Numa manhã de outono, Melissa aos 19 anos recebe a notícia: Grávida.
Estando no segundo ano da faculdade de Letras ela vê sua vida entrando em choque.
Melissa toma uma decisão que mudará sua vida.
Ela transfere seu curso e se muda para a cidade de...
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Inacreditável como o tempo passa e a gente nem se dá conta disso. Após finalmente chegar ao final eu sinto que tudo está apenas começando e que eu estou me reencontrando a cada dia.
Não foram quatro anos seguidos, foram cinco entre pausas, dificuldades e momentos de pensar na desistência. Eu era mãe de dois e quase esposa de um mega famoso. Eu realmente não esperava nem metade do que vivi nos últimos tempos.
Estávamos a um passo de pegar um papel. Um mero papel que não conseguiria descrever quem éramos ou quem de fato nós iríamos se tonar. Escolher a faculdade de Letras era pra mim estar entre dois grandes amores, dar aulas e os livros. Eu ainda não sabia qual dos dois seguir mas espero conseguir os dois juntos.
No caminho para a colação de grau que seria em campo aberto eu estava quieta demais e o Chris notou.
- Vai dar tudo certo, não precisa ficar nervosa. - Chris pega minha mão.
- Eu não estou nervosa, só que, não sei dizer. Sei que é o certo e que isso é tão natural. Mas eu sinto como se estivesse perdida.
- Bem, acho então que esse é o primeiro passo pra você se encontrar.
Dou um beijo na mão dele e olho para o banco de trás e vejo nossos pequenos. Crescendo tão rápido e penso novamente em como o tempo é bom e cruel, porque as vezes não percebemos o quanto ele nos dá e o quanto ele nos tira também.
Seguimos o caminho ao som de algumas músicas e chegamos ao local combinado.
Chris e as crianças vão para as cadeiras dos convidados e eu para as dos formandos.
Abraço meus colegas, professores e também um misto de saudade toma conta de mim. Sabe, tanta gente ali que me apoiou a não desistir, a continuar acima de tudo pois o caminho já estava ali e eu precisava seguir.
Sento-me e a apresentação começa. Não seria apenas meu curso, havia mais turmas para se formarem então eu sabia que esse dia além de nostálgico seria mega cansativo pelas horas sentadas.
Eu esqueci de contar, eu era a Oradora da Turma, tá ai mais uma coisa que eu nem havia preparado muito bem. Na verdade eu não preparei, acho que sou a primeira oradora a fazer isso. E nesse momento eu tô bem nervosa.
Eles chamaram turma por turma, orador por orador e chegou a minha vez. Subo os degraus do palco com cuidado para não tropeçar na própria beca, isso seria demais né.
Ajeito o microfone e sem nenhum papel na mão olho para as dezenas de cadeiras e olhares curiosos bem a minha frente. Respiro fundo e começo.
- Bem, como vocês podem ver, eu não tenho uma colinha ou um discurso preparado e acredito que o que eu disser de agora em diante será literalmente o que eu penso. Acredito muito que a vida não é feita de planos. Muitos de nós planejávamos nos formar em outra data, como por exemplo eu. Acredito ainda que a vida, mesmo que nós façamos nossos planos, não vai seguir o que nós queremos e se é que queremos. Vamos sair daqui hoje com a certeza que concluímos uma etapa muito importante, mas sairemos também com a certeza de muitas incertezas. Incertezas sobre o dar certo. Não sabemos se vai dar certo, se vamos conseguir mudar algo na próxima esquina ou se mudaremos a vida de um aluno, e ainda se encontraremos um livro nosso em alguma livraria por ai. Não sabemos. E por não saber que devemos tentar, tentar tudo que estiver ao nosso alcance, porque só por estarmos aqui hoje, sabemos que mesmo estando na dúvida do dar certo, já estamos no caminho certo. Boa noite.
Seis meses depois
Acordo correndo com meu despertador a mil e sei que o dia será corrido. Adivinhem, estou trabalhando numa escola particular aqui do bairro e lecionando Língua Portuguesa.
Chris acorda junto comigo e vamos arrumar as crianças pra escola. Mariana já ia para o maternal e Bento o pré na escola em que eu trabalhava. Hoje eu também teria uma notícia, não sei se seria boa ou ruim mas estava muito ansiosa.
Seria a resposta de um estágio em uma editora, como eu trabalhava na escola apenas pela manhã e montava os meus planejamentos de aula semanalmente eu tinha um controle do meu tempo, até por conta das crianças.
Se eu conseguisse trabalhar como revisora da editora eu poderia trabalhar do meu próprio escritório de casa, o que seria ótimo para mim.
- Tenha um bom dia e boa sorte com o estágio! - Chris diz pela janela do carro e eu o beijo.
Mariana no meu colo e Bento do meu lado e seguimos para entrar na escola.
Minhas aulas eram tranquilas, turma do ensino médio então eu não tinha muitos problemas com comportamento, fora que criamos uma relação de companheirismo muito boa e eles amavam falar com os pequenos todas as manhãs, nem preciso dizer que eles também adoravam o Chris né?
Voltamos para casa na hora do almoço e eu sentei para comer e não parava de chegar os emails.
A cada atualização da página eu comia e olhava.
- Fica calma, desse jeito você vai engasgar. - Chris me olha e dá risada.
- Eu não aguento mais esperar, por que eles não enviam logo? - Pisco e o e-mail chega.
CONTRATADA
Era tudo que eu precisava, Mari estava no meu colo e eu dou um pulo com ela e rodamos no ar.
Eu tinha absolutamente tudo que precisava.
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