Capítulo18

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Não tinha mais como adiar, já estava na hora de ir para o aeroporto, de alguma forma esperou que Pierre se manifestasse, mas isso não havia acontecido, a empregada já havia vindo avisar pela terceira vez que sua mãe o estava esperando. As malas já estavam no bagageiro do doblô que ele se acomodou no banco de trás com Mariana,  repousando a cabeça no ombro da prima, sua viagem estava marcado para 09h e já era 08h45m. O trafego estava tranquilo e não demoraram a chegar ao aeroporto. 

 A família Allighan já estavam por ali a espera do vôo, assim que os viu Kassadra cruzou os braços sobre o de Kaleb  que disfarçadamente o retirou.

Fechou os olhos quando o avião decolou, um nó na garganta e o choro engasgado dava vazão ao sentimento e ele chorava, sem vergonha por estar sendo observado por Kassandra, ele ainda tinha esperanças de que Pierre aparecesse, mas como todo conto de fadas acontecia, nesse o príncipe não veio resgatar o mocinho.

Na despedida abraçou Mari fortemente dizendo que a amava. Dona Marisa veio o abraçar entretanto ele a ignorou dando-lhe as costas.

Ele ficaria três anos fora do país, três anos sem ver Pierre, uns longos três anos estudando para algo que ele não queria ao lado de pessoas que ele não queria. Já dentro do avião ele pensava consigo mesmo se viajar seria a solução, mas no momento em que pensou em saltar do avião ele começou a decolar.

ESPANHA...

Já estava na Espanha, Kassandra não dava um minuto de sossego sempre incomodando com um assunto aqui outro ali para chamar a atenção, Kaleb por educação a escutava, a morena sempre inventava um passeio a dois, e novamente Kaleb aceitava por educação, isso também não seria uma forma de usar uma máscara pensava Kaleb.
Afinal ali estava ele fazendo algo que não queria com alguém que não queria, não era o mesmo que ele tinha acusado Pierre de fazer?

Em mais um passeio chato por todos os pontos turístico do país com a morena o rapaz encontrou um brasileiro que lhe entregou um cartaz com uma frase que lhe chamou a atenção.
"O começar é uma opção, o recomeçar é uma escolha"

Ele ficou pensando nas próprias escolhas que o levaram até ali aquele momento, está ali com Kassandra e não com Pierre.
Era difícil admitir mas foram as suas escolhas em não dar uma segunda chance, em não aceitar o pedido de desculpa de Pierre que o levara até ali, era fácil culpar a sua mãe e dizer que ele não estava com o moreno por causa da arrogância dela, era fácil também dizer que a covardia de Pierre que o fizera tomar essa atitude, mas era difícil tirar os olhos do próprio umbigo e parar de se vitimar e reconhecer que ele havia tomado a decisão de fugir. Ele decidiu aceitar aquela viagem e aceitara também morar na mesma casa que Kassadra, aguentar a conversa monótona que ela dizia e ele nem prestava atenção, havia sido uma escolha, ele tinha outra opção, mas escolheu a mais fácil.

A vida era feita de escolhas e muitas vezes erramos nas que optamos tomar.

Recomeçar é exatamente ter que olhar para trás e ver onde erramos para poder consertar, mas o orgulho as vezes nos impedem de recomeçar por que ficamos presos ao erro e temos medo de novamente cairmos nele, isso também não é mascarar o que se sente, não é podar o grito que muitas vezes fica engasgado em sua garganta?

Ali estava Kaleb pensando em Pierre, mas ao seu  lado estava uma mulher que a todo instante lhe trazia a lembrança  o quanto ele havia sido covarde e na primeira oportunidade havia fugido do próprio sentimento mesmo que tivesse sido exatamente isso pelo qual condenou Pierre. Tudo aquilo parecia um círculo vicioso, olhando por esse lado percebia que também havia sido injusto com Pierre. Mas o orgulho é sempre um mal conselheiro e vendamos os nossos olhos afim de camuflar os nossos erros e jogamos sobre os ombros dos outros.
Era hora de Kaleb rever os seus conceitos, rever o quão importante era lutar pelo amor de Pierre como podia cobrá-lo quando ele mesmo não fazia jus a palavra.

Já havia completado um ano e meio que Kaleb havia viajado, estava ali naquele país em corpo porque em mente ele continuava no Brasil, continuava com Pierre. Em todos os momentos seus pensamentos havia um único dono, o seu coração pertencia apenas a uma pessoa, e mesmo a distância não havia sido capaz de arrancar, Pierre estava ali cravado no seu pensamento, no seu coração. 
 Se tinha algo que Kaleb tinha convicção era do seu sentimento por Pierre, ele o amava com todas as forças do seu coração, tudo o que desejava era estar ao seu lado, estar em seus braços, mas ao contrário do que desejava, eles estavam tão distantes, tão longe fisicamente, e Kaleb temia que essa distancia não fosse apenas física mas emocionalmente também. Ele tinha decisões a tomar, se deixasse o orgulho ditar as regras ficaria sempre preso a decepção e envelheceria com aquele sentimento de fracasso, ou ele poderia recomeçar, lutar contra tudo e contra todos, até que sentisse que Pierre já não resistiria e cederia a esse amor que sabia ser verdadeiro. Essa é a esperança que Kaleb tinha, sentir que as últimas palavras que trocara com Pierre era verdadeira. 

O incentivo é mais potente do que a condenação então por que ele agira totalmente ao contrário, por qual razão sentia-se nada confiante quando o assunto era Pierre, não desconfiava que o sentimento que ele tinha fosse falso, ele sabia que não era, mas a confiança fugia sempre que pensava em retornar, o medo de encontrar ele nos braços de Pollyana, isso seria por demais cruel para se enfrentar, e por mais que quisesse procurá-lo, por mais que quisesse retornar ao Brasil e correr para encontrá-lo, Kaleb mesmo sabotava o próprio impulso inventando inúmeras desculpas para não fazer, no fundo ele tinha medo, medo do próprio sentimento, medo de sofrer, medo de que Pierre não fosse capaz de corresponder aquilo que seu coração tanto desejava. Ele o amava e queria sentir que era reciproco. 

Queria que Pierre também o amasse. 



Mascarado (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora