Capítulo 2 O diário.

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O que o senhor tinha em mente papai? Perguntei a mim mesma em pensamento fitando o delicado e sofisticado caderno na minha mão. Era branco, quase bege, com as bordas douradas e uma pequena tranca do lado. A chave igualmente dourada parecia ser só de enfeite, acreditava que se alguém quisesse abrir esse diário bastaria quebrar a delicada tranca. Com certeza não seria muito trabalhoso.

Suspirei passando o olhar para o envelope que viera com o diário, encima da cama. Imagino que tenha uma explicação plausível. Não esperava por um diário de presente do meu pai em meu aniversário de quinze anos. Abri o envelope e peguei a carta com devido cuidado...

Minha amada filha, imagino que esteja surpresa pelo presente, eu o escolhi quando você tinha apenas cinco anos para dar quando completasse quinze...

Cinco anos? Meu coração acelerou por lembrar do que aconteceu naquele ano... Engoli um seco voltando o olhar para carta.

Espero que eu mesmo esteja entregando o presente a você, quero compartilhar desse momento tão importante com minha princesa, mas se não estiver ao seu lado anseio que esteja aproveitando seu dia, sempre adorou aniversários, em especial os seus. O motivo do diário é porque imaginei que iria querer relatar seus dias, como se fosse um melhor amigo, quando estiver escrevendo lembre-se que eu mesmo o escolhi para você, será como se estivesse escrevendo para mim. E não me venham com sandices de que já está adulta de mais para isso, se estivesse aí neste momento lhe beijaria a fronte e você não ousaria recursar, ou ousaria?

Claro que não papai...

Espero que fique bem, querida e desfrute do seu dia. Com amor e carinho, papai.

Saudades pai...

Voltei o olhar mais uma vez para o diário. Eu o faria, registraria cada momento por você. Peguei uma caneta e comecei.

Hoje é 10 de janeiro de 2017, meu aniversário de quinze anos e você foi o primeiro presente que me foi entregue pela assistente pessoal da minha mãe, já que ela não estava com tempo de vir parabenizar a própria filha, mas eu não a culpo por isso afinal ela é a rainha e tem muitos deveres e afazeres, eu a culpo por outras coisas é claro, como ser uma pessoa horrível e uma mãe pior ainda, por ser extremante egoísta e só pensar em si mesma e muitas outras coisas... Mas por não ter vindo entregar você pessoalmente ou me dá os parabéns, eu não a culpo, afinal isso é o de menos, ela não fez falta durante os quinze anos da minha vida e não é agora que fará. Ah, quase me esqueço de dizer eu o ganhei do meu pai em um gesto muito simpático e significativo da parte dele, como sempre. Ele me recomendou que escrevesse tudo como se estivesse escrevendo para ele, e eu o farei não porque goste de diários ou porque acredito que um dia ele irá ler, isso é impossível já que ele morreu a dez anos... Eu irei escrever porque ele pediu que o fizesse, e eu não negaria nada a meu pai...

— Alteza... — O som que se seguiu logo depois duas batidas na porta tirou minha atenção das letras.

— Pode entrar — falei fechando o diário e depositando na primeira gaveta do criado mudo ao lado da cama.

— A senhorita Helena pediu que informasse que a princesa Anne e ela estão à sua espera no jardim.

— Anne chegou de viagem? — perguntei empolgada. Ela não havia dito que chegaria hoje.

— Sim, alteza. — A jovem moça disse timidamente.

— Já irei descer — anunciei levantando e seguindo pela porta animada.

Estava realmente feliz que Anne havia conseguido chegar a tempo para minha festa de aniversário que seria na semana que vem. Ela não tinha certeza se conseguiria vir, a família estava toda viajando, mas ela me prometera que faria o possível e no final estava aqui.

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