Mikael havia saído cedo de casa, iria encontrar com seu amigo em uma cafeteria próximo de sua casa, ao menos agora ele sairia e conheceria um pouco mais daquele lugar. Saiu sem tomar café, ais havia se despedido de sua tia.
— Pontual... — Marcelo se referiu ao ver Mikael entrando na cafeteria e se aproximando. — Achei que provavelmente só conseguiria chegar aqui no outro dia. — Riu.
— Estou morrendo de fome. — Mikael passou a mão na barriga e se sentou.
— Não comeu antes de sair?
— Não, mas se você me esperar eu posso comer alguma coisa e depois saímos, você hoje será o meu guia. — Chamou o garçom e logo ele anotou o seu pedido.
— Onde você quer ir? — Perguntou curioso. — Temos uma cidade um tanto grande, mas se torna pequena quando saímos por aí, então, vamos andando, quem sabe não achamos algo interessante, até porque eu já vi tudo, então para você vai ser um prato cheio. — Sorriu.
— Vocês não têm um ponto turístico ou coisas do tipo?
— Bom, temos a praça verde, você já conheceu. — Ficou pensativo. — Temos também o lago da verdade...
— Como ele é? Mas porque lago da verdade?
— Reza a leda que os moradores antigos levam as pessoas a margem do lago e a faziam beber a água, assim poderia contar toda a verdade. Tudo isso era feito com as bruxas da cidade, elas eram obrigadas a beber a água e assim contavam a verdade ou no caso, tudo o que aqueles queriam.
— Mas isto não é verdade... ou é? — Arqueou uma das sobrancelhas.
— Claro que não, são apenas lendas, eu não acredito nisso.
— É um bom atrativo para a economia da cidade, pessoas sempre veem.
— Também tem o parque ecológico, mas lá é meio sem graça, as pessoas fazem trilhas e muitas outras coisas legais, na cachoeira pode escalar e tomar banho, mas acho arriscado, então essa parte nós vamos pular. — Pareceu analisar ainda mais as possibilidades. Enquanto Mikael tomava café, Marcelo pensava em algum lugar que eles pudessem ir.
— Estamos de folga, então acho que podemos passar o dia andando e conversando. — Mikael sorriu.
De longe eles eram os novos melhores amigos, mas uma aproximação assim poderia atrair maus olhares e as más línguas poderiam inventar coisas que não existem, mas certamente eles pouco se importavam com tal coisa.
— Sabe, nós estamos próximos, mesmo sendo amigos há três dias, mas eu tenho medo das pessoas pensarem coisas que não existem. — Mikael sorriu abafado.
— Eu também tenho medo, mas isso pouco importa, a opinião das pessoas é algo irrelevante, então, não temos com o que se preocupar. — Marcelo deu de ombros. — Nossa cidade é de porte médio, mas mesmo assim tudo o que as pessoas fazem, as outras se importam, a única coisa a fazer é ignorar e manda-las para o inferno. — Gargalhou.
— Acabei... — Afastou a xícara e o prato. —Acho que agora podemos sair por aí e você vai me apresentar a cidade, mas não gosto de lugares agitados ou cheios, vamos as coisas calmas. — Alertou. — Podemos andar até a tarde ou até o anoitecer.
— Então vamos logo, porque a cidade é pequena, mas há muita coisa para ver. — Saíram da cafeteria e olharam para os dois lados da rua.
— Para qual lado iremos? — Mikael perguntou curioso. — Aqui tem coisas antigas? Digo, de outros tempos, outros séculos?
— Sim... — Pensou um pouco. — Deixe-me pensar... — Forçou a memória. — Bom, coisa antiga só temos o castelo da rainha, ele é o mais antigo da nossa cidade, se não me engano ele foi construído entre os séculos XV ou XVI, mas que é antigo, é.
— Algo além daquele castelo, eu sei que não podemos entrar nele, então vamos para algo que possamos entrar, visitar e conhecer.
— No momento eu não consigo me lembrar de nada deste tipo, mas vamos andando, no caminho eu penso. — Seguiu o caminho e Mikael foi atrás. — Vamos até o lago, ele é bonito, tem uma ponte, você verá. — Sorriu.
Saíram andando e Mikael olhava tudo atentamente, todos os jardins das casas, todas as casas. Eles agora não estavam mais na ''zona'' de casas onde eles viviam, estavam agora em uma outra parte diferente, certamente a mais nobre por assim dizer.
— Essa é a área de pessoas mais ricas que nós? — Mikael perguntou.
— Sim, eles moram aqui, todas as pessoas com uma condição financeira boa moram aqui, essa é a parte riquinha da cidade.
— Não é tão diferente da nossa...
— Eu prefiro o nosso lugar, essas pessoas são mesquinhas e horríveis, bom, algumas, mas outras são horríveis, tenho até nojo só em falar. — Tossiu e depois riu.
— Pode ser que sejam ruins, mas pode ser que sejam boas, eu prefiro as pessoas boas. — Deu de ombro.
Continuaram andando um pouco mais e logo chegaram em frente ao grande lago, havia um gramado antes de chegaram de fato a sua margem.
— É tão bonito... — Mikael andou perto. — A água é cristalina. — Olhou e conseguiu ver o fundo do lado, alguns peixinhos coloridos nadavam entre si.
— Ainda há lugares ainda mais bonitos que este, mas de certo, aqui é bom para relaxar, é bom par refletir sobre a vida, também é muito bom para conversar. — Aproximou-se e sorriu. — Mas a essa hora não é bom, o sol ainda está reluzente, mesmo estando frio, é ruim para fazer, não há nenhuma sombra. — Riu abafado.
— Então vamos para outro lugar...
Antes de saírem, Mikael abaixou-se e pegou um pouco da água, gelada e relaxante, assustou alguns peixinhos que nadavam ali perto. Logo enxugou sua mão e saiu acompanhando o Marcelo.
— Para onde iremos agora? — Perguntou curioso.
— Eu ainda não sei, mas podemos andar um pouco mais. — Pensou. — Mas podemos ir à biblioteca do Senhor Arnold. Gosta de livros?
— Claro, mas eu não leio assiduamente, então... vamos lá. — Sorriu.
O senhor Arnold era um velhinho simpático que construiu uma pequena biblioteca, não era necessariamente uma, mas ele fazia dali o seu mundo mágico. Para leitores assíduos, aquele lugar era um paraíso, tudo de bom, as imaginações fluíam quando estavam ali.
— Aqui está, o paraíso dos livros, bom, podemos achar um que mostre alguns pontos da cidade. — Apresentou ao chegaram em frente a pequena livraria com ar de biblioteca. — Senhor Arnold... — Marcelo chamou-o ao entrarem no local.
— Estou aqui... — O senhor um tanto baixinho saiu de trás de uma cortina. — A que devo a honra de sua visita e, quem é o seu amigo?
— Sou o Mikael... — Aproximou-se e apertou sua mão.
— O que procura? Quer algum livro de histórias? Um clássico da literatura? Ficção?
— Não necessariamente, estamos procurando algo que nos mostre alguns pontos turísticos ou coisa do tipo.
— Mas para isso precisariam de um mapa, mas como eu sei que o jovem Marcelo conhece essa cidade com a palma da mão, então eu lhes diria para irem ao casebre da bruxa, lógico, se estiverem atrás de antiguidades e coisas dos séculos passados. — O Senhor Arnold parecia conhecer tudo como se fosse um mapa ambulante.
— Porque casebre da bruxa? — Aquele nome pareceu assustar
— É um chalé onde era o lar de algumas bruxas, elas viviam aqui em nossa cidade a mais ou menos 300 anos. Todas elas foram julgadas e executadas em praça pública e o lar delas foi imortalizado e transformado em museu. — Buscou um cartão e entregou ao Marcelo. — Aí está a localização do chalé, fica aqui pertinho, dá para ir a pé, ele recebe vários visitantes por dia, turistas e muitas outras pessoas.
Antes de decidirem o próximo local para ir, ou talvez o casebre da bruxa, pararam na mesma cafeteria para fazer um pequeno lanche.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quase Fera
Short StoryTalvez uma história que nunca foi contada, talvez algo lhe faça lembrar o que realmente se passa. Uma jovem garota, amargurada pelos traumas de seu passado. Tristezas e choros fizeram com que a jovem Sofy vivesse amargurada desde a sua adolescência...