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— Faz mais de meia hora que estamos caminhando e ainda não sei seu nome– reclamei. Ele me olhou com uma expressão confusa. A minha expressão.

— Como?

— Seu nome. Qual o seu nome?

— Ah, Jimim. Park Jimin– ele sorriu levemente e me fez dar um pequeno sorrisinho de lado— E você?

— S/N.

— Lindo nome– dessa vez seu sorriso foi grande e me fez sorrir também.

Continuamos caminhando por Seul. Já fazíamos isso há meia hora, apenas andando, calados. Não trocamos uma palavra. Apenas observava Jimin com um sorriso tranquilo no rosto observando a cidade enfeitada.

Seus olhos brilhavam com o reflexo das luzinhas de natal fazendo parecer que o universo estava em seus olhos. Seu cabelo loiro macio refletia a iluminação fraca dos postes de luz. Eu queria passar a mão por aquele cabelo.

S/N, ele é um desconhecido, o que você está pensando?

O frio batia em minha pele clara e vi meu reflexo em uma vitrine iluminada. Meus cabelos estavam levemente bagunçados e o vento causara cachos. Minha pele clara pelo frio agora estava ruborizada. Meu nariz estava vermelho de um jeito fofo, achei bonitinho.

Mas o que me chamou a atenção foram meus olhos.

Estava acostumada a me olhar no espelho e ver grandes e profundas olheiras sob um olhar vazio. Minhas olheiras continuavam ali, é claro, mas meu olhar não estava mais opaco como de costume. Meus olhos brilhavam.

— S/N?– Jimin me chamou e percebi que me distraí na vitrine– Gostou do vestido?– olhei para cima e me deparei com uma peça cinza justa na cintura com uma tela vinho por cima e um cinto de delicadas pérolas.

— Sim, mas não era isso que eu estava olhando.

— Era o sapato?– ele sorriu.

— Não... Deixa pra lá, vamos. Aliás, para onde estamos indo?

— É natal e não temos companhia, vamos só andar.

— Mas está extremamente frio.

— Então quer ir para a casa?

— Não...

— Eu não te entendo– ele riu e andou mais rápido, mas o alcancei.

— Vamos em um café. Café é bom. E quente.

Ele me olhou e me encarou por um momento antes de me responder.

— Tudo bem, vamos a um café.

Entramos na única cafeteria aberta que achamos. As paredes eram marrom avermelhadas em um lindo tom de terra, as mesas eram de uma madeira escura e o piso era da mesma cor. Uma garota nos atendeu e pedimos dois cafés expressos com leite.

— Por que está sozinho no natal?– perguntei.

— Você também está.

— Eu tenho um motivo.

— É o mesmo motivo que te levou àquela ponte?

A pergunta dele me fez parar. Sim, era o mesmo motivo, mas não o único.

— Talvez– respondi apenas. Ele se confortou na cadeira e se apoiou nos braços na beirada da mesa.

— O que te levou a fazer aquilo? Mesmo que tenha depressão, o que não é da minha conta, retirar a própria vida nunca vai ser o certo.

— Você não entende o que eu sinto. Ninguém entende.

O café chegou e ele o pegou dando um gole grande antes de falar:

— Eu te entendo mais do que você imagina.

Não fiz perguntas. Ele não parecia do tipo depressivo. Na verdade, era exatamente o contrário. Ele irradiava felicidade através daquele sorriso e daquela expressão feliz.

Não acho que ele me entenda.

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Lights •°:*Jimin+ S/N*:°•Onde histórias criam vida. Descubra agora