Avonlea sempre foi uma cidade um tanto entediante que segue sua rotina interrupta por décadas.o cinema raramente passa filmes que estão em cartaz naquele momento em qualquer outro lugar do mundo, sempre repetem os mesmos filmes que eram transmitidos durante o período da Guerra Fria.
as lojas familiares que foram passadas de geração para geração também é uma tradição em Avonlea, para que se arriscar com mudanças quando se pode manter o clássico e confiável ?
todos os dias, os sinos da igreja, encontrada bem no centro da cidade, batem às seis da manhã, meio dia e seis da tarde, com 12 longas e lentas badaladas, ninguém pode arranjar uma desculpa para se atrasar por aqui.
é como se essa pequena cidade tão longe de qualquer outro lugar do mundo tivesse congelado, mantendo os seus habitantes em uma espécie de loop temporal, por ora no século XIX, por outra, no século XXI.
suas casas, edifícios e construções continuam tão novos e preservados quanto na semana seguinte de sua construção. não estava brincando quando disse que os moradores mantinham suas tradições, mudar a casa onde seus bisavós nasceram e foram criados seria como mudar a história de sua família e para eles, isso resultaria em jogar tudo aquilo que seus familiares que vieram antes dele fizeram no lixo.
quase ninguém se muda para cá e é quase impossível alguém se mudar daqui, mas como qualquer outra pequena ou grande cidade, Avonlea tem suas particularidades, algumas coisas que a torna única.
com certeza Anne Shirley-Cuthberth faz parte de uma dessas coisas. eu sei que cada pessoa é diferente uma da outra e que isso as tornam diferentes, mas Anne é tão diferente dos outros que isso chega a ser um tanto estranho. ela é o próprio espírito gentil que sonha em conhecer um dia, ela é aquele tipo de pessoa que você sonha em ter como melhor amiga na infância e em qualquer e todo momento da sua vida.
agora, irei falar um pouco sobre um elemento muito importante da nossa história, porque ele pode não fazer parte do enredo principal, mas se ele não estivesse lá onde tudo começou não existiria o enredo principal, senhoras e senhores, com vocês: Jerry Baynard. guardem as minhas mais sinceras palavras: vocês irão se identificar com ele em algum momento da nossa história, não importa a sua idade, gênero ou qualquer outro fator discriminante, ele está se moldando de diversas formas o livro inteiro e se tornando a cada vez a melhor versão de si mesmo que ele poderia ser.
Diana Barry. o que podemos falar sobre a nossa querida Diana Barry? ela está sempre tão envolta em fases que ás vezes nem mesmo ela sabe quem é, mas ela com certeza sabe o que não quer ser em nenhum momento: a sua mãe. ela detesta o fato de que sua mãe casou apenas por conveniência, engravidou de Diana e foi indiretamente obrigada a casar com um homem de classe média alta que poderia dar uma vida mais que confortável para a sua família. "o que seria de você cuidar de uma criança sozinha? algumas mulheres podem até tentar, mas você é fraca demais para isso". como você seria se tivesse que viver sabendo que a sua mãe poderia estar sendo feliz fazendo o que quisesse mas não está por sua culpa?
Ruby Gillis pode até parecer fácil de descrever, mas o que aquela garota tem de sensível, ela tem de profunda. mesmo tão nova e parecendo tão boba, infantil e fútil, Ruby sempre tenta prestar atenção em tudo ao seu redor e ela, mais do que a maioria das pessoas, sabe em que mundo vive, em um mundo onde as pessoas te julgam, te persegue e te matam por quem é ou por coisas em que você acredita e tem medo de que se falar as coisas que pensa em voz alta, as pessoas vão achá-la incrivelmente idiota. ela quer mudar o mundo de alguma forma, mas como conseguiria passar por cima de cabeça levantada se não consegue suportar seus próprios pensamentos sobre si mesma?
Marilla e Matthew Cuthberth cresceram em uma época em que a cabeça das pessoas eram muito fechadas sobre tudo. mulheres só podiam cuidar da casa e dos filhos, no máximo podiam ser enfermeiras ou professoras, as artistas em geral eram consideradas vadias e toda mulher que preferisse montar sua carreira profissional do que sua família era chamada de mal amada. por isso, eles sempre tentaram mostrar para Anne que ela poderia ser o que quisesse e quando quisesse. mesmo tão diferentes um diferentes um do outro eles são irmãos, um sempre esteve ao lado do outro sem exceção e isso não é algo que a história vai mudar.
e por fim, mas não menos importante, o tão adorado Gilbert Blythe, o garoto do sonho de quase todas as garotas e quem você adoraria ter como genro, mas se eu me recordo bem, já comentei aqui que ele não é apenas esse rostinho bonito que se vê de cara e também não é só um grande gênio do colegial, ele é uma pessoa, uma pessoa real, não uma coisa qualquer que possa parecer feito em uma máquina ou por uma dinâmica social idiota. uma pessoa com emoções, sentimentos e todo o resto de coisa que um ser humano possui. um garoto de 15 anos. apenas peço para que não esqueçam disso durante a nossa história.
porque daqui em diante não temos um livro focado em apenas duas pessoas, mas em uma parte importante de uma cidade que você não daria nada por ela.
• • •
passei 3 dias escrevendo esse capítulo só pra ter certeza de que estaria realmente bom quando eu postasse
espero que tenham gostado :)
VOCÊ ESTÁ LENDO
iheay - shirbert
Fanficsempre houve uma linha tênue entre o amor e o ódio e essa linha pode ser atravessada de um lado para outro em pouco tempo, em poucos instantes, para ser mais exata. de repente, aquela pessoa que não aguentamos ouvir o nome se transforma no alguém qu...