O dia do incidente
Trabalho como editora chefe na revista Ocla, que está entre as melhores revistas de economia e bem estar da Califórnia. Esse trabalho me vem corroendo e me desgastando há seis anos. Sempre que a algum problema tenho que vir correndo corrigir, pois os estagiários são uns incompetentes e não conseguem dar conta nem de um artigo simples que ficará no cantinho da revista. Mark, meu assistente, é um ótimo escritor, suas ideias e inteligência me ajudam há ter mais tempo em casa, pois assim, ele me manda um e-mail que eu verifico e pronto. Tenho tempo para Lizzy e Killian. Mas hoje, logo hoje que confirmei que jantaria com Killian, eles apagaram sem querer toda matéria deste mês. Agora tenho menos de quatro dias para organizar novamente toda a revista.
— Sarah, avise Killian que vou ter que ficar mais um tempo no trabalho.
— Por que você não avisa?
— Ele está trabalhando, não quero atrapalhar, só avise ok? Meu celular vai ficar desligado, preciso me concentrar.
— Ok. Você volta que horas mais ou menos?
— Acho que só de madrugada. Apagaram a matéria toda deste mês e eu preciso refazer.
— Nossa... Boa sorte, tchau.
— Tchau.
Encerro a ligação e desligo meu celular o colocando ao meu lado.
As próximas horas se passam depressa e quando levanto para pegar uma xícara de café, vejo no relógio de ponteiro da cozinha que são cinco e meia. Cinco e meia. Balanço a cabeça e volto para a sala gravando tudo o que consegui refazer no meu pen drive. Vou deixar o resto para depois, agora preciso voltar para a casa.
Não a ninguém na empresa, além do segurança. As pessoas chegarão daqui a pouco, então apresso meus passos,pego o táxi por precaução, pois posso dormir enquanto dirijo e chego em casa rapidamente.
Abro a porta e jogo minha bolsa no sofá tomando rumo à escada para o meu quarto. Encontro minha cama vazia, estava esperando encontrar Killian somente de cueca ou nu enquanto dorme pesadamente, mas ele não está aqui. A cama está toda arrumada. Franzo o cenho imaginando que possa ter ocorrido uma emergência na ONG onde ele além de ser dono, trabalha como veterinário, mas é nesse momento que ouço seu ronco.
Caminho devagar pelo corredor seguindo o som. Vem do quarto de Sarah, minha irmã mais nova. Coloco a mão na fechadura e a giro devagar abrindo a porta na mesma velocidade.
Primeiro vejo seus pés, em seguida suas coxas, logo depois seu pau descoberto e por fim seu peito.
Sarah também está nua deitada ao seu lado. Os dois dormem pesadamente.
Meu coração começa a acelerar de uma maneira que nunca achei possível. O doce do café se torna amargo na minha boca e meus olhos estão transbordando em desespero.
Ele me traiu. Ele comeu a minha irmã de baixo do nosso teto, da nossa casa.— QUE MERDA É ESSA? – grito.
Eles despertam assustados e Killian parece confuso. Ele olha ao redor e depois para si mesmo cobrindo-se rapidamente. Sarah está sorrindo como a verdadeira puta que é e nem sequer se cobre. Killian levanta com a coberta em si e vem até mim.
— Emma, você entendeu errado não aconteceu nada, eu posso explicar.
— O QUE? QUE VOCÊ COMEU A MINHA IRMÃ ENQUANTO EU ME MATAVA DE TRABALHAR? FOI ISSO? – dou um passo à frente e meto a mão na sua cara com força. – COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COMIGO?
— Emma, eu posso explicar, me es...
O interrompo.
— CHEGA DE MENTIRAS, CHEGA! ENTÃO AS NOITES QUE EU PASSEI NO TRABALHO DURANTE ESSE TEMPO QUE SARAH ESTEVE AQUI, VOCÊS ESTAVAM TRANSANDO? QUANDO VOCÊ DEMORAVA DE MAIS NO SEU TRABALHO VOCÊ ESTAVA COMENDO OUTRA?
— Amor, para de gritar, não aconteceu nada, eu... Eu não fiz nada!
— Killian, eu não quero te ouvir. Sai da minha casa!
— Mas essa é no...
O interrompo novamente.
— SAI DA MINHA CASA! VOCÊ E ESSA VADIA! – saio do quarto batendo a porta com força. Killian vem atrás de mim – para de me seguir. SAI!
Ele segura meu braço e eu me viro olhando em seus olhos. Eles estão confusos, em pânico e repletos de dor. Ele está com dor. Killian está chorando fazendo aquele bico fofo de quando está muito triste, mas não posso deixar que essa carinha me influencie. Ele me traiu. Ele mentiu.
Tiro sua mão de mim e volto a andar me trancando no nosso quarto.— EMMA, ABRE A PORTA POR FAVOR, EU TE AMO AMOR, EU NUNCA FARIA ISSO, VOCÊ NÃO VÊ NOS MEUS OLHOS? VOCÊ SEMPRE DIZ QUE SABE TUDO O QUE EU ESTOU SENTINDO PELOS MEUS OLHOS. AMOR ACREDITA EM MIM, ME OUVE. POR FAVOR.
Coloco as mãos no meu ouvido e me encolho no canto da parede chorando o máximo que meus olhos conseguem. Respirando o mais fundo que meus pulmões são capazes. Sentindo a dor mais forte e intensa que meu corpo suporta. Não. Essa dor meu corpo não suporta. Eu provavelmente morrerei.
— Emma! – ele bate novamente – Eu te amo. Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo...
Sua voz vai diminuindo aos poucos, mas não porque Killian a diminuiu, mas sim, porque meu corpo está apagando. E então, não há nada.
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Eu ainda te amo
RomanceEmma Swan, ex Sra. Jones, construiu um perfeito relacionamento e um harmônico casamento durantes os dezessete anos que esteve ao lado de Killian. Mas as coisas podem mudar de uma hora para outra, trabalhar a noite toda e voltar só na manhã seguinte...