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Ontem não pude ir ao trabalho depois de todas aquelas lembranças, e hoje, terça-feira, tive que ficar até tarde para revisar as ideias da matéria do mês de abril. Mark não quis me substituir, pois achou muito complicado avaliar tudo. Ele deixou alguns e-mails que foram respondidos positivamente.
Não tive coragem de perguntar sobre o possível atentado contra Killian a anos atrás, mas perguntei sobre ele nunca ter mencionado Mark na época do colégio. Sua desculpa foi que  achou que eu me lembrava, mas nunca me importei em comentar sobre, por isso deixou para lá. A questão é que eu não me lembrava.

Desço do carro com os saltos nas mãos por meus pés estarem com bolhas e doloridos. Abro a porta entrando no local onde senti tanta falta. Voltar para a casa me traz conforto.
Vou em direção ao sofá para descansar um pouco, mas Killian está apagado com Lizzy ao seu lado.
Eu disse para ele ficar longe ou levá-la para a casa dele, mas parece que esse homem não me ouve!

— Killian!

Ele não se mexe. Eles estão abraçados. A coisa mais fofa do mundo.
Suspiro e subo as escadas em busca de uma manta, a encontro e desço novamente os cobrindo. Já são mais de onze horas. Não sei se Lizzy jantou, mas por via das dúvidas vou preparar algo rápido. Macarrão a bolonhesa.
Pego o pacote de macarrão e encho uma panela com água a colocando no fogo alto. Pego a carne moída na geladeira e a coloco em outra panela, já temperando tudo. A água começa a ferver e é a hora de despejar o macarrão, mas quando iria fazer, uma mão surge ao meu lado o fazendo. Me viro para o lado e dou um pulo colocando a mão no peito por conta do susto que levei.

— Desculpe, não queria te assustar.

— Acho que você deveria pedir desculpas por outras coisas...

— Eu sei que não deveria ter entrado aqui, mas não adianta, Lizzy me arrastou e disse para eu ir antes que você chegasse, mas dormimos.

— Tudo bem, que seja.

Volto a mexer a carne moída. Ele abre o saquinho de molho e o joga sobre a mesma. Mexo mais um pouco e deixo ferver. Killian vez ou outra mexe o macarrão para não grudar.
Estamos em sincronia, nada no nosso casamento era mais natural do que cozinharmos juntos, já que ele é péssimo sozinho.

— Vocês jantaram? – indago.

— Fiz uma omelete para nós, mas queimou então... Lizzy deve estar com fome assim como eu.

— Você poderia ter pedido algo.

Ele da de ombros.

O macarrão fica pronto. Ele despeja a água e o coloca em uma travessa. Desligo o molho e coloco a panela sobre a mesa ao lado do macarrão.
Aviso que vou acorda-la e se ele quiser já pode se servir. Lizzy está babando, o que significa que está em sono profundo. Agacho ao seu lado e beijo sua cabeça acariciando seu cabelo.

— Acorda bebê.

Ela nem se mexe. Cutuco sua barriga e ela dá um pulo.

— Que susto mãe! – sua mão vai ao peito – quer me matar?

— Não – sorrio – vamos comer?

— Você voltou tarde... Cadê o papai?

— Está na cozinha, ele vai comer com a gente.

Os olhos dela brilham a fazendo se levantar no mesmo instante e ir para a cozinha. Vou atrás me sentando ao seu lado. Killian está na nossa frente com a boca toda suja de molho por dar grandes bocadas.
Me sirvo e Lizzy pede para eu servi-la, mas nego já que ela tem duas mãos perfeitas.

— Acho que você é muito preguiçosa. – Killian diz a ela.

— Eu não sou não, você que é! – ela rebate.

Eu ainda te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora