"A habilidade suprema não consiste em ganhar cem batalhas, mas sim em vencer o inimigo sem combater"
- A Arte Da GuerraJulho de 2000
— Ei, Kitty* — uma voz feminina e alegre cantarolou assim que Catarina pôs os pés na cozinha do Burned Souls — Você vai jogar com a gente hoje, não vai?
Cat encarou os cunhados que estavam sentados ao redor de uma mesa com cartas de baralho na mão, Freya — a irmã mais nova — costumava ter uma certa admiração por Catarina, ela tinha um sorriso lindo e contagiante, os cabelos castanhos eram cortados na altura do queixo e ela carregava o ar jovial de seus vinte anos recém completos, ao lado direito dela estava seu irmão e fiel escudeiro Wassily, apenas um ano mais velho, ele era uma versão masculina da caçula. Também sentado na mesa estava Archie, o segundo mais velho, ele levantou o olhar para Catarina e a cumprimentou com um leve sorriso, depois voltou a atenção para o jogo, trocando de lugar uma das cartas que tinha na mão.
— Você prometeu, Cat — Freya disse fazendo um beicinho e Catarina percebeu que não tinha respondido a pergunta dela.
— Talvez outra hora, Freya — Catarina respondeu, depois se aproximou alguns passos da mesa — Wassily, você fez o que eu pedi?
Ele olhou para Cat como se ela tivesse acabado de acorda-lo, piscando os olhos e com a testa franzida.
— Ah — ele disse, suavizando a expressão, depois levou a mão até o bolso da calça e tirou de lá duas folhas de papel dobradas várias vezes até ficarem no formato de pequenos retângulos, ele as estendeu para Cat.
— É a sua vez de enfrentar "O Inferno"? — perguntou Archie sorrindo de lado e erguendo uma sobrancelha loira.
Catarina soltou um suspiro forçado e todos caíram na gargalhada, exceto Freya que franziu o cenho confusa.
— "O Inferno"? — perguntou.
— É a vez da Cat fazer as compras — Wassily respondeu enquanto depositava uma carta no centro da mesa, Archie xingou baixinho e ele riu.
O som de passos na escada tirou a atenção dela dos jogadores, Luken vinha descendo os degraus lentamente, cantando alguma canção de forma baixa e suave, ele sempre teve uma linda voz, capaz de silenciar e hipnotizar os ouvintes, a prova disso ele carregava no colo naquele momento, Ash olhava para o pai totalmente concentrado, como se a música fosse a coisa mais interessante que ele já havia presenciado nos seus onze messes de vida, e provavelmente era.
— Ah, meu anjinho! — disse Cat alegremente, o bebê se virou para ela e acabou derrubando sua girafa roxa de pelúcia ao estender os braços, ele abriu e fechou as mãozinhas várias vezes indicando que queria passar para o colo dela, Ash havia aprendido a andar surpreendente rápido, mas ainda falava pouca coisa, por isso ainda se comunicava com esses tipos de sinais que os bebês fazem. A primeira vez que Wassily vira Ash andando, ele havia feito uma piada do tipo "os espertos aprendem a correr antes de aprender a pedir desculpas" isso tinha acabado com Catarina dando um tapa forte na parte de trás da cabeça do cunhado.
A Caçadora pegou o filho no colo e beijou a bochecha gorducha, Luken havia recuperado a "Girafa Alienígena" de Ash e agora a estendia para ele, o bebê abraçou a pelúcia e esfregou o rostinho nela, um gesto que Catarina achou extremamente fofo, mas tentou não demostrar. Ela levantou o olhar para o marido, que tinha um imenso sorriso no rosto.
— O que foi?
— Só estava pensando no quanto você parece adorável quando olha para Ash — O sorriso de Luken se expandiu ainda mais.
— Vai se ferrar, eu não sou adorável — retrucou Catarina, estendendo o garotinho para que o pai o pegasse no colo, Ash soltou um resmungo de protesto.
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Entre o precipício e os lobos
WerewolfAsh Granville com apenas 17 anos já era um talentoso caçador de lobisomens do Oregon, quando completasse seu 18° aniversário, os caçadores iriam elege-lo como o novo líder. Mas ele tinha outros planos: fugir para o mais longe possível da família que...