Acidente

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Sophia Blanco

Enfim, o dia do baile chegou, estou ansiosa, mas não tanto quando estaria a alguns meses atrás.
Com tudo o que aconteceu, principalmente com a coisa da gravidez acabei me desligando do mundo.  Falando em gravidez, estou de dois meses, ou seja, o pai do bebê é o Lucas.
Isso me alivia pois ele é o homem que amo e por mais que não estejamos juntos esse sentimento ainda está em mim. E fico mais feliz em saber que o filho que estou esperando é do homem que amo.

Terminei de me arrumar. O Peter é meu par no baile, ele falou para gente ir junto mas eu preferi ir sozinha, nos encontramos lá, é melhor.

O dia não está sendo como nos filmes americanos. Meus pais não estão aqui para tirar fotos minhas antes que eu vá. Pelo contrário, minha mãe nem deve saber que é hoje. Meu pai pelo menos ligou e disse que esta orgulhoso.
Nenhum dos dois sabe ainda que estou grávida. Na verdade, não contei para ninguém ainda.

Acho que por enquanto isso não é um problema. Minha barriga ainda não começou a crescer. O meu vestido ainda serve muito bem, e estou linda nele.
Como uma boa patricinha, meu vestido é rosa bebê, aberto e cumprido até ao chão. Ele é tomara que caia, a parte de cima é toda em renda, e a na parte de baixo o tecido é de cetim.

O motorista é a única pessoa que me elogia, abrindo a porta do carro. Agradeço com sinceridade e entro no banco de trás do carro, como sempre.
O caminho até ao colégio parece mais longo que os outros dias. Mas passo o tempo vendo as redes sociais.
Todo mundo já está postando fotos no baile. Com os  looks mais diferenciados possíveis. O tema é "desconstruindo padrões". Tem meninos de saia, meninas de short jeans, e muito mais, parece até o met gala.

Ouço um celular tocar mas não é o meu, é do motorista, ele pega e atende.
Parece que ele está falando com a minha mãe.

Estamos quase no colégio, dá até para escutar o som da música alta. Mas no mesmo momento um carro surge em alta velocidade, tudo acontece rápido, mas ele parece estar sem freios.  O meu motorista tenta desviar  mas não adianta. Os dois carros embatem e no mesmo momento tudo fica escuro.

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Cristiane Arriaga

Já estou aqui no salão de eventos do colégio. É onde está decorrendo o baile.
O lugar está lotado, alunos, professores e alguns pais estão ansiosos. Meu pai está aqui comigo, mas acho que ele veio mais para ver a Sophia.
Sinceramente, eu espero que eles se acertem.

É difícil saber que meu pai tem um relacionamento com a minha melhor amiga, que é da minha idade, ou seja, menor.
Mas eu acho que isso não foi propositado, aconteceu, e poderia ser comigo. Tudo o que posso fazer é apoiar eles, pois são as pessoas que mais amo.

Vejo meu pai tenso e vou até ele, mas antes de o alcançar um garoto daqui do colégio se aproxima de mim.

— Você está linda — diz sorrindo.

— Obrigada — retribuo o sorriso e ele desaparece do meu campo de visão.

O tema do baile deste ano é muito livre, ele nos permitiu ser criativos nos nossos looks, mas eu não quis arriscar demais. Quero gostar das minhas fotos daqui a trinta anos, não quero sentir que fui uma adolescente idiota.
Escolhi um vestido dourado. Suas mangas são cumpridas, mas em tecido transparente. Ele é aberto na parte de trás, e até pouco acima dos joelhos a parte da frente e tem uma cauda atrás, mas não muito longa.

— Ei pai calma — ele me olha e tenta sorrir, mas ele parece um noivo esperando a noiva nonatas.

— Ela está demorando — ele olha para a entrada.

— Daqui à pouco ela vai entrar por aquela porta toda linda — digo sorrindo.

— Ela é muito linda.

Quando vou dizer algo, escutamos um som bem alto vindo da estrada aqui em frente.
Um dos alunos da minha turma que estava na parte de fora entra no salão correndo.

— Gente houve um baita acidente lá fora — toda ficam agitados.

Todo mundo sai pra ver inclusive meu pai e eu. Do lado de fora estão dois carros, um cinza e o outro preto, um está pior que o outro.
Eles estão esmagados, provavelmente ninguém sobreviveu.

Nos aproximamos e paro ao ver a placa do carro preto,

— Aquele é o carro da Sophia — falo em choque.

— O quê? — meu pai pergunta.

— O carro preto. É o carro da Sophia — meus olhos já estão cheios de lágrimas.

— Não não pode ser, você está enganada — ele nega com a cabeça.

— Eu tenho certeza pai, é a mesma placa olha só.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde histórias criam vida. Descubra agora