era difícil não se lembrar de Polly, o que teria acontecido a ela?
Será que estava bem, Pierre a queria por perto, mas depois que havia saído do abrigo haviam perdido o contato.
Porém também não era hora de se preocupar com isso, era hora de focar nos estudos e em sua vingança que já estava sendo orquestrada com requinte de crueldade, Pierre faria aquela mulher abaixar a crista dela de um jeito ou de outro. Passou a pesquisar sobre dona Marisa nas páginas da internet, e apesar de já saber que ela era casada com o senhor Gerard Hudson e que era mãe de Kaleb Hudson sendo essas as informações irrelevantes, qualquer outra informação que conseguisse seria importante para dar o ponta pé na sua vingança, e o caminho mais fácil seria o único herdeiro da família Hudson, se o caminho a ser usado para se vingar seria Kaleb, assim o faria.
Kaleb era um jovem bonito até, Pierre podia olhar pelo retrato ele estava entre seu pai um senhor de expressão serena e sua mãe sempre com sua altivez até mesmo nas fotografias.
Pierre olhava demoradamente aquela imagem, e tentava imaginar que tipo de homem era aquele rapaz que se mantinha sem expressão naquela fotografia.
Kaleb tinha o rosto ovalado, um formato tradicional, testa e maxilar do tamanho proporcional, o queixo levemente arredondado o que fazia com que as maças de seu rosto possuíssem traços fortes, a boca era pequena porém carnuda, e o nariz fino, as sobrancelhas também casava bem com o formato equilibrado de seus traços faciais. Era de fato um rapaz que chamava a atenção.
Facilmente qualquer garota de sua idade cairia de amores por ele, entretanto mesmo ali naquela imagem não se podia ter visão concluída sobre ele, sua expressão era séria, não exibia nenhum sorriso, também não olhava diretamente para o fotografo passando assim a impressão de que ele não queria está naquela foto. Pesquisou mais sobre a vida do rapaz e descobriu os lugares mais badalados em que ele costumava a frequentar, agora era arrumar uma maneira de se aproximar.
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Mascarado (Romance Gay)
عاطفيةTudo nessa vida é feita de escolha, cada um escolhe a estrada que quer seguir, nessa vida não se pode ficar em cima do muro, pois uma hora ela mesmo se encarregará de te derrubar ou para um lado ou para outro. Ela mesma te dá as alternativas basta...