Sozinha

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Sophia Blanco

— Não precisa escolher nada — digo e eles me olham

— Vocês podem continuar como pai e filha, eu é que tenho que sumir — limpo minhas lágrimas.

— Realmente, você não faz mais que sua obrigação _ a Cria fala fria — Fico feliz em saber que você ainda tem o mínimo de bom senso.

— Nada disso, Sophia você não pode fazer isso —  Lucas se aproxima de mim.

— Eu devo fazer isso — falo mais pra mim e pego minha roupa, vou no banheiro e me visto rápido.
Quando termino e volto para o quarto, apenas Lucas está aqui.

— Sophia, eu te amo, a Cris está só fazendo drama, isso vai passar — ele se aproxima.

— Eu também te amo, mas não quero que você perca sua filha por minha culpa —  digo saindo do quarto.

— Mas eu não quero perder você — diz segurando meu braço, me impedindo de continuar.

— Lucas, eu já tomei minha decisão, será melhor para todos nós. Você não pode perder o amor da sua filha por mim — na verdade eu não tenho tanta certeza disso, mas agora, sei que é o que devo fazer, para o bem de todos.

— O problema é esse Sophia, você decidiu, e eu? Onde eu fico? O que eu penso não importa? Os nossos sentimentos não importam.

— Você vai perceber que isso é o melhor, para todos nós. Na verdade, ambos sabíamos desde o início que não teria como isso dar certo.
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Uma semana depois

Já faz uma semana que não vejo o Lucas e ou a Cris. Amanhã voltamos para o colégio e penso nisso todos os dias. Tenho medo de como a Cris vai me tratar.
A forma como se comportou quando descobriu sobre o Lucas e eu me assustou. Eu não sei se ela seria capaz de cumprir com suas ameaças, mas na posso descartar a possibilidade.

Os meus dias têm sido chatos e dolorosos. Minha mente parece funcionar mais do que deveria. Eu fico vinte quatro horas por dia pensando e pensando em tudo que aconteceu e sempre acabo me torturando.
Hoje é domingo,mesmo sozinha, decidi vir ao shopping, gastar dinheiro sempre foi algo que me acalmou, mas confesso que isso era porque meus problemas eram sempre sobre futilidades, agora, mesmo se eu ganhasse uma Ferrari, tudo o quebrou desejaria é que eu pudesse ficar com o Lucas sem perder a Cris.

Acabo saindo sem comprar nada. Acho que agora o único que quero e me jogar na minha cama e dormir muito.
Mas, quando estou saindo, vejo Cris e uma garota entrando. Elas estão de mãos dadas e rindo alto, como ela só fazia comigo.
Reconheço a garota, ela é do nosso colégio, mas eu nem sabia que as duas são amigas.

Quando elas me veem, Cris para de sorrir. Seu sorriso é substituído por uma expressão séria.

— O...Oi — digo receosa e acabo gaguejando.

— Oi — apenas a outra garrota responde, de forma até simpática.

— Cris eu posso falar com você? — pergunto segurando em seu braço a impedindo de continuar andando.

—!Me solta, e não, não pode — ela fala com frieza e me empurra de forma brusca se livrando do meu aperto e quase me fazendo cair, mas a garota me segura.

— Obrigada — falo a ela que apenas nega com a cabeça e diz "tudo bem".
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Depois do que aconteceu não tenho mais dúvida de que não posso mais considerar a Cris minha melhor amiga, ou sequer minha amiga. Tenho que aprender a viver sozinha, já que perdi tanto a ela como ao Lucas.

Quando chego em casa, não consigo nem comer. Vou direto para o meu quarto e me jogo na cama.

Depois de dormir por quase dezassete horas, acordo no dia seguinte com o som irritante do meu despertador: como se não bastasse tudo pelo que estou passando, preciso ir para o colégio.

Tomo um banho que acaba sendo longo porque faço tudo sem ânimo.
Quando termino, visto a primeira roupa que vejo, pego minha mochila e o celular e desço para a cozinha.
Graças a Deus minha mãe não está em casa, não terei que aturar mais um problema.

Quando estou entrando na cozinha sinto cheiro forte de café e sinto uma ânsia de vômito.
Corro até ao banheiro daqui de baixo que é mais perto, e vomito.

Me sinto ainda mais mal disposta e não tenho vontade de comer.
Volto para o meu quarto, escovo os dentes no meu banheiro e desço novamente.

O motorista já está me esperando. Desejo bom dia e ele abre a porta para mim. O caminho até ao colégio é feito no habitual silêncio.

Chego atrasada, mas o professor com certeza está mais atrasado que eu.
A primeira coisa que faço, involuntariamente, é procurar Cris. Mas não a vejo.

— Oi Sophia — me viro e reviro os olhos ao ver o Peter.

— Bom dia — sou curta.

— Vejo que está mal humorada, então serei breve, o que acha de ser meu par no baile de formatura? — de pensar que eu sonhei tanto com esse baile e agora não dou a mínima.

— Pode ser  — digo sem olhar para ele. Apesar de tudo que está acontecendo, acho que eu vou. Na verdade eu acho que preciso.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde histórias criam vida. Descubra agora