Epílogo

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Alguns anos depois...

Killian:

Às vezes eu me lembro de certos momentos que não gostaria de me lembrar. Eles eram aqueles momentos que você sente e sabe que nunca irão se repetir e que você sempre se lembrará deles com certa melancolia por não se repetirem.
Eu estou sentado no sofá da minha sala de estar enquanto observo Thomás montar o Lego que lhe dei de aniversário ano passado. Ele junta as peças azuis com as vermelhas tentando montar uma espécie de robô e de certo modo se parece com um.
Meu garotinho tem seis anos e é a criança mais linda e inteligente que já conheci. Eu sei que isso soa clichê, visto que todos os pais dizem isso de todos os seus filhos, mas quando há amor, eles se tornam criaturas mágicas e incríveis.

— Papai olha! – ele ergue o robô na altura de seu rosto para que eu possa ver melhor.

— Nossa! Esse robô ficou incrível! Ele pode voar?

— Ainda não fiz as asas, você quer me ajudar? – posso ver o brilho de seus olhos com a ideia de brincarmos juntos.

— Vou adorar. Você vai ver como minhas asas vão ficar maiores que as suas! – sorrio e em um pulo do sofá para chão, estou ao seu lado selecionando as peças vermelhas.

— Mentira! As minhas vão ser maior do que o tio Barry!

Sorrio fraco e continuo a minha caça as peças vermelhas.
Eu fico com Thomás três vezes por semana. Emma e eu decidimos entrar em um acordo sem envolver a justiça. Pago a pensão em dia e sempre dou a atenção necessária ao meu filho. Vivemos bem, apesar de certos feriados. Sabe aqueles que se passa com toda a família? Então. Eu não tenho família ao não ser a de Emma, por isso estou sempre em todos os feriados, e em todos eles sou obrigado a ver Barry aos beijos com Emma. Não é nada vulgar ou sem educação, mas não deixa de ser um incomodo. Eu sempre me sinto constrangido e inquieto. Sei que ela tenta ao máximo não beija-lo na minha frente ou trocar carícias, mas percebo que quando acontece, ela fez sem perceber. O amor deles é natural.
Já eu, durante todos esses anos não tive mais que algumas transas. Eu até tentei namorar, mas não durou nem uma semana, sabe por quê? Ela não era Emma.
Emma. Minha ex-mulher. Meu verdadeiro e único amor.
Se eu fechar meus olhos tenho o deslumbre do momento que estava recordando.

10 de março - 2001

Emma veste um moletom enorme que bate nos seus joelhos e seus pés estão descalços sobre o piso frio da cozinha.
Ela tentou arrumar o cabelo da maneira que ela mesma se acha sexy. Um rabo de cavalo alto preso do lado esquerdo.
Nos casamos a pouco tempo e talvez Emma ache que eu só a pedi por ela estar grávida, mas a verdade não é essa. Com certeza não.
Eu a pedi em casamento, pois no exato momento que ela me contou sobre a gravidez, eu não desejei em nenhum momento se quer que ela não estivesse.

— Você está me observando há quanto tempo?

Emma me faz piscar duas vezes. Sua voz me traz de volta a realidade.
Eu a observava enquanto suas mãos se moviam para lá e para cá enquanto preparava o jantar. Um fantástico macarrão de gravatinha com manteiga e sal. É um prato infantil, mas adoramos.

— Só por alguns minutos.

— Psicopata. – ela zomba ao terminar de servir nosso macarrão em tigelas individuais. – está pronto. Da próxima você me ajuda.

— Eu lavo a louça.

— Perfeito.

Passamos o restante da noite sentados no sofá comendo nosso macarrão e assistindo um péssimo programa sobre a vida selvagem. Apesar do momento não ser diferente do restante dos outros dias que passamos juntos, apesar da comida simples e do programa péssimo, eu me sinto completo. Estar com Emma e poder sentir nosso bebê é a coisa mais maravilhosa do mundo e nada jamais poderá se comparar a isso. Nem mesmo sexo no chuveiro.

Eu ainda te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora