15 - Salve-me dos segredos incomensuráveis

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Fevereiro de 2001

— Você... — as mulheres se encararam com expressão de choque nos belos rostos, o homem que estivera acompanhando Catarina as olhou com cenho franzido.

— Vocês se conhecem? — ele perguntou um pouco animado demais, provavelmente pensou que elas fossem amigas.

Peeira se recompôs primeiro, ela abriu um largo sorriso e se colocou ao lado da Caçadora, enroscando o próprio braço no dela.

— Obrigada pela sua ajuda, senhor Graham — Peeira disse, Catarina sorriu para disfarçar o nervosismo, seu coração tinha duplicado a velocidade das batidas, ela queria sair correndo, mas a Loba mantinha firmemente o aperto — Eu cuido da senhora Granville a partir de agora.

A Caçadora foi praticamente arrastada para fora da área de descanso, enquanto os outros funcionários observavam a cena com seus copos de café nas mãos, Peeira andava com passos firmes por um corredor, Catarina tentou soltar-se, mas foi em vão, a outra nem sequer olhou para ela e não parecia estar fazendo nenhum esforço para prende-la.

A chefe empurrou a nova funcionária para dentro de uma sala e fechou a porta atrás de si, Cat tropeçou nos saltos do sapato social, mas conseguiu se manter em pé, ela notou que estavam em um escritório, a parede do lado esquerdo era feita de vidro, fornecendo uma linda vista da cidade e iluminando todo o ambiente ali dentro, uma poltrona de couro branco estava posicionada atrás de uma mesa retangular com tampo também de vidro, Catarina podia facilmente imaginar Peeira sentada naquele lugar com as pernas cruzadas e balançando o pé calçado com scarpin preto, então imaginou que aquele fosse o escritório dela.

Catarina se virou para ela, que permanecia com as costas apoiadas na porta, elas se encararam como dois gatos prestes a iniciar uma briga, até que Peeira finalmente disse alguma coisa:

— O que você está fazendo aqui?

— O que eu estou fazendo aqui?! Esse é o meu trabalho, eu fui contratada. — Cat disse sem quebrar o contato visual.

— E quem foi que contratou você?... espera, eu já seu quem foi.— Peeira respirou fundo, provavelmente se imaginando com as mãos em volta do pescoço do pobre coitado que havia contratado a Caçadora — Mas não importa, porque você está demitida.

A Loba abriu a porta e se afastou, esperando que a mulher saísse, esta caminhou em direção a saída mas parou. Não poderia desistir tão facilmente.

— Não — disse Catarina, fechando a porta e se virando para olhar nos olhos da outra.

— Não?! — Peeira disse exasperada — Eu sou a sua chefe e estou demitindo você!

— Eu não… — Cat respirou fundo e abandonando todo o orgulho que tinha ela continuou — Não posso ser demitida.

— É claro que pode, inclusive é exatamente isso que está acontecendo agora. Então por favor saia!

Peeira apontou na direção da porta branca do escritório, para Catarina era como se estivesse apontando para sua cova.

— Escute, você pode não acreditar nisso, mas eu estou tentando sair da Caçada e esse emprego é a melhor chance que eu tenho de conseguir isso.

— Você tem razão, eu não acredito nisso — disse a Loba cruzando os braços.

— Não importa, a única coisa que eu quero que você acredite é que eu estou aqui apenas para fazer o meu trabalho e nada mais, você não tem razão para me mandar embora por isso — argumentou a Caçadora.

— Você é uma ameaça a minha segurança e a de meus funcionários, como espera que eu confie em você? — a Loba retrucou.

— Como eu posso confiar em você? Até onde eu sei você também é uma ameaça a minha segurança.

Entre o precipício e os lobosOnde histórias criam vida. Descubra agora