A Herdeira Perdida - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 3 (COMPLETO)

Capítulo 9

NÌCOLLA ENTROU no pequeno supermercado em que trabalhava, como fazia há um mês. De costume, guardou sua bolsa e pertences pessoais no pequeno armário nos fundos do estabelecimento. Em seguida, apanhou um dos exemplares de jornais que se encontravam empilhados em um monte. A manchete do jornal destacava "Bilionário é condenado a 25 anos de prisão". O nome de Marcollo e demais informações ficavam no pequeno texto de apoio abaixo.

Então Marcollo foi sentenciado pelo que fez, afirmou ela, em pensamento. Mas é claro que sim! Tirou a vida friamente de outro apenas para ascender ainda mais no ramo petrolífero. O pai de seu filho. Isso ela não poderia mudar. Apesar de sua firme determinação em afastá-lo de seu bebê, ela não poderia modificar o fato de ele ser pai. Quando a criança crescesse e perguntasse pelo pai, o que ela diria? Que ele era um fruto de uma noite explosiva e que seu progenitor era um assassino? Afastou os pensamentos para longe, pensando em como se esconderia das pessoas que ela queria bem longe de si.

Depois que o bebê nascesse, sua rotina mudaria drasticamente. Por isso, era melhor economizar dinheiro agora, para depois, comprar fraldas, um bercinho e outros itens básicos para recém-nascidos. Agora ela teria uma linda e preciosa companhia, que encheriam seus dias de alegria. Bom, pelo menos era assim que ela pensava.

SER LEVADO POR mais policiais, como o pior dos criminosos e ser tratado como um assassino. Isso não nem um pouco ficaria barato para Marcollo, que foi levado a uma cela afastada, como a que esteve na delegacia. Porém, aquela era de segurança máxima, onde os principais bandidos eram levados, envolvidos com tráfico de drogas até armamento ilegal. Após a audiência, no dia anterior, seus amigos vieram falar com ele, os quatro, dizendo-lhe que tudo ficaria bem e que tinham certeza de que a justiça seria feita.

Christophe lhe pediu perdão por falhar com ele, pela primeira vez em muito tempo. Não era culpa dele e Marcollo sabia muito bem disso. Ele deu tudo de si no júri e apontou todos os argumentos possíveis. Entretanto, nem assim, o juiz se convenceu de sua inocência. Vinte e cinco anos preso, pensou amargamente. Todo esse tempo ficaria em uma cela escura e sombria, a não ser pelos intervalos em que ia tomar sol ou fazer as refeições com os demais detentos. Envelheceria ali dentro, naquela masmorra. Assim deveria ser chamado aquele lugar.

No seu primeiro dia como detento, os guardas lhe ordenaram que trocasse as roupas pelas do complexo penitenciário. Nada de visitas frequentes, a não ser do advogado. Regras claras e rígidas. É claro que ele não quebraria, do contrário, a situação ficaria ainda pior. Em uma das refeições, vários homens tentaram provocá-lo com piadas de mal gosto e xingamentos com o objetivo de irritá-lo.

Então, ele passou a comer afastado de todos eles. Para piorar a situação, Christophe foi visitá-lo em um dia na cadeia e lhe avisou que o Estado havia imposto um bloqueio de bens a ele. Isso significava que todo seu patrimônio, duramente conquistado, sobretudo a Bulgarelli Oil, estava nas mãos da Justiça.

Sua vida estava acabada, reclamou ao seu amigo. Preso, com os bens bloqueados e com a reputação manchada por toda a Europa. Todas as suas plataformas estavam sendo administradas como o Estado bem entendesse, sem que ele pudesse sugerir ou opinar em algo. Nunca havia passado algo tão injusto em toda sua vida. Ele tinha trinta anos. Ou seja, ele seria solto com cinquenta e cinco anos. Talvez fosse seu destino, sua maldição, pagar por algo que não cometeu. Possivelmente seria até seu fim.

Dois anos depois...

MARCOLLO PASSOU a mão pela barba por fazer. Há tempos não se barbeava. Há muito tempo deixou de pensar em si mesmo. Todo o tempo que esteve na cadeia, ele se tornou mais forte. Mais forte internamente, de espírito. Com o passar dos instantes, aceitou o fato de que permaneceria naquele lugar até sua morte, que morreria de desgosto. Ele sempre ficava calado em sua cela, comendo isolado dos outros. Conheceu todo tipo de gente no complexo penitenciário. Pessoas dos piores tipos.