Capítulo 4 - Não conte para ninguém.

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Jornal do dia.

Notícias quentes sobre as semifinais do campeonato regional de futebol entre as escolas. O Cachorrão da Primavera (time do internato) avançou para as finais após uma partida emocionante fora de casa. Raphael, nosso atacante camisa 10, marcou dois gols e chegou a marcar um terceiro, porém a bandeirinha anulou, alegando que estava impedido. Com essa vitória o Cachorrão avança para as finais, o adversário ainda não foi determinado.

Matéria escrita por: Arthur Silva.

            Matéria escrita por: Arthur Silva

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4 de novembro. Sábado.

Acordei cedo, chovia muito, não tinha aula hoje. Alguém batia na porta do quarto, Laura estava dormindo como um bebê foca gigante. Levantei e abri a porta, de camisola mesmo. Para minha surpresa era um policial, vestindo um jaleco preto para se proteger da chuva, estendia o distintivo, seu nome em negrito: Lenine. A arma presa na cintura. Parecia mais um investigador do que policial militar. O que um policial quer com uma adolescente de 16 anos? Pensei em perguntar, mas poderia ser presa, eu acho.

-Bom dia senhorita. - Ele olhava apenas em meus olhos, respeitosamente - Estamos fazendo apenas algumas perguntas relacionadas ao desaparecimento de Lucia Remis. Parte do protocolo. Seu nome é Rebecca Ramos, certo?

-Sim. - Eu estava parcialmente escondida pela porta de madeira.

Os corredores estavam vazios, pensei em pegar o celular para ver que horas eram, mas hesitei.

-São só algumas perguntas, se não se incomoda.

-Manda ver. - Forcei um sorriso amistoso, era o máximo que conseguia fazer.

Ele olhou para mim enquanto sacava um bloco de anotações do bolso e puxava uma caneta bic azul.

-Qual sua idade?

-Dezesseis anos.

-É natural daqui?

-Não.

-De onde exatamente?

-São Paulo, capital.

Ele escrevia em seu bloco de anotações enquanto me olhava, poderia ser escritor nesse ritmo.

-Qual sua relação com Lucia? Já conversou com ela alguma vez ou já a viu, qualquer coisa do tipo.

-Já conversei com ela algumas vezes, mas só isso.

-Eram colegas?

-Não exatamente.

Ele mudou o semblante, abaixou o bloco de anotações e me encarou, então disse:

Fuja.Onde histórias criam vida. Descubra agora