Capítulo I

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Era uma tarde de outono, e eu estava sentado na frente de casa, deitado na calçada e olhando para o céu. Já tinha começado a escurecer e eu estava ali na esperança de conseguir ver a Lua, ou ao menos alguma estrela. O que, ultimamente, tinha se tornado impossível, já que de uns tempos para cá na cidade onde moro o único clima que prevalecia, independente da estação, era o nublado.

E esse clima parecia influenciar nas pessoas que ali viviam. Pois onde antes se via pessoas felizes que se cumprimentavam com sorrisos quentes e abraços, foi substituído por acenos de cabeça, e no máximo apertos de mãos frias.

Ah! Desculpe a minha falta de educação, eu sou Caio, um jovem sonhador. Nunca entendi muito bem o sentido da vida, mas sentia que eu tinha um propósito a seguir. Só queria descobrir qual seria.

Me levantei daquela calçada, me limpei e entrei no portão de casa. Mas antes que eu pudesse entrar dentro de casa, ouvi alguém me chamando. Olhei para o portão, mas não vi ninguém. Olhei ao redor para ver se era algum vizinho, mas os muros eram tão altos que acreditei ser impossível.

Fui até o portão e olhei para ver se havia alguém, mas a rua estava vazia. Então saí dali e fui em direção do final da minha rua, pois ali era um lugar que gostava de olhar. Era um lugar belo, mas ao mesmo tempo muito misterioso. E era o que me fazia sentir tanta vontade de entrar e conhecer, mas o que me sobrava de curiosidade, me faltava na coragem. Então voltei pra casa e fui dormir.

Porém, ao tentar dormir, foi muito estranho. Deitei e, com os olhos ainda abertos, sonhei:

Caminhava em meio a escuridão, sozinho, desorientado, mas sem parar de andar. Vagava sem rumo, eu sentia que estava indo à um lugar, só não sabia onde.

Conforme ia andando, comecei a sentir pontadas na nuca, que cada vez aumentavam e se tornavam constantes.

Parecia tudo tão real, sentia umidade em meus pés, folhas esbarrando em mim enquanto andava, a respiração pesada e ofegante, e uma horrível sensação que estava sendo observado.

Sentia que cada vez mais estava me aproximando de algo, algo frio, pois minha pele sentia um arrepio tão forte que chegava a doer.

Me senti fraco, mal conseguia me mover, mas ainda não conseguia parar de andar, eu simplesmente não controlava minhas pernas.

Fui tomado pelo medo e desespero, eu sentia que estava prestes a ver o que me fazia sentir tanta agonia. Uma névoa escura saía de dentro de uma espécie de caverna, e, então, pude ouvir uma voz que me dizia:

"Sua grande dor me atrai, criança".

Despertei.

Já era tarde da noite, estava suando frio, eu ainda não tinha fechado os olhos, mesmo assim não sentia uma mínima vontade de dormir. Eu agora podia sentir minhas pernas, doloridas, mas pelo menos estavam ao meu controle. Estava me acalmando, meu coração estava ainda muito disparado com aquele sonho, visão, ou seja lá o que foi que me aconteceu. Ainda sentia as dores na nuca, agora fracas, mas me faziam lembrar daquele sonho horrível.

Levantei e fui até o banheiro lavar meu rosto, eu precisava me acalmar. Eu estava pálido, minhas mãos tremiam, mas não me sentia fraco. Fui até a cozinha tomar um copo de água e fui deitar, torcendo para não ter mais nenhum sonho como aquele.

E não tive, muito pelo contrário, foi mais daquelas noites que você dorme, mas sente que nem sonhou, e acorda mais cansado do que quando foi dormir. Mas pelo menos as dores tinham passado, e eu já me sentia bem melhor.

Me arrumei, e resolvi sair, era cedo ainda, e o meu trabalho era somente a tarde, mas eu precisava relaxar e esquecer o que aconteceu na noite anterior. De vez em quando eu sentia como se estivesse dormindo acordado, as imagens voltavam à minha cabeça, e aquela voz sussurrava no meu ouvido.

O Segredo do BosqueOnde histórias criam vida. Descubra agora