Voltar à realidade não foi nada fácil, nem rápido, para nenhum dos dois. Dulce estava completamente relaxada, e Christopher ficou um longo tempo imóvel.
— É a mulher mais altruísta que já conheci, sabia? — ele comentou.
— Obrigada — Dulce murmurou, tomando consciência de que não conseguiria parar de amá-lo.
—Não, eu é que agradeço por você ser o que é. Obrigado. Christopher beijou-a carinhosamente. Voltariam a trocar carícias, se o telefone não tocasse naquele instante. Ele murmurou algumas palavras e fez menção de sair da cama, mas Dulce impediu-o.
Não atenda, deixe tocar — ela pediu, beijando-o.
— Não posso. Pode ser importante.
Ela se deitou sobre ele e movimentou-se sensualmente. Ele deslizou as mãos possessivamente por seu corpo, apertando-o contra si. Depois, empurrou-a gentilmente para o lado.
— Volto num minuto — disse. — Espere por mim, querida, por favor. —— Virou-se e tirou o telefone do gancho. — Alô?
Observava Dulce intensamente, fazendo com que uma onda de calor a percorresse. De súbito, pareceu irritado, sentando-se na cama, tenso.
— Belinda? — perguntou. — O que pensa que está fazendo, ligando para cá a essa hora da noite?
Dulce teve a sensação de que seu coração congelava.
Belinda, Belinda, Belinda. repetiu para si mesma. Claro, só podia ser belinda. Quem mais conhece a hora certa de estragar meus momentos com Christopher?
— Está dizendo que ligou para cá só para dizer que sua mãe ficou doente? — Christopher indagou, ríspido.
Anahí e Belinda, Belinda e Anahí, Dulce pensou. Não é uma só que está se intrometendo. São duas, as intrometidas.
—O quê? Quando? — ele perguntou, preocupado. — Tudo bem, querida, não chore. Ela ficará bem, com certeza. Uma operação para extrair o apêndice não é mais preocupante, hoje em dia...
Bufou exasperado, depois de ouvir algo que Belinda dissera.
— Lógico que me preocupo, mas sua mãe não é mais minha responsabilidade! — exclamou. — Tenho coisas mais importantes a fazer aqui...
Suspirou fundo, curvou os ombros e baixou a cabeça.
O que Belinda está querendo que ele faça?, Dulce perguntou-se. Christopher parece atormentado.
— Claro que não trouxe nenhuma mulher para cá! —ele mentiu.
Dulce sentiu os músculos enrijecerem numa reação de desapontamento e raiva.
Movendo-se devagar, saiu da cama e vestiu o robe.
— Sabe que te amo, minha filha — Christopher falou. — Mas, pelo menos uma vez, não pode cuidar disso sozinha?
Fosse lá o que fosse que Belinda respondeu, foi algo bastante forte para fazer Christopher render-se.
— Tudo bem, tudo bem! ele exclamou, impaciente. —Se realmente precisa de mim...
Parou de falar ao ouvir a porta do quarto abrir e virou-se para encarar Dulce.
Ela se virou e observou-o.
Vá, e essa será a última vez que fizemos amor, pensou.
— Claro, claro que volto — ele disse.— Vou pegar o próximo vôo.
Dulce saiu do quarto.
Três dias de sua total atenção?, falou a si mesma. magoada.
Caminhou até o bar e serviu-se de uma dose de conhaque francês, que tomou num gole só.
— Desculpe — Christopher pediu, entrando na sala. Dulce encarou-o. Ele já estava vestido. Ela deu-lhe as costas, magoada.
— Pelo amor de Deus, Dulce! Eu não tinha escolha!
— Escolha? Todos temos, Christopher. Você acabou de fazer a sua.
— Então é assim? Porque não pode me possuir por inteiro, não quer nada? Isso não a torna uma mulher possessiva e egoísta, Dulce?
— Em outras palavras, a menos que eu esteja disposta a me contentar com alguns momentos na cama, serei considerada egoísta.
— Não. Tento lidar com os problemas que aparecem em minha vida, da melhor maneira possível, mas sua insegurança quanto ao nosso relacionamento é problema seu, querida, e tem que lidar com isso sozinha.
— Minha insegurança, como disse, reside no fato de você negar minha existência! — Dulce gritou, irada. —Tem idéia de quanto me faz sentir insignificante?
— Gostaria que eu dissesse a minha filha angustiada para ligar quando eu tivesse terminado de fazer amor com você?
— Já havia terminado. E, quando o telefone tocou, você negou que eu existo, mais uma vez.
— Que praga, Dulce! Não dá para discutir com você agora. Tenho de ir. Não quer dizer que eu queira ir, apenas que eu tenho de ir! Dou-lhe minha completa lealdade, mas não posso fingir que não tenho compromisso com minha família. Não posso lhe oferecer mais nada!
— Leve-me com você! — pediu impulsivamente. — Se não quer me deixar, leve-me com você! Por favor, Christopher! Dê-me algo mais, além de seu corpo, para que nosso relacionamento possa seguir em frente!
— Tudo bem. Pode vir!
— Obrigada.
— Não me agradeça, Dulce. Estou aceitando isso sob protesto, como bem sabe. Quer mais de mim e está tendo. Mas isso causará problemas.
Ela sentiu-se culpada por pressioná-lo, mas não voltou atrás.
Ergueu o queixo, determinada, dizendo a si mesma que voltaria para Londres, quisesse ele, ou não.
— E os negócios com o sr. Brunner?— perguntou calmamente. — O que quer que eu faça, já que nós dois vamos deixar Zurique?
— Leve os relatórios. Poncho virá para cá daqui a alguns dias e poderá trazê-los com ele. Vou comprar duas passagens para o próximo vôo. É o suficiente, ou quer exigir mais alguma coisa?
— É o suficiente, por enquanto. Foi só o começo.
— Você é uma mulher exigente, Dulce.
— Mas ainda sou sua mulher, como gosta de dizer.
— Até daqui a pouco — ele disse, então foi embora.
Dulce sentou-se no sofá.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Escrava do amor
FanfictionEssa fanfic não é minha, é uma adaptação vondy. Espero ter gostem. Dulce sabia que o primeiro casamento de Christopher deixara cicatrizes profundas, mas ele ainda gastava boa parte de seu tempo com a ex-esposa e a filha mimada. Se Dulce quisesse um...