Capítulo Seis: Términos e recomeços

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Kara acordou com a luz do sol invadindo a sala por entre as persianas da janela. Apertou os olhos contra a claridade e olhou para baixo, encontrando uma Lena dormindo serena. Sorriu de canto e resolveu sair do sofá, flutuando para não ter que caminhar por cima do colchão, onde Lena dormia.

Foi até o quarto e tomou um susto quando entrou, pois encontrou Mon-El dormindo de bruços, sem camisa e com a boca aberta. Tinha se esquecido completamente dele e que ele chegava de madrugada do lugar onde trabalhava.

Kara voltou para a sala na ponta dos pés e encontrou Lena acordada, sentada no colchão e desembaraçando o cabelo com os dedos. A kryptoniana ficou hipnotizada por um momento, olhando o movimento dos dedos de Lena por entre os cabelos, até que Lena levantou a cabeça e viu Kara parada ali, sorriu e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Kara foi mais rápida, fez um sinal de silêncio e sussurrou:

— Mon-El chegou tarde do trabalho, não devemos acordá-lo.

Lena ergueu uma sobrancelha e torceu o nariz, voltando a prestar atenção nas madeixas de seu cabelo. Kara reparou e achou estranho, porém pensou que Lena estava apenas de mau-humor.

— Vem. — Kara puxou as mãos de Lena sem pedir a opinião da mesma, a tomou pelos braços e levantou voo janela fora, até o terraço.

Ficaram as duas à beira do peitoril, sem dizer uma palavra desde o momento que chegaram.

— O que você consegue ouvir daqui? — Lena quebrou o silêncio fazendo uma pergunta.

— Tudo — respondeu Kara. — Posso ouvir cachorros latindo, o metrô funcionando, crianças jogando bola, mães ensinando seus filhos a andar de bicicleta; buzinas de carro, tilintar de talheres, copos quebrando.

— É muita coisa. — Lena comentou, olhando para Kara. — É o tempo inteiro?

— Só quando presto atenção, mas as vezes sou interrompida por algum barulho inoportuno.

O silêncio voltou a reinar entre as duas. Lena pensava em milhares de perguntas para fazer, mas ao mesmo tempo não conseguia pensar em palavras para fazê-las. Até que teve uma súbita ideia que iluminou seu rosto.

— Posso confiar mesmo em você, Kara Zor-El?

— Ué, claro que sim Lena. — Kara levantou uma sobrancelha em sinal interrogativo.

Lena abriu um sorriso, subiu no peitoril e se virou de frente para Kara, que estava atenta e tinha os olhos arregalados.

— É? — indagou novamente, abriu os braços e se jogou.

— Ah, Lena... — suspirou Kara, antes de pular em encontro à morena.

Quando Kara a tomou pelos braços, Lena gargalhava feito uma criança feliz.

— Isso foi engraçado.

— Engraçado? — Foi a vez de Kara rir, mas com escárnio. — Você podia ter morrido, já pensou se eu não te pego?

— Eu sabia que você ia me pegar, Kara, eu confio em você.

Houve uma conexão entre as duas, estabilizada pela troca de olhares que estava acontecendo. Naquele momento, os olhos de Lena de um verde intenso, enquanto os azuis de Kara esbanjavam serenidade. Nenhuma palavra saía da boca das duas, a brisa batia leve no cabelo de ambas, enquanto suas bocas pareciam se aproximar lentamente como um ímã. Kara pensou ser o momento perfeito, mesmo que não tivesse tido a conversa com Mon-El, ela queria aquilo, naquele momento, com aquela mulher deslumbrante.

Até que foi interrompida por uma buzina de carro.

Era óbvio que Lena não tinha ouvido, mas Kara sim, e se assustou com o barulho intenso, balançando a cabeça e fechando os olhos com força.

Beyond My Power // Supercorp PT-BROnde histórias criam vida. Descubra agora