Lights 46
Po.V. Jimin
Médicos correndo de um lado para o outro. Passos pesados e apressados no chão. Máquinas com bipes irritantes e desesperadamente lentos. Por que estavam lentos? Eram para estar estáveis! Tilintares de instrumentos metálicos médicos por toda a sala. Enfermeiras de jaleco branco e doutores de máscaras, toucas e roupas verde-água.
Não consegui me mover ao ver a cena. S/N estava parada ao meu lado abraçando um de meus braços. Ela havia me acordado desesperadamente. Pelo visto, também estava em choque, pois tudo que conseguiu fazer foi me arrastar e mostrar a cena. Não disse uma palavra.
Meus olhos não sabiam onde focar. Rostos preocupados, vozes autoritárias de comandos dos cirurgiões. A enfermeira nos pediu para sair da sala, mas sua voz parecia tão distante... Tão irreal...
A última visão que tive ao sair da sala foi minha mãe sendo ressucitada por uma máquina de choque cardíaco. Não precisava ser um médico para saber que não havia funcionando e que o médico no comando havia pegado um bisturi pouco antes de me retirarem do lugar.
S/N e eu nos sentamos na sala de espera, lado a lado, olhando fixamente para o chão de pedra polida. Os dois em choque. Perplexos. Sem saber o que fazer.
— É isso, não é?– falei sem pensar– Vão abrir minha mãe de novo.
Ela demorou um pouco para responder. Talvez também estivesse ponderando sobre o que aconteceria em seguida.
— Sim.
— Mas vai dar certo, não é? Quer dizer, salvaram eles de um grande acidente, podem salvá-los de um problema no coração, certo?
— Jimin...
— Por favor, S/N– eu a olhei. Estava desnorteada. Minha feição era de um garotinho asustado– Eu sei muito bem o que acontece depois que aquela máquina para de fazer bip, mas sempre há uma chance, mesmo que ela seja pequena. Por favor, eu só preciso que alguém me diga que há uma chance.
S/N suspirou.
— Vão salvá-los, Jimin. Fiquei tranquilo.
Ela olhava bem fundo nos meus olhos. Não conseguia decifrar sua expressão. Choque, com certeza, mas em relação a mim, nada me vinha à mente. Pena? Empatia? Tristeza? Ansiedade? Medo? Não soube ler suas feições frágeis.
E imagino que ela não tenha conseguido ler as minhas também.
Uma hora se passou como uma eternidade. S/N e eu não nos olhávamos, não conversávamos, não nos tocávamos. Apenas olhávamos para o nada, pensativos. Assustados. Os dois.
O chão do hospital já começava a desaparecer, as pessoas ao meu redor começavam a se embaçar, os sons se distanciavam e as cores morriam a cada segundo que se passava. Quando finalmente ouvi meu nome, me deslertei de meus devaneios. Fui até o balcão de onde me chamaram.
— Senhor Park Jimin?– a jovem enfermeira perguntou olhando uma prancheta.
— Eu mesmo– olhei para seus olhos e percebi certo receio em continuar sua frase.
— Sua mãe está sofrendo uma parada sequencial dos órgãos. Conseguimos impedir os rins de parar de funcionar, mas então começaram a...
Ela lia o papel para mim, pensando que eu a ouvia. Mas eu não queria ouvir. Eu sabia o que ela iria dizer. Eu não queria ouvir, apenas queria continuar na esperança de uma salvação. É claro que eu sabia que não havia salvação, mas certas coisas precisam ser omitidas, mesmo que no fundo você saiba a verdade.
A mulher pareceu falar e se movimentar em câmera lenta. Sua voz estava tão embaçada que dava a impressão de estar falando debaixo d'água. Não tentei focar, apenas abaixei meu olhar e me afastei. S/N me acompanhou, preocupada, e a enfermeira tentava chamar minha atenção.
Fui até a janela do quarto de meus pais. Venezianas fechadas, é claro. Não é permitido ver uma cirurgia. Ainda sim, a luz alaranjada do pôr do sol passava pela sacada e criava sombras. Pude ver a silhueta dos médicos curvados sobre minha mãe e sobre meu pai. Estavam frenéticos. Corriam de um lado ao outro tentando achar um jeito de melhorar a situação.
Todos pararam. O cirurgião se sentou e tirou a touca. Parecia cansado. Uma voz exausta chegou aos meus ouvidos.
— Horário de óbito, 18:37.
Um homem de voz grave chorava. Pai. Ele ainda estava bem. Não duraria muito.
Desci levemente encostado na parede até me sentar no chão. S/N estava à minha frente, mas eu não a olhava. Não olhava para nada. Apenas para o ar rarefeito à minha volta. Olhar vazio e alma amassada. Era assim que eu estava. Poderia facilmente ser confundido com uma alma penada andando pelos campos de Asfódelos.
Não abracei meus joelhos. Não precisei. Eu já estava fechado em meu próprio mundo sem ter que fechar meu corpo. Minha mente me levou para outra dimensão. Um lindo lugar onde meus pais estavam comigo e nós apenas sorríamos.
Minha visão escureceu e S/N me segurou antes que eu tombasse no chão gelado.
Em minha mente, mamãe sorria.
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Oi oi oi
QUANTO TEMPO!
Queria registrar aqui meu ódio pelas aulas terem começado, obrigada, de nada
No primeiro dia já dormi em umas três aulas diferentes e só não dormi sexta porque Sofia tem o azar de ter mamãe como professora -_-
Como estão lidando com as aulas? Ou não têm mais aulas? Nesse caso você é uma pessoa feliz
Esse capítulo tá meio tenso, né? Estamos em uma parte delicada da fic, mas acreditem, tudo vai melhorar, então não desistam 😊
Kissus 💙
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Lights •°:*Jimin+ S/N*:°•
FanfictionS/N estava prestes a pôr um fim a sua vida, mas foi impedida no último segundo por um garoto angelical com um sorriso lindo. Ele a salvou do buraco, agora é a vez de ela retribuir o favor. •°:*Plágio é crime!*:°• *Nota: isso não é uma romantização d...