Capítulo 19

7.6K 794 25
                                    

MARCOLLO A VIU SAIR pela porta do quarto de Celeste, deixando-o sozinho com a criança, que dormia como se nada tivesse acontecido. No entanto, ele sabia que aquele assunto não estava terminado. Desse modo, dirigiu-se ao quarto dela e bateu na porta, logo notando que estava trancada. Não querendo perturbá-la tarde da noite, apenas disse por trás da barreira que os separavam:

- Eu sairei por um tempo. Alguém me espera e não sei quando irei retornar.

- Para onde irá? - Ela inquiriu por entre lágrimas. Ele notou isso devido aos soluços misturados às palavras.

- Não direi agora. Apenas necessito ficar sozinho por um tempo.

- Irá para os braços de outra mulher?

Ele não respondeu.

- Se me trair, Marcollo, saiba que não suportarei uma infidelidade.

Ele deixou a casa e partiu ao lugar que precisava ir, mesmo em meio à chuva forte.

Claro, Marcollo havia mentido que alguém o esperava. Na verdade, sua vontade era de desaparecer. Sentia-se traído, como se todos à sua volta fossem mentirosos e sem escrúpulos. Quando soube que Luigi Campanaro confessara o nome do mandante após tanto tempo do crime, logo associou o nome com o que Nìcolla lhe contou.

Como Christophe suspeitara naqueles dias em que lhe visitava na prisão, o criminoso mandou matar Dante, e também pensou em incriminar Marcollo, para eliminar concorrentes de mercado. Com as empresas de posto de combustíveis de Nìcolla em mãos, a ambição de Fulgenzio foi tanta que matou uma pessoa para atingir seus objetivos desonestos e perversos.

O que levava uma pessoa a matar outra? Certamente, aquele homem deveria ser louco e ganancioso ao extremo, pensou Marcollo com repugnância. Além disso, antes de ser preso em Veneza, provavelmente alguém seguia seus passos e vigiava tudo que fazia. Com quem andava, o que negociava e onde estava, facilitando o esquema de Fulgenzio. Um inimigo que era invisível, que conhecia cada passo seu, e de Dante. No entanto, o pobre homem teve sua vida tirada.

A antiga casa de Nìcolla estava sob posse da Justiça, que buscava Fulgenzio como cães farejadores. Estava sendo acusado de homicídio qualificado, fraude de impostos e lavagem de dinheiro. Mesmo diante de tudo isso, Marcollo não estava convencido de que Nìcolla era inocente em todos os propósitos criminosos do padrasto, seu coração gritava para que acreditasse nela.

Tentou concentrar-se na chuva pesada que batia contra o para-brisa do seu carro de luxo. Com as mãos tensas no volante, ele desviava dos raios fortes e da chuva pesada que atingia seu veículo. Não podia ligar para nenhum de seus amigos, todos estavam ocupados com as esposas e filhos, com exceção de Trevor, Christophe e Antoine, que não eram casados. Além do mais, não queria incomodá-los, principalmente Leon, que estava na lua de mel com a mulher.

Desse modo, tudo que podia fazer era afogar suas mágoas em uma boa dose de uísque. Estacionou em frente ao um bar afastado de Positano, que ficava dentro de um hotel mediano. Não era tão sofisticado como costumava frequentar, mas seria bom quebrar os seus paradigmas uma vez. Debaixo da chuva forte, ele entrou no hotel quase vazio. Apenas um casal, que certamente era de turistas, estava tomando vinho com macarrão quente.

Sentou-se na banqueta e apoiou os braços fortes no mármore frio do balcão. Um homem pediu-lhe o que queria e respondeu falou numa dose forte de uísque escocês, o mais forte que tinha por ali. Mesmo que quisesse, seus pensamentos não afastavam de sua linda esposa e da filha, que agora encontravam-se sozinhas no palazzo. Engoliu o líquido dourado em de uma vez só, pedindo uma nova dose em seguida. Olhou para o celular no bolso. Duas chamadas perdidas de Nìcolla.

A Herdeira Perdida - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 3 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora