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Lights 39

Minha cabeça estava totalmente embaralhada. Os garotos e S/N andavam de um lado pro outro em um lapso perturbador. As vozes eram sussurros e nada entrava em foco diante de meus olhos. Nada, exceto o rosto de S/N, que tentava me trazer de volta.

Ela era a única coisa nítida no meio de todos aqueles borrões.

A garota segurava meu rosto entre suas mãos lisas e sorria nervosamente para mim, como se tivéssemos acabado de cometer algum crime sem querer e eu estivesse em pânico. Essa era a sensação. Um crime. Morte.

Afinal, era mesmo a morte do outro lado da linha.

Perdi minha noção de tempo a partir daquele momento e fui direcionado ao elevador, ao táxi e ao aeroporto rumo a Busan. Era lá que eles moravam.

Moravam. Isso foi conjulgado certo.

Tudo bem, esperança, Jimin. Eles estão em cirurgia, mas estão vivos. A medicina hoje é avançada, não? Eles vão sobreviver, certo?

Tivemos que usar boa parte das nossas reservas bancárias, não sei o que iria fazer depois disso. O pior é que todos insistiram em vir junto.

Não estou reclamando, mas seria melhor se não gastassem tanto dinheiro logo no começo do ano.

Vinte e quatro minutos se passaram como vinte e quatro dias para mim. Pude olhar pela janela as nuvens azuladas iluminadas pelas estrelas pulsantes daquela noite fresca. Seria uma linda noite para ficar com S/N no terraço se não tivesse recebido aquela ligação.

Seria uma noite perfeita se a morte não tivesse ligado.

S/N adormeceu em meus ombros. Eu queria sair daquele transe, pois não conseguia mais sentir seu toque. Minha mente estava tão distante que nem seu cheiro me confortou. O que estava acontecendo comigo?

Como um inseto seguindo a luz, saí do avião na noite gélida de Busan. O céu havia se fechado. Não havia mais estrelas. Não havia mais noite perfeita.

Até o céu havia se fechado para mim.

— Jimin.

A voz de S/N me guiou até o táxi e até o hospital. Desabei em uma das cadeiras olhando para o nada. Eu olhava para o nada há mais de três horas. Já eram onze da noite. Há três horas, meus pais haviam dado entrada naquele hospital.

Depois de minutos que pareceram horas, fui levado até a UTI. Eles estavam anestesiados e com ataduras pelo corpo todo. Os rostos, inchados. Respiravam por um tubo transparente. Odeio esses tubos.

O som irritante das máquinas marcavam seus batimentos cardíacos, atividades cerebrais e pressão. As linhas verdes davam pancadas fracas em intervalos grandes. Coração lento. Corpo lento. Mais lento do que deveria.

Caí de joelhos ao lado de minha mãe segurando sua mão e desabei em choro. 

Eu os deixara, e agora eles estão me deixando. Eu deveria tê-los ouvido e tentado algo simpes em Busan ao envés de aceitar o emprego de dançarino em Seul. Deveria ter ficado com eles... Deveria ter tentado me sentir feliz.

Me encolhi ao lado da maca e deixei meus olhos se fecharem entre soluços e água salgada escorrendo por meu rosto. Abracei meus joelhos e avistei aquele mundo sombrio dentro de mim. Eu gostava daquele lugar, mas é tão difícil sair dele...

Eu não ligava. As sombras me chamavam. Tudo parecia tão tranquilo lá... Sem problemas ou dores.

Fechei os olhos e caminhei até a escuridão, afastando o mundo real de minha mente. Sozinho, me fechei em meu próprio mundo.

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Lights •°:*Jimin+ S/N*:°•Onde histórias criam vida. Descubra agora