Quase Fera

Capítulo 7 - Parte 2

Sofy

— Nuca vi você se arrumar tanto para um chá da tarde... — Bráulio disse ao entrar no quarto e ver Sofy sentada em frente a penteadeira.

— Bom, acho que estava na hora de eu me arrumar como antes. — Virou-se e sorriu para ele. — Acho que vivi muito tempo presa a mim mesma, mas isto não é uma mudança, eu só estou tentando ficar mais bonita. — Gargalhou.

— Creio que não precisa disto, você é sempre bonita. No entanto, não é o que estou querendo dizer, porque está se arrumando tanto para o chá?

— Na carta eu fiz um convite ao jardineiro, ele virá para o chá da tarde comigo, quero lhe agradecer pessoalmente pelo que ele fez. — Andou até sua cama e logo se sentou. — Faltam algumas horas, então, peça para que os empregados montem uma mesa dentro do meu jardim pessoal, de preferência no centro.

— Mas acha que dará tempo? Precisa de algumas coisas e é um pouco difícil andar com coisas até chegar no centro do jardim. — Parecia pensativo. — Tem mesmo certeza que ele virá?

— É isto ou ele perde o emprego. — Deu de ombros. — Devido a minha nobre fama em toda a cidade, eu me vi obrigada a fazer isso, pois eu sabia que ele não viria.

— Não seja tão cruel com o pobre homem...

— Mas se eu não fizesse isso, ele nunca viria, talvez tem medo de mim. — Andou pelo quarto. — Eu não sou um monstro, mas sei que errei algumas vezes, mas monstro, certamente eu não sou.

— Claro que não é, mas precisamos ser racionais...

— Bom, você poderia ir comunicar aos empregados para montarem a mesa de chá no meu jardim?

— Claro que sim, eu irei fazer isso agora.

Bráulio saiu e comunicou a alguns empregados para que os mesmos fizessem logo o trabalho, ele não queria deixa-la irritada, ainda mais com isto que fez, um convite para um empregado, certamente ela estava mudando, mas até quando? Seria somente algo passageiro ou uma mudança definitiva? Algo que realmente ninguém saberia de fato o que era...

— Marcelo, preciso que você e alguns outros homens montem uma mesa dentro do jardim privado da rainha. — Bráulio comunicou.

— Para o chá com meu amigo? — Perguntou sendo curioso de mais.

— Sim, mas como sabe?

— Eu sou por acaso. — Disse sem graça.

— Bom, não é assinto para nós, portanto, vamos ao trabalho. — Disse.

Algo em Sofy estava diferente, talvez sua aparência, talvez o seu jeito de ser. Algumas coisas se mostravam bem diferente e complexo com a jovem Sofy, seria um novo amor? Seu coração estaria se restaurando novamente?

Andou até o seu armário e pegou uma caixa dourada, colocou-a em cima da cama e abriu, haviam algumas fotos antigas de seus pais e pessoas importantes da sua vida. Olhou algumas fotos e se deparou uma foto sua e de seu antigo amor.

— Você destruiu meu coração... —Disse para si mesma enquanto segurava a foto.

A jovem saiu em disparada até a cozinha, isso deixou as mulheres da cozinha um pouco assustadas, pois ela nunca aprecia por lá.

— Boa tarde... — Cumprimentou-as e assim tudo ficou mais assustador e estranho.

— Boa tarde... — Todas disseram.

— Vocês poderiam ligar o fogo para mim? — Pediu e logo uma das mulheres foi até o fogão e acendeu.

Sofy se aproximou e colocou a foto em cima da chama, talvez chorar não resolva mais nada, mas se desapegar de algo que nunca valeu a pena, foi o certo a se fazer. Algumas lágrimas rolaram, mas algo dentro de si se libertou, mas aquela ainda era a Sofy de sempre, um coração bom, mas massacrado, mas ainda era ''cruel''.

— Um dia eu vou ver você cair, assim como eu caí... — Sussurrou para si mesma.

— O que está fazendo? — Bráulio perguntou ao entrar na cozinha e sentir cheiro de papel queimado.

— Estou fazendo o que eu deveria ter feito a muito tempo, mandando aquele imundo para o inferno. — Sorriu olhando as cinzas se formando em cima de fogão.

— Mas a cozinha vai ficar com cheiro de papel queimado e você também.

— Mas eu fiz uma coisa que deveria ter feito a muito tempo, a muito tempo mesmo...

— Como está se sentindo?

— Bem... — Olhou para o nada. — Acho que uma vez na vida eu estou me sentindo bem sem fazer o mal...

— Isso é bom...

— Meninas, limpem isso... — Disse e saiu em disparada ao seu quarto.

Sofy foi para seu quarto e novamente abriu o seu armário, olhando todas as suas roupas normais até vestidos de festa. Analisou um por um e chegou até um ao qual foi presente de Arthur, seu antigo amor. Pegou-o e olhou para ele, talvez o ódio lhe havia consumido, mas logo em seguida foi para a cozinha.

— Eu sou só tenho um vestido, mas não posso cortar e dividir entre vocês... — Olhou para elas. — Bráulio, tente vender esse vestido ao maior preço que conseguir. — Entregou a ele. — O dinheiro você divide para todas elas. — Disse isso e saiu novamente para seu quarto.

— Eu achei que morreria se ao menos ver você fazer isso... — Bráulio entrou em seu quarto. — Isso foi o certo a se fazer...

— Eu deveria ter feito aquilo a muito tempo, mas eu fui uma idiota, eu realmente fui uma idiota em ter guardado isso por tantos anos.

— Você ainda espera reencontrar ele?

— Não sei, mas se eu encontrasse com ele, não saberia como me sentiria novamente, mas acho que seria melhor, eu acho que me faria bem, serviria para saber se eu realmente esqueci ele, isto é o que eu realmente quero.

— As festividades estão chegando, eu saberei se ele voltará para cá...

— As festividades, essa é a época em que as pessoas as vezes precisam mais de mais ajuda, acho que depois de vários anos, eu posso ajudar novamente... — Um sorriso brotou em seus lábios.

— Isso, eu só acredito vendo. — Gargalhou.

— Eu ainda pensarei, falarão alguns dias até lá, certamente uma semana, no máximo...

— Ao menos isto é um caminho andado.

— Mas ainda não tenho certeza, no mais... tudo está preparado?

— Sim.

Bráulio se retirou do quarto e Sofy descansou um pouco mais antes do chá, deveria assimilar tudo antes de encontrar uma pessoa, precisaria pôr tudo em ordem e eliminar aquilo que sempre lhe fez mal.