Prólogo

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Anos atrás

— Sabe, eu não me sinto bem em fazer isso, não é uma coisa ao qual eu estava querendo, para falar a verdade, eu não me orgulho de tudo isso. — Sofy suspirou revelando para Bráulio, seu até então único amigo e um dos empregados do castelo.

Após a posse como rainha, Sofy sentiu-se sozinha, nenhuma daquelas pessoas queria ela como uma governante, seus últimos anos foram conturbados e fizeram com que todas as pessoas do reino a odiassem de uma certa maneira. Ódio é uma palavra forte, mas de certo, Sofy merecia tudo aquilo.

— Mas assim teve de ser feito, não havia outra escolha e nem se quer havia um outro herdeiro na linha de sucessão... — Bráulio falou meio receoso. O homem de meia idade tinha um certo medo de Sofy, mas o que ele não sabia era que o mesmo é uma das pessoas ao qual Sofy mais admira, ela foi o único ao qual não lhe julgou ou fez quaisquer outras coisas. — O que pretende fazer quanto a isso?

— Eu ainda não sei, é tudo tão...

— Diferente. — Completou.

— Sim. — Afirmou ainda suspirando. — Mas pouco me preocupa, bom eu serei um inferno na vida de todos, não terei piedade, aquele malfeitor fez isso comigo, então ele e todos vão sofrer as consequências. — Sentiu-se culpada por dizer e fazer tais coisas, mas de certo era a única coisa que lhe fazia sentir-se liberta de um mal.

— Todos eles? — Bráulio perguntou aflito.

— Não, bom, as escolas e os hospitais eu continuarei ajudando, talvez até melhore tendo em vista que não vou ajudar as outras coisas, talvez segurança, não, isso é essencial. — Pareceu pensativa. — Somente essas três coisas terão a minha ajuda, o Arthur e qualquer coisa referente a ele, nada mais...

— Mas as outras pessoas são inocentes... — tentou argumentar.

— Não me importa, pouco me importa o que essas pessoas pensam, ele estragou minha vida e, agora estou devolvendo, mas todos pagarão por isso...

— Eu vou dizer, mesmo que você mande me matar, mas as pessoas não têm culpa pelo que aquele idiota fez com você, fazer isso com os outros não vai lhe fazer feliz. — Bráulio disse meio receoso, havia um certo medo em suas palavras.

— Você fala isso como se eu fosse um monstro, eu não vou ficar contra a pessoa que eu mais admiro, depois de meus pais, obvio. — Sorriu para ele. — Mesmo que não acredite, você é uma das poucas pessoas que eu admiro e invejo.

— Mas quem sou eu para ser invejado por uma rainha? — Parecia envergonhado.

— Você é meu único amigo até então, me conhece desde que eu nasci, sabe o que eu gosto ou deixo de gostar e acima de tudo é um bom homem. — Olhou-o.

— Me sinto lisonjeado com tal coisa. — Sorriu e lhe deu um beijo na bochecha.

— Mas você bem sabe, tem dias que eu não estou amigável. — Gargalhou.

— Sim... — Sentou-se ao seu lado. — Mas eu sempre estarei aqui quando precisar. — Acolheu-a em seus braços.

...

Anos antes, Sofy havia mandado construir um jardim para si, cheio de rosas vermelhas, essas eram a sua paixão, talvez isto fizesse com que ela a deixasse mais calma e mais feliz. Tudo havia sido feito com a sua supervisão para que saísse como o desejado e como o esperado.

Sentada em um dos banquinhos em baixo de uma roseira ela pensava na vida e em tudo o que estava fazendo e o que estaria por vir, todas as coisas as quais um dia terão de ser feitas e certamente um passado que virá à tona.

Se pôs de pé e arrancou uma de suas rosas e a cheirou, ofereceu aos céus como uma singela e simples oferta, sempre soube que no mínimo gesto haveria um grande feito. A jovem sempre acreditou em Deus, sempre soube que ele era o mais poderoso de todos, acima dele, só ele.

— Que um dia eu possa ser uma pessoa melhor. — Falou para si mesma e encostou a rosa em seu peito, fechando os olhos e suspirando.

Levou a linda rosa até seu quarto e a pôs em um vaso especial, a mesma jurou cuidar todas os dias, regando e as vezes conversando, certamente era a rosa mais duradoura que ela pode ver. 


Primeiro capítulo logo em breve

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