17 - Quando começa a batalha

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"O mais importante em uma guerra é a vitória e não a persistência.[...]"

- A Arete da guerra (Sun Tzu)

Setembro de 2000

Freya bateu insistentemente na porta, Catarina já sabia que era ela pelo som característico de seus dedos surrando a madeira rápido demais, ela sempre batia apesar de nunca esperar uma resposta.

— Kitty, está acordada? — Ela disse entrando no quarto e sentando-se na beirada da cama cutucando a cunhada na bochecha com o dedo indicador.

Catarina não se deu ao trabalho de se mover da posição em que estava deitada com as mãos entrelaçadas acima do estômago, mas sorriu discretamente, ela conhecia bem demais aquela mulher para identificar o estado de espírito dela apenas pelos sons dos passos.

— Posso saber o que é tão urgente para você me tirar do meu humilde descanso?

Freya hesitou, o que fez Cat abrir apenas um dos olhos para observá-la.

— Desculpa, sei que está cansada do trabalho. Na verdade Luken nos proibiu de perturbar você sob ameaça de levarmos uma surra — Ela colocou uma mecha do cabelo curto atrás da orelha — Mas ele não seria tão louco a ponto de tentar.

Aquilo era verdade, Luken era mais do tipo que ladra mas não morde, principalmente quando se tratava dos irmãos, Catarina não pode deixar de imaginar os Granville como cachorrinhos filhotes mordendo as orelhas uns dos outros e sorriu.

— A propósito, como foi seu primeiro dia? — Freya se levantou e foi até uma cômoda com gavetas tortas, mas parecia realmente interessada em ouvir o que a outra tinha para dizer.

Cat se virou de lado para observá-la, apoiando a cabeça na mão esquerda enquanto firmava o cotovelo na cama, ela estava usando uma blusa rosa clara que deixava a maior parte das costas dela a mostra e consequentemente a tatuagem recém completa: uma roseira que começava nas omoplatas e subia até se espalhar pelos ombros com os espinhos e rosas vermelhas se enroscando harmonicamente. A vida é assim, dizia ela, bela e cruel, é claro que a Granville caçula era jovem demais para saber a veracidade de suas palavras, ela só estava tentando achar um significado para a tatuagem que ela havia feito simplesmente por achar o desenho bonito. Apesar de que Catarina não era muito mais velha e sabia muito bem o quão certa era aquela sentença, gostaria de poder contar tudo a ela: sobre a Loba que havia deixado escapar e agora era sua chefe, sobre o desejo de deixar a Caçada, além de todas as suas outras preocupações e angustias, sabia que Freya iria entender, mas olhando para ela agora enquanto entortava a ponta de algumas cartas do baralho de Luken, percebeu que não poderia envolver mais uma pessoa que amava em seus problemas.

— Freya, você veio até aqui só para preparar a sua próxima trapaça?

— Não. Vista uma roupa de gente normal, você vai sair comigo.

Catarina olhou para o blazer e a saia que estava usando, ela estivera tão emocionalmente esgotada quando chegou do trabalho que se jogou direto na cama sem se importar em trocar de roupa.

— Eu acabei de chegar Freya e ainda nem vi como Ash está — Catarina protestou.

— Ash está bem — Ela disse já se encaminhado para fora do quarto — Está se divertindo lá em baixo com as outras crianças.

— Que outras crianças? — Perguntou confusa, ela achava que o filho era a única criança que pisava naquela casa em anos.

— Você vai ver. Vou estar esperando no carro — Anunciou Freya, depois bateu a porta sem esperar um novo protesto.

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⏰ Última atualização: Oct 27, 2019 ⏰

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