último capítulo

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— Isso mesmo.

— Eu estava lá. O telefone tocou, ele foi atender e disse que a ligação não era para mim.

— Quer dizer que você nem sabia que eu telefonei?

— Não.

— Por que seu pai fez isso?

— Ele e minha mãe perceberam que eu não queria falar com você, nem com ninguém.

Meu pai me protegeu, do mesmo modo que Christopher protege Belinda, Dulce pensou, sorrindo, feliz com aquela sensação de ser amada, de pertencer a uma família.

— Por isso fiquei tão surpreso, quando você me contou que passou duas semanas com eles — Christopher comentou. — E, a propósito. como foram aquelas férias?

— Foram ótimas.

— Contou a eles sobre nós dois? — indagou Christopher, afagando o queixo dela. — Aposto que disse que me amava, mas que eu era um canalha. Por isso, para protegê-la, eles decidiram escondê-la de mim. Estou certo?

— Também gosto de me sentir amada e protegida. A doce Belinda não é a única!

— Amada e protegida por duas pessoas que a ignoraram a maior parte de sua vida? Ora, vamos, Dulce, confesse que ficou chocada, quando eles agiram como pais normais.

— Normais? Acha que você e Anahí são pais normais? Eu não acho e aposto que Belinda também não!

— É verdade, mas nunca neguei amor a minha filha. Sabe, Coelhinha, quando conheci você, logo percebi que estava sedento de afeto.

Dulce sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, porque Christopher tinha razão. Na época em que o conhecera, estava cansada de ser rejeitada pelos pais e parentes mais próximos, sem falar na decepção que experimentara em desastrosos relacionamentos amorosos.

— Descobriu que eu era carente de amor e aproveitou-se disso — acusou.

Christopher suspirou, concordando com um gesto de cabeça.

— Mas só percebi que estava me aproveitando, naquela madrugada em Zurique, quando você pediu para voltar comigo para Londres. Vi que a fazia ansiar cada vez mais por meu amor, que era dessa maneira que a estava usando.

Christopher respirou fundo, passando a mão nos cabelos pretos e lisos.

— Não posso mudar o passado, mas posso controlar o futuro — continuou. — Você me perdoa, Dulce? Por favor, me dê uma segunda chance.

Uma segunda chance?, ela repetiu mentalmente. Tenho vontade de rir. Eu o amo tanto, que sou capaz de dar-lhe quantas chances ele quiser.

Christopher afagou os cabelos dela.

— Só preciso beijá-la, para levá-la à submissão — declarou sedutoramente. — Em dois minutos, sou capaz de colocá-la sob meu poder.

— E eu, sei que pontos de seu corpo devo tocar, para fazê-lo perder o controle, em poucos segundos! — Dulce retrucou com malícia. — Sou capaz de fazer isso agora, mesmo com o perigo de sua filha, Anahí ou seu irmão aparecerem!

Christopher sorriu, nem um pouco embaraçado ao ouvi-la declarar aquela verdade.

— Podemos ir para casa — sugeriu sensualmente.  — Com a porta trancada, e o telefone fora do gancho, vamos ver quem perde o controle primeiro.

— Não adianta Christopher. Não vou me casar com você!

— E por que não?

— Porque ainda não implorou o bastante. Quero você de joelhos, Christopher. Só sua completa entrega me deixará satisfeita.

— Então, entre no carro. Deixe-me levá-la para onde me entregarei, de corpo, alma e coração.

— Que casa? — Dulce perguntou, lembrando-se de ele tinha três residências.

— O apartamento de Chelsea, claro. Estamos muito longe de Berkshire, e estou muito ansioso para..

— E o apartamento em Knightsbridge? — ela quis saber, entrando no veículo. — Ainda não tenho permissão para entrar lá?

— Que o apartamento em Knightsbridge se exploda — Christopher falou, ajudando-a a entrar no carro. — Nem cheguei perto de lá, desde que você se mudou para Chelsea! —exclamou.

Acomodou-se no banco do motorista e colocou o cinto de segurança.

— A única cama em que quero dormir, Coelhinha. é aquela que divido com você — declarou. — E é para lá que vamos agora!

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— Está bem assim? — Christopher perguntou, beijando o pé de Dulce apaixonadamente.

— Não. Quero mais.

— Mais? — Ele mordiscou de leve o calcanhar delicado.

— Assim?

— Mais, mais.

— Mulher sem coração — Christopher reclamou, brincalhão, estendendo-se ao lado dela. — Diga que vai se casar comigo, e eu lhe dou mais.

— Dê nome a esse “mais”.

Ele ficou calado por alguns segundos, pensativo, então beijou-lhe a orelha.

— Amor, casamento. Casamento com um homem que a ama, e filhos— declarou.

— Filhos? Quer realmente ter mais filhos?

— Mais pirralhos para pular em volta de mim? — ele indagou, fazendo uma cômica careta. — Claro que quero! Seus filhos, nossos filhos, crianças lindas, que terão uma irmã mimada, malvada e egoísta.

— Belinda não é malvada — Dulce protestou. — É super-protetora com aqueles a quem ama, só isso.

— Diz isso porque, de repente, ela se arvorou em sua protetora. Chega de “mais”, ou terei de lhe dar outros?

Ela afagou os cabelos pretos, depois arranhou a nuca larga numa carícia sensual.

— Vou aceitar o que está me oferecendo, mas ainda terá de passar por um ultimo teste — respondeu com voz enrouquecida de desejo.

— E qual seria esse último teste?

Dulce puxou-o para si, e Christopher começou a correr as mãos por seu corpo. Não tiveram pressa. Por longo tempo, tocaram-se de modo intimo e ardente, experimentando várias formas de prazer, até que não agüentaram mais.

Então, fizeram amor, entregando-se um ao outro de corpo, alma e coração.

***Fim***

Escrava do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora