A RAINHA.

Capítulo 3 As bodas.

— É uma bela música, você a compôs? — Helena perguntou entrando em meu quarto.

Suspirei impaciente. Não queria companhia naquele momento e ela sabia disso, todos sabiam que quando estava tocando piano não deveria ser interrompida, mas Helena sempre gostava de ser a exceção que confirmava a regra.

— Não se sabe mais bater nesse palácio? — exclamei sem tirar atenção das teclas do piano.

— Eu bati, duas vezes. — Ela se defendeu com um pequeno sorriso sentando ao meu lado — mas quando toca fica tão concentrada que parece que tudo mais some.

É porque tudo mais realmente sumia mesmo. O meu pai havia me ensinado a tocar, ele era o melhor no piano e amava profundamente o som que aquelas teclas produziam e ele mesmo havia passado aquele amor para mim, era uma das duas coisas especiais que fazíamos juntos. Depois que ele se foi o piano virou um refúgio, quando tocava era como se papai estivesse aqui ao meu lado, era um vínculo, um laço profundo que nos ligava. Por isso não gostava de ser interrompido.

— Não respondeu minha pergunta — Helena continuou fitando meus dedos deslizarem sobre as teclas.

— Com o papai, eu compus com o meu pai, agora retire-se. Quero ficar sozinha.

— Imagino que o encontro com a rainha não tenha sido muito bom. — Ela me ignorou.

Incrível como Helena adorava me contrariar.

— Encontros com a rainha nunca são bons por isso quero ficar sozinha.

— Ela solicitou minha presença assim que você saiu e me disse uma coisa sobre você, depois ordenou que eu não lhe contasse.

Fiz uma careta. Mary era tão manipuladora quanto eu.

— Ela sabe que você vai contar Helena, por isso te disse porque quer que eu saiba — murmurei me dando por vencida e parando de tocar — a pergunta é: por quê ela quer que eu saiba disso?

Helena desviou o olhar tristemente.

— Porque não é uma coisa boa, a rainha vai te mandar para um internato logo depois da sua festa.

Ah... Isso era de mais até para Mary.

— Internato? Mas herdeiros não vão a internatos, a menos que estejam correndo risco de vida ou que sejam problemáticos.

Helena suspirou.

— A rainha disse que você está fora de controle, que para o bem de todos deve ficar um pouco longe...

Desta vez eu suspirei. Aquilo era só mais uma forma dela tentar me atingir...

— Eu sinto muito, Eliza...

Como ousa, como ela...

— Sinto de verdade.

— Me deixe sozinha Helena...

— Eliza

— Eu quero ficar só, é uma ordem. — Disse bruscamente, já não tinha mais paciência para nada.

Helena não respondeu apenas se retirou me deixando sozinha com meus pensamentos e a fatídica decisão que a minha adorada mãe tinha tomado...

Internato... Refleti me levantando indo em direção ao criado mudo e pegando o caderno.

Hoje em meu pleno aniversario logo pela tarde eu acabo de descobrir digamos que acidentalmente que minha mãe irar me enviar para um internato...