Epílogo I

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Notas: Depois das festas, o primeiro epílogo ♥ Ainda não é o final da história, gente, tem mais um. Esse aqui deve clarear algumas coisas. Impressões? Que que vocês estão achando?

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Thor discutia táticas com alguns guerreiros do exército fazia horas. Estavam ele, Odin, os Três Guerreiros e alguns generais na Sala de Reuniões procurando uma maneira efetiva de interceder na guerra que queimava em Nidavellir. Ivaldi já havia enviado um pedido a Asgard, aumentando a tensão. Laufey, tendo em vista a trégua entre os reinos, não movera um músculo para pressioná-lo, mas Thor sabia que bastava um guerreiro seu colocar o pé em Nidavellir e a retaliação seria imediata.

- E se enviarmos alguém infiltrado? - Fandral sugeriu, os olhos arregalados em animação.

- Com que fim...? - Thor arrastou a frase, cansado. Seu novo chefe do exército era esforçado, mas sua mente às vezes viajava tanto que o rei chegava a sentir falta de Balder.

- Thor tem razão - Odin comentou. - O forte subterrâneo já está ruindo. Se fosse a primeira invasão, talvez surtisse efeito ter alguém avaliando os planos dos jotuns. Agora...

Thor sorriu para o pai, grato por ele estar ali. Não saberia o que fazer sem o aconselhamento dele. A situação era tão difícil... Exauria suas forças, físicas e mentais, e eles nem haviam entrado na guerra ainda.

- Proponho um intervalo - disse, sentindo a cabeça latejar. - Ultrapassamos o limite de tempo aceitável para esta discussão. Não estamos rendendo mais nada.

Os guerreiros concordaram com o rei e, com despedidas curtas, eles saíram, corpos aliviados, mas pensamentos ainda pesados.

- Vou procurar sua mãe - Odin comunicou ao filho. - Continuo lhe devendo um passeio pelos campos... - E riu. Thor sorriu de volta. Frigga andava mais carente agora que o marido enfim havia retornado.

- Pai - ele chamou antes que o Odin o deixasse. - Obrigado.

O Pai de Todos nada disse. Por motivo que fosse o agradecimento de Thor, estava feliz por tê-lo ouvido, embora uma parte dele houvesse se balançado ao ver o sorriso do filho. Era o preço de se guardar um segredo. Ainda mais um daquelas proporções. Mas Odin já vivera em condições piores. Não iria se abalar.

Ele alargou seu sorriso e foi embora.

Caminhando a esmo, Thor pensou em descansar na Sala do Trono. Sempre renovava suas forças sentar-se em seu trono, imponente, o peito inflado enquanto esquadrinhava o perímetro daquela sala. Ganhava um consolo de sua posição pelo simples fato de se lembrar de vez em quando de que era o rei. Ele, e não o outro.

Ao abrir as portas duplas, a face exausta de Thor adicionou uma nova ruga à coleção. O outro havia dispensado todos os guardas dali e aproveitava-se da cadeira do rei, esparramado nela como se fosse ele a carregar a coroa.

- É isso que faz na minha ausência, Loki? - Seu tom foi tão frio que sobressaltou o feiticeiro.

- Julguei que estaria na Sala de Reuniões... - ele justificou-se, franzindo a testa e já se levantando.

- Julgou errado. Como ousa liberar meus guardas? Sentar no meu trono? - Thor cuspiu, aproximando-se dele. - Quem você pensa que é?

- Eu sei que não sou o rei - Loki admitiu, evitando se encolher. - Mas isso não quer dizer que não tenha curiosidade de saber como é.

Isso trouxe a Thor uma sonora gargalhada.

- Oh, veio aqui então tentar imaginar? - caçoou, os dentes à mostra. - Típico de você se sustentar com um devaneio, já que nunca consegue alcançar nada de fato.

- Típico de você vir me lembrar - ele murmurou com desprezo.

- Como não o faria? - Thor ergueu as mãos. - Eu consegui tudo, irmão. O posto mais alto no exército, o trono... E você, um lugar fixo na plateia para me assistir.

A expressão de Loki enegreceu.

- Nem mesmo agora, em face à guerra, você deixa seu lugar - Thor continuou, cheio de crueldade. - Os magos de Asgard acompanharão nosso exército e, mesmo sendo o mais poderoso deles, você sequer foi convidado para as reuniões táticas.

- O Pai de Todos disse que...

- Nosso pai ludibriou você. Nem ele acredita que você possa vir a ser realmente útil. - Ele achou que era um bom momento para confessar uma verdade que há muito vinha guardando. A voz saiu num sussurro letal: - Nem ele jamais acreditou que um jotun sujo ascenderia ao trono. - Viu Loki fechar a mão num punho. - Aproveite seu devaneio, Loki. É só ele que lhe resta.

Thor deu meia volta, sem ouvir o grito de cólera e mágoa de Loki. Seguiu pelos corredores até chegar ao próprio quarto, onde poderia ter um descanso de verdade. Deixou-se cair na cama, apoiando a cabeça num travesseiro e no braço dobrado. Foi inevitável alongar o olhar para o lado esquerdo, inabitado.

Não era bem como se ele tivesse saudade de Sif. Tinha da cumplicidade e do amor que partilharam, coisas que há muito Thor não sentia mais. Mesmo quando ela estava ao seu lado, antes de ele descobrir sobre seu caso extraconjugal com Balder. Era até melhor que os dois tivessem fugido. Poupava-lhe o trabalho de se fingir um marido chateado, bravo até. Mas ela ter mentido sobre o filho, por outro lado...

Suspirando, Thor foi abordado por aquele vazio de novo. Ele queria tanto um herdeiro. Não fosse para substituí-lo no trono quando morresse, queria ao menos a companhia. Uma presença que lhe acalentasse. Em vez disso, ele tinha as interferências desnecessárias e irritantes de Loki. Já que ele nunca ia ser rei nem nada parecido, por que o pai não o exilava na terra dos Gigantes de Gelo? Nem seria bem um exílio, ele só voltaria à trincheira de onde tinha vindo...

Thor se moveu, largando mais o corpo no colchão. Tinha os braços abertos, numa vã tentativa de relaxar. Com a guerra pairando sobre sua cabeça, dificilmente pensar em Loki ajudaria em alguma coisa. O pulso dele bateu no criado-mudo ao lado, e seus olhos se prenderam ali por um breve segundo.

A gaveta estava entreaberta.

Com a palma da mão, ele tentou empurrá-la de volta. Não funcionou. Bufando, Thor se endireitou, segurando o puxador entre os dedos e empurrando. Quando isso falhou, ele puxou a gaveta inteira, abrindo-a para consertar qualquer que fosse o problema. De dentro, surgiu um brilho dourado.

"O que é isso...?", perguntou-se, erguendo uma parte com o indicador. Pareciam fios de cabelo.

Deixou a mecha cair na mão, analisando-a. Seriam os cabelos antigos de Sif? Mas por que estariam ali? Edda não havia levado tudo para Nidavellir?

O brilho chamou sua atenção imediata e inundou suas pupilas, envolvendo o rei numa névoa povoada de lembranças... Lembranças? Não... Mais parecia um sonho. Loki estava nele, e ele sorria. Sif o olhava magoada, e havia um par de lençóis cobrindo Thor e...

- Senhor?

Alguém batia na porta.

Balançando a cabeça repetidas vezes, Thor saiu do transe, notando que estava no quarto ainda. Olhou para a mecha loira. Franziu o nariz.

"Cabelos encantados."

Pôs tudo de volta no lugar e fechou a gaveta de qualquer jeito. Mandaria alguém limpar aquilo mais tarde.

Beneath the Surface (Thorki)Onde histórias criam vida. Descubra agora