Rescue Me

Prólogo

Todo mundo achava que Louis Tomlinson era feliz. Eles sempre o viam com os maiores sorrisos em seu rosto e ele era o único que brincava durante entrevistas e sessões fotográficas. Ele foi um dos que acudiam os outros membros da banda quando algo dava errado, ou sempre que eles estavam tristes. Ele era o único que amava sua família em pedaços e que sempre fez questão de uma conferência no Skype com sua família pelo menos uma vez por semana.

A mídia retrata sua vida como perfeita, e ninguém via a razão pela qual não deveria ser. Louis faz parte da maior boyband do mundo; ele tinha milhões em sua conta bancária e milhões de pessoas que o admiravam. Onde quer que fosse, as pessoas estariam esperando por ele, chorando e gritando assim que seus olhos avistassem o pequeno rapaz com o cabelo cor de caramelo.

Meninas queriam se casar com Louis e meninos morreriam para ser ele mesmo que provavelmente não admitissem isso. Louis recebia cartas e tweets diariamente, dizendo-lhe o quão perfeito ele era, como sua aparência era impecável e como sua voz soou angelical em suas canções.

Louis tinha toda razão para estar feliz com sua vida, certo? Mas ele não estava.

Ninguém via Louis da maneira como ele via a si mesmo quando se posicionava na frente do espelho no final do dia, ninguém ouvia as vozes em sua cabeça dizendo-lhe coisas horríveis, que só ele podia ouvir.

As pessoas diziam que o rosto do Louis tinha a forma perfeita e que as maçãs de seu rosto estavam perfeitamente em forma. Eles sempre comentaram como os olhos da cor do oceano azul eram lindos, mas Louis via um rosto que parecia torto. Ele pensava que as maçãs de seu rosto o faziam parecer muito magro e que seus lábios eram muito finos. Ele não viu aqueles olhos perfeitos; ele os viu sem brilho, olhos quase cinza descuidadamente olhando de volta para ele no reflexo do espelho.

Louis ouvia as pessoas comentarem sobre o seu corpo e como ele possuía curvas sexy's, até comentando sobre quão grande eles pensavam que seria o pênis de Louis, e que tudo nele parecia perfeito, mas mais uma vez, Louis não podia ver oque eles estavam falando. Ele não via as tais curvas, se via gordo; ele viu algo que ele queria cortar num piscar de olhos, se pudesse. Detestava a forma como a sua barriga parecia em fotos tiradas pelos paparazzis, ele odiava a forma como suas coxas se tocavam quando ficava de pé e ele odiava a sua bunda. Se sentia feminino com sua aparência, e ele se sentia menos homem ainda quando se olhava no espelho.

Sempre que ele cantava se sentia inseguro e sempre ficava aliviado quando seus solos haviam terminado. Os fãs sempre disseram que sua voz era magnífica e queixavam-se o quão curtos eram os solos de Louis, mas eles mal sabiam que isso era decisão do mesmo. Louis odiava a sua voz, era mais uma coisa que o fazia se sentir feminino. Era muito agudo, soava como se tivesse esquecido de bater a puberdade.

Louis odiava a si mesmo, bem... Não, nada disso - Louis absolutamente odiava a si mesmo.

Ele odiava a si mesmo do jeito que ele olhou para as coisas que estavam escondidas lá no fundo, como a sua alma. Louis pensava em si como uma pessoa má.

Ele não era uma pessoa ruim quanto ser um ladrão, ou um assassino. Ele não era um valentão, nem alguém que secretamente odiava a todos e adorava a ver sua vida ficar confusa, não - Louis pensou isso porque ele era um hipócrita, e ele cresceu sendo ensinado que os hipócritas eram pessoas más, pessoas que constroem a sua vida em uma mentira.

Louis sempre dizia ás fãs com cortes nos braços para pararem de se cortar porque isso destruía sua vida, fazendo-as prometer que não fariam mais o ato. Mas, quando Louis chegava no hotel, se escondia no banheiro e acabava cortando os seus pulsos para expressar sua dor interna, para se aliviar, pra se sentir alguma coisa.

Sempre que ele recebia mensagens de alguma fã dizendo que eram anoréxicas, ele dizia que elas eram bonitas do jeito que realmente são, que o peso não importava. ''A beleza vem em muitas formas'', era uma coisa que Louis sempre iria responder, mas ele não achava isso simples de coordenar quando estava sentado no chão do banheiro e se curvando em direção a privada para livrar-se da comida que havia ingerido, para se livrar das calorias que faziam suas curvas ainda maiores. Louis não suportava palavras que diziam para ele comer quando negava o jantar, e mais uma vez, dizendo a seus amigos que não estava com fome, embora seu estômago roncasse, doía tanto que o menino de cabelos caramelo poderia se dobrar de dor.

Louis não estava feliz, não, ele estava longe de ser isso. Talvez tudo o que ele precisasse era de uma pessoa para amar, alguém que o apoiaria em sua vida, alguém que lhe fez lembrar que as falhas era totalmente humanas. E ele não estava ajudando muito amando alguém cujo nunca teria uma chance. Louis estava apaixonado por um garoto, sim, Louis era gay, mas isso era um fato aceito pelo mesmo desde seus quatorze anos.

Ele era apaixonado pelo seu melhor amigo, Harry Styles, de belos cabelos encaracolados, com quem sempre compartilhava quarto em hotéis quando estavam em turnê. Sempre que Harry tirava a roupa na frente de Louis, o menino não podia deixar de fitar o corpo perfeito de Harry, coberto de muitas tatuagens sem sentido. O coração de Louis bateu mais forte quando Harry caiu na cama ao seu lado, o abraçando por baixo do cobertor.

Toda noite Louis adormecia com um dos braços de Harry em sua volta, confortado pelo calor do corpo maior de Harry, ele se sentia radiante. O som dos roncos suaves do rapaz de cabelos encaracolados era como uma melodia aos ouvidos de Louis e ele sempre estava perto envolvendo os braços em torno do garoto. Ele sentia cada vez mais vontade de pressionar seus lábios contra os de Harry e poder tocá-lo sem nenhuma restrição, mas ele sabia que isso nunca poderia acontecer.

Ele estava tão perto de Harry, mas ainda tão longe.

Todos achavam que a vida de Louis era perfeita, mas foi marcada pela dor. Nenhum sorriso que Louis havia dado era um sorriso genuíno, e ele se perguntava se poderia ser capaz de sorrir verdadeiramente.

A vida de Louis não era perfeita, e ele precisava de alguém para curar suas cicatrizes antes que fosse tarde demais.

Ele precisava de alguém para resgatá-lo.