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Viajar com os pais para Tenerife fora a melhor decisão que Dulce tomara, em muitos anos.

Não apenas teve duas semanas de completo descanso, como também pôde conhecer melhor os dois aventureiros que a haviam posto no mundo.

Os três conversaram bastante sobre a poluição mundial e o desequilíbrio ecológico. Blanca explicou que o trabalho dela e do marido ajudava os biólogos que lutavam para preservar espécies em perigo.

Caminhar à beira do mar com os pais foi uma linda experiência para Dulce. O pai informava a que espécie pertencia cada pequena forma de vida marinha e por que era encontrada ali.

As vezes, Dulce tinha a impressão de que era tratada como uma criança ignorante, mas não podia dizer que isso não a agradava.

Percebeu que nunca se tornaria uma discípula dos pais. Muito tempo se passara, e não era mais possível mudar as circunstâncias que a haviam tornado o que ela era. Isso, sem contar a mágoa provocada pelas lembranças dos momentos de solidão na infância, quando se sentira negligenciada. Mas, pelo menos, estava aprendendo a entendê-los, talvez, admirá-los por sua total dedicação à causa que aviam abraçado.

Ao voltar para Londres, sentia-se muito mais tranqüila. As longas horas que passara na praia, bronzeando-se, sem nada para fazer, a não ser pensar, ajudaram-na a reorganizar a vida.

Amava Christopher, e esse era um fato inalterável. Mas concluiu que apenas seu amor não seria capaz de sustentar o relacionamento.

Precisava livrar-se por completo do poder de Christopher, e a única maneira de conseguir isso era sair da empresa, encontrar outro emprego e começar vida nova.

Foi com essa decisão que entrou em seu departamento, no edifício dos Uckermann, depois das duas semanas de férias. A primeira pessoa que viu foi Mitzy.

— Como você está bonita! — a secretária elogiou, olhando a pele bronzeada, que contrastava lindamente com os longos cabelos loiros. Porém, completou: — E está com sérios problemas!

Dulce sorriu. Fora com Mitzy que conversara, antes de ir para Tenerife, deixando a assistente com a tarefa de avisar Alfonso de que ela tirara duas semanas de folga, sem permissão.

— Não sei o que está acontecendo, mas desde que você resolveu sair de férias isto aqui virou uma bagunça — Mitzy informou.

— Como assim?                     

— Christopherc exigiu que Alfonso explicasse seu desaparecimento. Alfonso, então, perguntou-lhe se ele achava que você devia ficar eternamente à espera de um minuto de sua atenção. Christopher ficou furioso, e agora anda por aí, brigando com todo o mundo.

— E como você sabe de tudo isso?

— Porque fiquei escutando, colada na porta do escritório de Alfonso. Discutiram também sobre o contrato com o sr. Brunner, mas essa parte não entendi direito. O que acontece em Zurique?

— Nada. Qual foi o desfecho com o sr. Brunner?

— Oh, não sabe? Christopher acertou tudo, antes de sair de Zurique.

Dulce franziu a testa, intrigada.

— Mas ele não poderia ter feito isso— falou. — Nem entrou em contato com Franc Brunner!

Mitzy deu de ombros.

— Bem, tenho a cópia do contrato aqui, em algum lugar — disse, começando a remexer nos papéis sobre a m depois abrindo e fechando gavetas. — Achei!

Escrava do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora