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Lights 45

Po.V S/N

Jimin e Jihyun saíram da sala. Ouvi um "amamos vocês" cheio de emoção vindo dos pais dos garotos.

— Como foi?– perguntei a Jimin, que sorria.

— Eles estão bem melhores, nem parece que sofreram um acidente. Estão rindo como se nada tivesse acontecido.

— Que bom! Em pouco tempo, vamos poder voltar para Seul.

— Mal posso esperar– ele segurou meu rosto, sorrindo, e me beijou rapidamente– Vou dormir um pouco.

— Tudo bem...– fiquei no corredor, parada como boba. Fazia muito tempo que Jimin não me beijava. Como eu senti falta daqueles lábios, daquelas mãos...

Entrei na sala da UTI.

— S/N! Como vai?– o pai dos garotos me cumprimentou.

— Vou bem, e vocês?

— Melhores que ontem– a mãe riu.

— Que bom que melhoraram! Logo logo, receberão alta, pelo que parece.

Os dois se olharam com uma feição aflita. O que eu falei de errado? Me encararam por um momento e suspiraram. A mulher já abria a boca para falar algo quando Jihyun entrou no local.

— Jimin já foi dormir, provavelmente só acordará em algumas horas.

— Ótimo– o pai não expressou sentimento algum– S/N, tem algo que temos que conversar. Longe de Jimin, por enquanto.

Eu não estava entendendo nada. Não que seja uma novidade. Meus olhos corriam frenéticos entre as três pessoas ali. O que seria tão importante que Jimin não poderia saber, mas que Jihyun e eu podíamos (ou devíamos)? O homem deu mais um suspiro.

— S/N, o que vamos te contar era pra ser confidencial. Nosso filho não deveria ter descoberto, mas me surpreendeu o raciocínio dele. Jimin, em especial, não aguentaria, por isso tem que prometer que não importa o que dissermos, você não vai contar a Jimin antes de acontecer, tudo bem?

— Tudo bem, mas antes de acontecer o que?

Os três se encararam, como se tentassem me contar que eu tinha uma doença crítica. Talvez fosse algo do gênero. Deus que me livre...

— Você já ouviu falar de experiência vida-morte?– o irmão disse após um longo suspiro.

— Sim, pessoas que por um momento morreram, mas que acabaram voltando à vida relatando ter passado para o outro lado, ter encontrado Deus, entes queridos, entre outras coisas.

— E você sabe por que tantas pessoas relatam coisas do tipo?

— Não...

Ele suspirou pesadamente antes de continuar.

— Antes de morrer, muitas pessoas sofrem sérias alucinações. Isso é causado por um certo fenômeno em nosso cérebro, resultado da morte em sequência de nossos neurônios. Mas antes de morrerem, algo a mais acontece, você sabe o que é?

Eu não sabia pra onde olhar, onde colocar minhas mãos, que expressão eu deveria ter no rosto. Tudo em mim estava tenso.

— Vocês estão me deixando nervosa.

— Calma, apenas responda às perguntas, querida– a mulher me lançou um sorriso tranquilizador– Você sabe o que acontece?

— Não.

O homem pegou minhas mãos e olhou em meus olhos.

— Cientistas estudam até hoje um fenômeno que podemos chamar de espasmos ou surtos de energia pré-morte. Quando isso acontece, mesmo que a pessoa esteja sofrendo de falência múltipla dos órgãos, os neurônios de seu cérebro começam a liberar sua última energia antes de morrerem em um efeito dominó. Nesses últimos momentos, a pessoa pode ou não ter alucinações– ele suspirou e olhou para a esposa– Em nosso caso, não houveram alucinações.

Ah, meu Deus. Eles estavam falando sério? Não soube reagir naquele momento. Fiquei paralisada, estática, e apenas deixei uma lágrima descer por meu rosto. Minha cabeça não sabia em que pensar: em como eu fui lerda, em Jihyun ter percebido isso tão rápido, na expressão feliz e falsa dos pais, em Jimin.

Ah, Jimin... Como ele ficaria quando essa energia acabasse, seja lá quanto tempo ela dure? Os pensamentos corriam em minha cabeça, se embaralhando e trombando, me fazendo ficar ainda mais confusa. Abracei o homem e chorei.

Elw retribuiu o ato e senti mais uma mão em meus ombros. Jihyun também me consolava. Como ele conseguia permanecer ali sabendo que estava presenciando as últimas horas de vida dos pais?

— Por que me contaram isso?– eu soluçava ao tentar falar. Não gostei de minha voz naquele estado, mas me forcei a continuar.

— Por que queremos conversar abertamente com você, querida– o homem limpou minhas lágrimas e me afastou um pouco– Queremos que você tome conta de Jimin.

Não consegui me segurar e soltei um pequeno risinho.

— O que foi?

— Que ironia. Normalmente, é ele quem toma conta de mim.

— E esse será seu momento de retribuir se você realmente o ama.

— É claro que eu vou cuidar dele. Nunca o deixaria...

A mulher sorriu e me chamou para seus braços. Andei até ela.

— Você vai ser uma ótima mulher– os olhos dela estavam cheios de lágrimas. Meu reflexo era claro na íris escura– Tenho certeza disso. Você é a melhor garota que meu filho poderia ter arrumado.

— Tenho certeza que vão formar uma bela família– o pai me disse, e quando o olhei, ele também tinha lágrimas nos olhos e uma expressão calma.

— Mãe?– Jihyun se dirigiu à mulher e a olhei. Ela se deitava com a mão no estômago e com uma forte expressão de dor. Segurei seu rosto sem saber muito o que fazer.

— Não se preocupe, minha querida– ela segurou meu rosto fracamente– Se preocupe com os netinhos que um dia me darão. Não vão ter avós para os estragar– ela riu– Então faça isso você mesma, meu anjo.

Lágrimas caíram preguiçosamente de meu rosto. Aquilo não podia estar acontecendo... Eu estava com os pais de Jimin em seus últimos momentos e o próprio Jimin não estava. Jihyun colocou a mão em meus ombros.

— Não há nada que você possa fazer, S/N.

— Só o que podem fazer é nos dar nossos últimos minutos a sós– o pai disse, fungando fracamente.

— Tudo bem– limpei minhas lágrimas e me levantei, mas a mulher segurou meu pulso sem força alguma.

— Cuide do meu pequeno, está bem?

Apesar de toda a dor, preocupações e lágrimas tristes, ela sorria. Sorria pelo filho.

— Sempre– Segurei sua mão e apertei levemente. Suas expressões de orgulho e satisfação eram evidentes no rosto pálido, antes de se contrair em dor.

— Tudo bem, vamos dá-los privacidade– Jihyun se levantou relutante e pôs a mão em minhas costas.

Andei até a porta e olhei pela última vez para trás. Apesar da distância das macas e da dor a cada movimento mínimo, eles tinham as mãos dadas e sorrisos nos rostos fracos.

E ouvi um marca passos se estabilizar em um único barulho. Uma única linha sem picos de batidas de coração.

Não soube o que fazer além de correr para Jimin.

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Oi oi oi

Tenso :/

E aí? Turubom com vocês? Ou já desistiram de mim? (Mas se vocês desistiram de mim quer dizer que não estão lendo isso)
(E que eu tô falando sozinha)

Estão gostando? Sei que é um momento meio tenso, mas espero que gostem 😊

Kissus 💙

Lights •°:*Jimin+ S/N*:°•Onde histórias criam vida. Descubra agora