Eu acreditei que aquele seria um ano tranquilo e repleto de coisas boas, e de fato foi, mas não pensei que minha vida viraria de ponta cabeça dessa forma. No início foi legal, eu não acreditei que o que Lex me dizia era real, me recusei a acreditar...
Eu cheguei a deixar Vestígios pra você me achar. Foi assim, te entreguei meu coração devagar Eu tentei te roubar Aos poucos pra você notar que fui eu, Te guardei onde ninguém vai tirar. Carla, Gustavo Mioto
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
02 de agosto de 2016, Terça-feira.
PASSEI PELA PORTA SECJ e observei o segurança sorrir discretamente enquanto eu subia a escada. A essa altura acho que todos os funcionários tinham se acostumado Kile e eu chegando uma hora antes do curso começar.
Kile estava de costas, arrumando algo na mochila, concentrado. Me aproximei devagar e silenciosa com as mãos levantadas para...
— Ia me assustar? — perguntou rindo.
— Ah, valeu por estragar a chance! — reclamei dando um chutinho em seu pé. — Você vai sair? — reparei que ele organizava alguns livros em cima da cadeira.
— Tenho que ir na biblioteca devolver os livros.
— Na biblioteca? Sempre quis saber onde fica, nunca fui lá! — Kile me olhou sem acreditar no que eu estava dizendo e eu ri. — É, eu tinha que comprar os livros que queria ler ou procurar na internet respondi dando de ombros.
Ele olhou para os livros e para o chão por um tempo, provavelmente pensando em como era possível eu nunca ter ido na biblioteca da cidade.
— Você... quer ir lá agora? — perguntou inseguro.
— Claro! — disse com um sorriso.
Dessa vez optamos por levar as mochilas. Segundo meu amigo a biblioteca ficava duas ruas acima e três ruas atrás do SECJ, então caminharíamos um pouco. Caminhamos lado a lado na calçada desviando da massa de pessoas apressadas. Parei de repente com o olhar fixo em um cartaz pregado na vitrine de uma loja.
— O que foi? — Kile perguntou voltando quando percebeu que eu não estava ao seu lado.
— Nada demais. É que uma autora famosa vai estar na cidade em um festival literário e eles estão trocando livros por ingressos — expliquei.
— Onde?
— Hummm... Parece que nestas lojas — apontei para a lista no cartaz.
Kile leu os nomes e se afastou para ler o letreiro da loja.
— Parece que é aqui — apontou para frente. — Quer entrar e perguntar?
Olhei para o interior do estabelecimento e vi duas garotas lindas dobrando algumas peças de roupas. Pensei no meu coque desajeitado e meu tênis surrado, que provavelmente faria com que elas me olhassem como se eu fosse um ET. Olhei as manchas na calçada antes de erguer os olhos e encarar Kile. Balancei a cabeça dizendo que não.
