A Herdeira Perdida - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 3 (COMPLETO)

Capítulo 5

QUANDO ACORDOU NA manhã seguinte, Marcollo sentia uma forte dor na nuca. Deitado no ladrilho de pedra e com as costas doendo, lembrava-se de tudo como se fosse no último instante. Ele ainda não havia aberto os olhos, mas ouvia muitas vozes gritando, como se estivessem ordenando umas às outras. Quando finalmente piscou os olhos tom de caramelo, a primeira coisa que percebeu era que estava com uma arma de fogo na mão.

A segunda, ao estar mais desperto, era que vários policiais fortemente armados o cercavam e apontavam para sua cabeça. O que diabos estava acontecendo? Por que ele estava segurando aquela arma? No momento em que levantou, os policiais o agarraram pelos braços sem a menor cerimônia.

- Levante-se, seu assassino!! - Um policial gritou com ele, ao mesmo tempo que o levantava do chão com a maior brutalidade.

Outros três policiais corpulentos e armados o algemaram, imobilizando suas mãos atrás das costas. Marcollo não tentou lutar com eles, porque sabia que seria muito pior. Ficou calado, esperando dizerem o motivo, em especial, de estarem o prendendo.

- Marcollo Bulgarelli, você está preso por homicídio qualificado. Você tem o direito de permanecer calado. Qualquer coisa que disser poderá e será usada contra você durante as investigações e no tribunal.

Os olhos de Marcollo passaram por aquela rua, que agora era iluminada pela intensa luz do sol. O corpo de Dante tinha muito sangue espalhado ao seu redor. Várias pessoas curiosas, ainda fantasiadas devido ao Carnaval, o olhavam com profundo desprezo e indiferença, se perguntando o que levaria um magnata do petróleo matar outra pessoa. A cena do crime estava isolada com fita zebrada e vários outros policiais tentavam dispersar aquelas pessoas. Dois policiais o forçaram a entrar na viatura policial, que o levaria até a delegacia.

Ele entrou e perguntou-se, por que um assassino diria que seu trabalho estava concluído por ali? E por que bem na frente de sua casa? Porque aquilo foi cuidadosamente tramado por alguém, com intuito de colocá-lo atrás das grades, a fim de incriminá-lo por algo que não fez.

Ele se vingaria. Assim que Christophe Dujardins, seu amigo e advogado da Bulgarelli Oil, o defendesse e o tirasse da cadeia, ele iria descobrir quem era o mandante e iria persegui-lo até o fim do mundo, se fosse necessário. O coração encheu-se de ódio naquela ocasião, e quem sabe, nunca mais voltaria a ser o mesmo.

NÌCOLLA QUASE PULOU da cama com o susto que teve. Sonhara com seu padrasto, jurando que a encontraria. Com o coração aos pulos, tateou a cama estranha e incomum para ela. Ela costumava dormir em um colchão de solteiro e não muito macio, comparado àquele que estava deitada. De repente, lembrou-se de tudo. Que não estava mais na sua casa, que havia fugido e que passou uma noite tórrida ao lado de um desconhecido. Uma noite tão intensa que ficaria para sempre marcada em sua alma, pensou.

Aquele homem era tão bonito, que ela jamais poderia esquecer de seu rosto forte e do corpo musculoso. Ela percebeu que ele não estava lá. Talvez tinha saído ou estaria em algum recinto daquela casa enorme. Sentou no colchão macio e ouviu gritos e falas imperativas vindo da rua, logo à frente. O som de viaturas de polícia e discussões. Como estava nua por baixo do lençol, Nìcolla fez questão de pegar um dos robes de Marcollo para se cobrir. Depois, abriu disfarçadamente a cortina da janela para verificar o que estava acontecendo na viela à frente.

Marcollo estava sendo algemado e empurrado por um policial fortemente armado. Ela observou outros pontos da rua. Pessoas aglomeradas e barradas por fita zebrada, querendo saber o que tinha acontecido ali. Um carro de polícia, muitos policiais e um corpo ensanguentado no chão. O que aconteceu ali? Ela se perguntou. Teria Marcollo matado aquele homem? Não, não podia ser. Por que ele faria uma coisa daquelas? Ela não sabia a resposta, mas provavelmente, a notícia seria manchete nos principais jornais italianos, e Nìcolla logo saberia o motivo.