Piccata de frango.

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Hora do jantar. Minha casa. Meu pai faz piccata de frango, então a cozinha está uma bagunça. Arrumo a mesa enquanto minha mãe prende o cabelo e pega as travessas. Em casa, comer é um evento acompanhado pela música certa e pelo vinho certo.

Minha mãe come uma garfada, faz sinal de positivo pro meu pai e olha pra mim.

— Então, conta pra gente sobre esse projeto.

— A gente tem que andar pela Coréia, como se tivesse alguma coisa interessante pra ver aqui. Temos que fazer em dupla, então estou fazendo com um garoto da minha sala.

Meu pai ergue uma sobrancelha pra minha mãe é depois pra mim.

— Olha só, eu era ótimo em geografia. Se vocês precisarem de ajuda...

Minha mãe e eu cortamos o assunto ao mesmo tempo, dizendo como a comida está boa, perguntando se ainda tem mais. Ele se levanta, satisfeito e distraído, e minha mãe sussurra pra mim:

— Essa foi por pouco.

Meu pai adora ajudar nos projetos escolares. O problema é que ele acaba fazendo tudo sozinho.

Ele volta e diz:

— Então, esse projeto...

Ao mesmo tempo em que minha mãe fala:

— Então, esse garoto...

Tirando o fato de que agora querem saber tudo o que faço, meus pais agem mais ou menos como sempre agiram. Fico mal quando eles são os mesmos de antes, porque nada em mim é como costumava ser.

— Pai, eu estava pensando — começo, com a boca cheia de frango —, onde este prato surgiu? Quer dizer, como ele foi inventado?

Se tem algo de que meu pai gosta ainda mais que de projetos, é explicar a origem das coisas. Durante o resto da refeição, ele fala sem parar sobre a Itália e o amor dos italianos pelos pratos simples, o que significa que meu projeto e Jeon foram esquecidos.

No andar de cima, dou uma olhada no perfil de Jeon no Facebook. Ainda sou o único amigo. De repente aparece uma nova mensagem. Sinto como se tivesse acabado de atravessar o fundo do guarda-roupa e entrado em Nárnia.

Pesquiso imediatamente por citações de Nárnia.  A que se destaca é esta: " Finalmente voltei para casa! Este sim, é o meu verdadeiro lar! Aqui é o meu lugar. É esta a terra pela qual tenho aspirado a vida inteira, embora até agora não a conhecesse. [...] Avancemos! Continuemos subindo!".

Mas em vez de copiar e enviar, levanto e risco o dia do calendário.  Fico olhando pra palavra " Formatura", em julho, enquanto penso sobre o monte Choin, os olhos superescuros de Jeon e como me sinto em relação a ele. Como tudo que é finito, o dia de hoje está acabando e foi bom. O melhor que tive em meses

The froster brightness  [kth +jjk]Onde histórias criam vida. Descubra agora