Epílogo II

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Havia um vento frio soprando à altura de sua orelha. O zumbido ressoava com o que ecoava em sua cabeça, anunciando a enxaqueca que ele sentiria em breve. Abrindo um dos olhos devagar, Balder percebeu o cenário em volta entrar em foco camada por camada, de turvo a nítido por completo. Paredes. Ele via paredes. Negras como o céu da noite, e até pontuadas de luzes avermelhadas. Não era o calabouço do castelo. Sua estrutura se assemelhava à de uma pedra preciosa, cuja composição era um mistério para ele.

Ergueu o tronco apenas para descobrir que se encontrava deitado no chão, esparramado e vulnerável, ainda com as vestes amassadas e sujas do confronto com Thor, Loki... O Pai de Todos... Sif estava do seu lado, em situação idêntica. Por algum motivo, ele achou que acordaria para ver sua irmã com a aparência de Loki, porém Sif ainda era ela mesma, trajando aquele vestido verde. Detestaria ter que reviver o pesadelo.

Ouviu-a gemer enquanto virava as costas para avaliar o perímetro, tentando julgar, numa aproximação grosseira, qual a extensão do recinto. Não conhecia o material das paredes, então, quem sabe isso ajudasse.

No entanto, havia algo bloqueando o caminho até a extremidade oposta de sua prisão: uma pessoa. Encolhida a ponto de parecer uma criança, Balder identificou um cabelo louro e longo, de mulher. A moça tremia e não movia um centímetro sequer, ignorando a presença dos desconhecidos. Sif abria os olhos e usava as mãos para se apoiar; Balder colocava-se de pé, notando o teto se moldar à sua altura e parar em uma confortável. Ele poderia esticar o braço para cima com folga.

- Olá? - Aproximou-se da mulher, que tinha algum problema de audição ou fingira não o ouvir. Balder encostou no ombro dela. - Senhora...? Você... sabe me dizer onde estamos?

- S... - A voz dela mais parecia um sibilo, a garganta seca, após tanto tempo sem ser usada para a fala. - S... Se... nhora? Do que... me... chamou? - Ela se virou para repreender com o olhar tamanha ousadia.

Os cabelos estavam mais desgrenhados na frente que atrás, e o rosto dela se estendia em forma de um coração imundo. Estreitou os olhos para Balder, um par de íris verdes veladas pela catarata.

O estado da mulher beirava o lastimável, mas um instante frente a frente com ela e sua beleza embasbacou Balder. O ar lhe faltou, o teto de pedra desabou sobre sua cabeça e o coração ficou em frangalhos.

- M-mãe...? - Tanta emoção se concentrava naquela palavra curta... Ele se sentia à beira das lágrimas e por pouco não cedeu quando Freyja piscou e travou a atenção nele.

Ela mal conseguia enxergá-lo.

Alguns passos atrás, Sif se sentava com dificuldade, cravando os olhos na mulher enfadonha, esperando alguma reação. Descartou a possibilidade de Balder ter se equivocado ao testemunhar por si mesma a beleza lendária e inconfundível de sua mãe.

A mulher esticou os dedos excessivamente finos para tocar o braço de Balder, sem nada entender. O calor metálico da pulseira de ouro atravessou seu corpo como um arrepio.

- Ba... Balder? - Freyja proferiu num sussurro. Seus olhos clarearam e ela reparou na outra silhueta no fundo. - Sif...?

Freyja foi tomada em seguida pelos braços de Balder, ansiosos, quentes e inundados de amor. Ela o retribuiu. Sif, observando toda a cena, sentiu as mãos tremerem e o peito latejar. De seus olhos carregados, escorria uma única e solitária lágrima.

Beneath the Surface (Thorki)Onde histórias criam vida. Descubra agora