Numa manhã de outono, Melissa aos 19 anos recebe a notícia: Grávida.
Estando no segundo ano da faculdade de Letras ela vê sua vida entrando em choque.
Melissa toma uma decisão que mudará sua vida.
Ela transfere seu curso e se muda para a cidade de...
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As aulas no novo pólo da faculdade já começaram, estou no terceiro mês de gestação e ainda não consegui um emprego, o que é desesperador. Talvez seja difícil arrumar um emprego sem muitas opções no seu currículo, o que eu não achava que seria um problema porque muitos contratam esse tipo de mão de obra para pagarem algo mais em conta.
Minhas economias devem durar para mais ou menos, mais três meses. Isso porque não comecei a pagar o aluguel ainda e só gasto pagando água, luz, internet e comida, pois se não elas já estariam no fim. Me sinto incomodada pelo fato de não ter começado a pagar Seu José e Dona Marta, se eles colocaram a kitinet para alugar é porque certamente também precisam desse dinheiro.
Meus enjoos pararam faz duas semanas e eu espero que eles não voltem e assim posso voltar a tomar meu precioso café, talvez amenize a sonolência que eu ando tendo. Eu só sinto vontade de comer, dormir e chorar. Eu sempre fui maria mole mas depois que a gravidez começou se eu ver uma mãe com uma criança na rua eu já sinto vontade de chorar.
Isso não tem sido muito bom porque todas as vezes que recebo um não para algum serviço eu desabo. Na minha nova faculdade ninguém ainda sabe que serei mãe, mas eu já fiz algumas amizades.
Termino de tomar meu café da manhã e noto que tudo ficou no meu estômago, pego a bolsa, cadernos, uns trocados e minha chave. Hora de ir estudar. Eu andava em média quinze minutos até o metrô e mais quinze nele até chegar no pólo. Estou vestindo uma calça legging preta, um coturno preto e uma bata cinza que ajuda a disfarçar minha barriguinha que já estava saliente, de manga longa junto de um casaco preto que carrego no braço.
- Eai novata! - Amanda vem falar comigo. Ela é da minha sala e uma das que fizeram amizade comigo de cara.
- Ei Amanda, a aula já começou? - Dou um abraço nela.
- Que nada, desencana. Então, até quando vai esconder de mim esse nenê ai crescendo? - Caímos na risada.
- Como você sabia?
- Querida, eu sou a mais velha de quatro filhos, sempre reconheci quando minha mãe estava grávida e com você não foi diferente.
- Está certo. Estou de três meses. - Sorrio e ambas colocamos as mãos na minha barriga.
- Ah que amor! Logo você vai saber se é menina ou menino.
- Estou ansiosa pra isso. - Rimos novamente enquanto caminhamos em direção a sala.
As aulas do dia me consomem por completo, Linguística III, Teoria literária e Produção Textual fizeram minhas mãos doerem de tantas anotações. Os professores eram incríveis também, até agora nenhum havia me decepcionado, eles tinham amor ao dar aula, empolgação e isso conquistava a galera. Fora os temas, eu não podia estar em melhor curso. Se tem uma coisa que eu aprendi com minha mãe é: Estude o que você ama fazer e nunca se cansará.
