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9 de agosto - 2002

— Killian, está na hora!

Ele estava cochilando no sofá da minha sala de estar, enquanto eu preparava uma limonada.
Agora ele está desorientado puxando os cabelos feito um louco.

— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – grito impaciente – MINHAS CONTRAÇÕES COMEÇARAM HÁ MEIA HORA, AGORA ELAS VÊEM DE CINCO EM CINCO SEGUNDOS E... – faço outra careta acariciando minha barriga. – VOCÊ NÃO PARA DE SURTAR! E ESTOU MORRENDO DE VONTADE DE TOMAR LIMONADA, MAS ESTÁ NA HORA, ELA VAI NASCER!

— Querida – papai acaricia minhas costas e por um triz eu não arranco sua mão. – vou te levar, vamos lá, Killian está... – ele olha para Killian que continua andando de um lado para o outro puxando os cabelos – em transe.

— Papai... – faço outra careta e olho para Killian – Killian, por favor!

Ele finalmente olha para mim e vem em minha direção tomando minhas mãos e me dirigindo até o carro.
Papai está sentado no banco do motorista, mamãe está ao seu lado, Killian e eu estamos atrás desesperados.
Será nosso primeiro bebê... E eu só tenho dezoito anos.

— Sarah ficará com a vizinha – mamãe diz para papai – agora pise fundo Arnold.

Ele pisa fundo a obedecendo e em questão de minutos chegamos.
A enfermeira me leva até o quarto e confere minha dilatação.

— Vamos te levar para a sala de cirurgia.

— Eu assinei o papel. Parto normal.

— Tudo bem, mas caso não dê certo, você precisa estar lá para tirarmos o bebê.

— Moça, você não está entendendo. Eu não vou conseguir chegar até lá. – sinto uma dor ainda maior. Uma queimação. É pior que a morte, e olha que eu nunca morri.

Faço força. Ela não pediu, mas não precisa, pois meu bebê quer sair.
Respiro fundo tentando recuperar minha força. E então eu empurro novamente, só que mais forte.
Ela percebe a situação e chama um médico rapidamente, que se posiciona na minha frente e me incentiva a ir com um pouco mais de força.

— Vai amor, você consegue – Killian finalmente para de observar a cena e pega minha mão a beijando.

Faço mais força, mais do que achei que seria possível e de repente, o alívio toma conta do meu corpo fazendo meus músculos relaxarem. Ela saiu. E chora muito, muito, muito alto. Ela está bem.
Killian beija minha têmpora e me elogia, para depois se aproximar do médico que segura nossa filha. Ele sorri todo bobo e pede para segura-la.

— Espere um momento – ele a envolve na manta que a enfermeira lhe entregou e a da nos braços de Killian. Ele a traz até mim e a coloca sobre meus braços.

— Oi bebê – olho para ela que ainda chora – a mamãe está aqui agora, não precisa mais chorar. – beijo sua testa de olhos fechados e seu choro vai cessando aos poucos.

— E o papai também – ele segura sua mãozinha e ela aperta de leve seu polegar – que garotinha forte!

Olho para ele sorrindo enquanto meu rosto está coberto por lágrimas. Lágrimas de alegria.
Ele retribui o olhar e cola nossas testas, sorrindo todo feliz.

— Elisabeth? – digo.

— Elisabeth – ele repete.

Nossa Elisabeth.

Eu ainda te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora