Nasceu

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Lucas Arriaga

Alguns meses depois

A barriga da Sophia está enorme, ela está com sete meses de gravidez, mas infelizmente não está sendo um processo fácil, para nenhum de nós.

A Gravidez é de risco e isso tem nos abalado bastante. Oramos todos os dias para que dê tudo certo, mas o medo de que não dê é grande.
Sophia teve um sangramento quando estava com três meses e quase perdeu o bebê, isso acabou com ela. Ver minha mulher triste faz doer meu coração.

Estes meses que passaram foram difíceis. Sei que para Sophia mais ainda. Mas não consigo dormir em paz, tenho medo de perder meu filho ou filha, mas principalmente tenho medo de perder minha mulher. Gravidezes como a da Sophia não são um risco apenas para as crianças, mas para as mães também.

Decidimos não saber o sexo. Acho que é o medo de perder nosso filho, estamos evitando criar muitas expectativas. Vamos dar um nome, montar o quartinho e tudo mais depois que o bebê nascer.

Minha mulher é uma guerreira e mesmo com tudo pelo que estamos passando conseguiu terminar a faculdade há dois meses atrás.
Confesso que neste quesito foi mais complicado para mim, pois eu morria de preocupação sempre que ela estivesse na faculdade.

Nesse momento estou voltando do trabalho, aproveitei para buscar o Breno, já que saí um pouco mais cedo do trabalho.
Desde que Sophia começou a ter as complicações na gravidez reduzi minha horas de trabalho na empresa. Não me importo em reduzir a produtividade, mas quero cuidar da minha família, isso é mais importante para mim.

Minha filha também terminou a faculdade, mas ela decidiu continuar em Moçambique, ela está noiva e eu ainda nem conheço meu futuro genro pessoalmente.
Confesso que eu ficaria muito mais feliz com ela morando com a gente aqui, mas minha menina está seguindo seu próprio caminho e eu respeito e apoio isso.
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Chego em casa e logo na porta vejo a babá do Breno que anda de um lado para o outro nervosa.

— O que aconteceu? — pergunto com medo da resposta.

— A senhora Sophia passou mal e a Jerusa levou ela para hospital — merda. De novo Sophia passou mal. Elas poderiam ter me ligado ou algo do gênero, mas a mulher já está morrendo de nervosismo, prefiro não falar nada.

— Estou indo lá, fica com o Breno — falo apressado e vou correndo para o meu carro.

Dirijo em direção ao hospital é só consigo orar para que não aconteça o pior, que Deus coloque sua mão sobre minha mulher e meu filho.
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Chego no hospital e vejo a Jerusa, nossa empregada, em um banco.

— Onde ela está?

— Está naquele quarto a quase uma hora, e não tenho nenhuma informação — responde visivelmente aliviada ao me ver.

— Obrigado — respondo e saio quase correndo quando vejo sair do quarto o médico que tem acompanhado a gravidez da Sophia. Temo em perguntar pois ele está com uma cara nada boa mas não tenho outra alternativa.

— O que está acontecendo? — pergunto rezando para que é resposta seja a melhor, ou menos pior, possível.

— Eu sinto muito ... — nesse momento meu coração para e fico aflito aguardando o que vem depois, mas os poucos segundos parecem uma eternidade.

—  Precisamos fazer o parto agora, ou o bebê não vai resistir. No entanto, o parto não é seguro para a Sophia também, os dois podem sair bem, ou talvez um deles perca a vida ou ainda os dois — meu coração não pode aguentar isso.

— Eu não posso perder a Sophia — digo mais para mim.

— Eu prometo que faremos de tudo para salvar a vida dos dois e em caso de ter que optar por um ou outro, salvaremos a mãe, é essa a sua vontade, certo?

— Sim — não penso duas vezes. Amo essa criança que estamos esperando, mas podemos ter mais filhos, mas a Sophia é única.

— Você vai precisar assinar alguns documentos. Mas já estamos preparando tudo para o parto.

— Eu posso vê-la?

— Melhor não, ela está sedada e os outros médicos já estão cuidando dela. Durante o parto não poderá  ter um acompanhante devido às circunstâncias.
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Estou andando de um lado para o outro me sentindo inútil. Não faço ideia de quantas horas se passaram, só sei que é muito tempo.
Já orei e pedi a Deus pela minha família incontáveis vezes. Já chorei, já me ajoelhei.

Depois de muita espera o médico sai. Vou correndo até ele.

— Como eles estão?

— Elas — ele diz e sorri. Solto um ar que não sabia que estava segurando. Obrigado meu Deus.

— Sophia está bem, ela está inconsciente, mas em alguns minutos você poderá vê-la. Sua filha está na encanadora, ela ficará por lá por mais alguns meses, mas está fora de risco.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde histórias criam vida. Descubra agora