Capítulo 5

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— Hoje vamos trabalhar juntos. — Marcelo disse ao chegarem no castelo. — Bráulio havia me falado que temos algumas coisas para fazer, acho que são mais rosas para serem plantadas. — Pegou duas pás. — Vamos pôr a mão na massa, ou melhor, na terra. — Riu.

— Ontem minha mãe me ligou... — Pegou uma das pás e começaram a andar até uma parte onde seria posto todas as novas rosas, ali seria um belo canteiro, talvez o maio que poderia ver e fazer, entendo em vista que as terras do castelo são extensas.

— O que ela disse? Você não parece estar feliz, parece estar abalado. — Marcelo parecia preocupado.

— Ela nada, mas meu pai... ele tomou o celular das mãos dela e me disse que viria me buscar, ele me trata como se eu tivesse 10 anos de idade, me trata como se eu fosse uma criança, acho isto tão errado...

— Não se preocupe, se ele vier, não poderá te levar, você é dono das suas escolhas e não o seu pai, isto é tão... errado. — Marcelo se preocupava com o amigo. De longe eles se tornaram ótimos amigos, isto fez com que criassem um laço, mesmo com o pouco tempo. — Veja, temos tudo isso para fazer... — Mostrou o imenso canteiro que precisava ser limpo e que logo em seguida seria preciso plantar todas as rosas.

— Tudo isso...? — Pareceu surpreso.

— Sim, tudo isso, mas enquanto fazemos todo o trabalho, poremos a conversa em dia, atrasada por uma noite. — Gargalhou.

— Você fazia tudo isso sozinho?

— Sim, mas as vezes outros jardineiros vinham me ajudar, mas eram raras as vezes, os outros foram despedidos e só sobrou eu, então você chegou em uma boa hora. — Suspirou aliviado. — Eu sou o único que durou mais tempo trabalhando neste castelo, não que eu esteja me orgulhando, mas... — Deu de ombros e sorriu.

— Isso será uma jornada e tanto. — Mikael sorriu. — Bom, se quisermos terminar logo isto, vamos começar agora, urgentemente. — O jovem logo iniciou o seu trabalho e com uma inchada e a pá começou a preparar a terra para receber as mudas das rosas. — Se meu pai souber que eu estou trabalhando como jardineiro, ele nunca me perdoará por isso, mas está chegando uma hora que eu não vou mais me importar com o que ele pensa.

— Você não pode fazer tudo o que seu pai manda, tome as rédeas da sua vida, ele não pode mandar em tudo o que você faz e deixa de fazer.

— Você não conhece ele. Aquele homem é um cabeça dura, fico me perguntando como a mina mãe consegue suportar o jeito arrogante e sem compreensão dele. — Balançou a cabeça de uma forma negativa.

— Mas tenha paciência, um dia ele pode entender o que você quer, mas ao menos dê tempo ao tempo.

— Você diz como se fosse fácil.

— Eu sei que é difícil, mas muitas coisas se resolvem com o tempo...

— Eu sei...

...₪...

Sofy andava de um lado para o outro, dentro de seu quarto, seu refúgio, ela sempre pensava nas coisas e em tudo o que faria para a cidade, ou melhor, para os três pontos da cidade, escolas, hospital e polícia.

Sentou-se do lado de sua janela, o vidro a separava do ar fresco, fez um esforço e a abriu. O vaso comprido com a linda rosa estava no mesmo local. A beleza daquelas rosas era de longe a mais bela já vista, de certo era as únicas que todas as pessoas veriam naquele local, nada mais era tão bonito quanto elas.

Estava pensando no dia em que se encontrou com aquele jardineiro, de certo, ela o rejeitou ao olhar de longe, mas vê-lo cara a cara lhe fez pensar novamente no que poderia ser feliz novamente. Dando aquela rosa como um presente para a tia lhe deixou um pouco feliz, algo dentro de si lhe acendeu novamente.

— Pensando novamente? — Bráulio entrou em seu quarto, ele era o único que poderia fazer isto, entrar em seu quarto sem ao menos dar satisfações ou bater na porta.

— Estou pensando em algumas coisas, coisas as quais não estão condizendo comigo... — Suspirou.

— Quais seriam? — Aproximou-se e sentou em sua cama.

— Antes de ontem, eu estava passeando pelo jardim, quando vi o novo jardineiro, a princípio pensei que ele desobedecia às regras, mas percebi que ele estava somente empolgado com o seu emprego. — A aproximou-se de Bráulio e sentou ao seu lado. — Eu retirei duas rosas, uma para mim e a outra entreguei para sua tia, diante da breve conversa que tivemos. Em meio a tudo isso, eu me senti bem, mas não sei se é impressão ou somente algo do meu subconsciente.

— Acho que de alguma maneira isto lhe fez bem...

...₪...

O horário de trabalho havia sido encerrado. Quando Mikael e Marcelo passavam pela frente do castelo, mesmo que distante, eles olharam para cima e viram a rainha, olhando para o nada e a sua frente a linda rosa, um tanto gasta, mas não muito, mesmo com tudo isso, a sua exuberância era vista de longe.

Por um breve descuido de Sofy, a mesma não calculou os seus movimentos e sem querer encostou no vaso, fazendo despencar lá de cima. Um ato involuntário fez Mikael correr e conseguir segurá-lo a tempo de não cair no cão e de não se partir em mil pedaços.

— MINHA ROSA. — Gritou lá de cima chamando a atenção dos dois.

Mikael rapidamente deixou o vaso no chão, o colocou com cuidado e saiu correndo, puxou Marcelo para que o acompanhasse.

— ESPERE. — Sofy gritou, mas ele não lhe deu ouvidos.

Os dois saíram correndo como se fossem fugitivos.

...

— Eu sinto que fizemos algo errado... — Marcelo disse se sentindo culpado.

— Não entendo...

— Nós saímos correndo como se fossemos fugitivos, o que queria que eu pensasse?

— Era isso ou ficar para ouvir sermões da rainha, o que você queira? — Arqueou uma das sobrancelhas.

— Mesmo assim, nós deveríamos ter ficado, com que cara vamos trabalhar amanhã?

— Oras, como a mesma que fomos hoje. — Mikael fez graça.

— Não é hora para gracinhas, mas espero que tudo corra bem...

— Vai dar certo, apenas seja confiante, bom, não fizemos nada de errado, apenas fugidos de algo de certo...

— De fato...

Ambos foram para suas respectivas casas, talvez o dia tenha sido longo, estressante, aventureiro. Mas de certo, Sofy teria uma dívida com Mikael, pois aquele vaso era da sua avó. O que poderia acontecer diante de tudo isso...? Coisas boas, mas também coisas más, ou não...


Espero que tenham gostado.

Caso não tenha recebido as notificações, leiam o capítulo 4 parte 1 e 2.

Espero que estejam gostando da história, desculpem qualquer erro. 

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Até logo 0/

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